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O caso Feldmann PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 11 July 2012 22:07

 

 

Olá fãs do automobilismo.

O meu paciente desta seção está passando por um problema que é algo extremamente complexo, especialmente por não termos maiores informações sobre o “real motivo” do que está acontecendo. Estou falando do mal explicado caso do suposto (suposto – porque, no caso, não houve exame para constatar e/ou confirmar – caso de doping do piloto da Stock Car, Alceu Feldmann).

 

Relembremos o caso: Durante a quarta etapa da Stock Car, realizada no Velopark no início de maio, o piloto da equipe Shell Racing, do “Imperador de Petrópolis”, Andreas Mattheis, foi sorteado para fazer a coleta de material para o exame antidoping da categoria. Alceu, alegando que estava tomando uma medicação de reposição hormonal, com conhecimento do Dr. Dino Altmann, médico da categoria e da Fórmula 1 no Brasil, recusou-se a fazer o exame, afirmando que, caso o fizesse, uma das substâncias, que está na lista de substâncias proibidas pela WADA (Agência Antidopagem no Esporte), que cuida também do esporte olímpico.

 

Cerca de 20 dias depois – e após a realização de mais uma etapa da categoria, em Ribeirão Preto – o ocorrido em Nova Santa Rita chegou ao conhecimento do público... em mais uma “derrapada” da CBA e da VICAR (depois eu explico porque coloco a promotora da categoria no âmbito da responsabilidade), através do jornalismo investigativo do site Grande Prêmio – para mim o melhor do país – e que obrigou todas as partes a se manifestar.

 

  

 

Alceu informou, através de um comunicado à imprensa, que há mais de dois anos, possuía uma autorização (verbal e por e-mail) do diretor médico da Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA) – Dr. Dino Altmann – e de outros especialistas indicados pela entidade para tomar um medicamento, que, inclusive, não traz nenhum tipo de benefício físico para a prática do esporte. Desde então, estava no aguardo uma TUE (Therapeutic Use Exemptions), autorização oficial para uso do medicamento contendo a substância.

 

Por sua vez, o Dr. Dino Altmann informou que não teria como “defender o piloto”, uma vez que, como o piloto recusou-se a fazer o exame antidoping na etapa do Velopark da Stock Car. O médico também disse que a CBA estava de acordo com a situação do competidor, mesmo que o formulário oficial – de responsabilidade da Agência Brasileira Antidoping – não tivesse sido expedido, e que isso foi passado para o assessor de imprensa do piloto foi informado das implicações.

 

A consequência imediata foi uma suspensão de 30 dias para o piloto – bastante “conveniente”, uma vez que a etapa seguinte só ocorreria depois que a suspensão expirasse. Mas Alceu ficou impedido de participar de uma etapa da Copa Petrobras de Marcas. A CBA, como lhe é peculiar, esquivou-se de qualquer responsabilidade, afirmando – através do seu presidente, Sr. Cleyton Pinteiro – que “a responsabilidade sobre o caso era do STJD, onde os assuntos jurídicos devem ser resolvidos”. A WADA, por sua vez, recomenda que as punições por recusa sejam equivalentes ao caso positivo de doping, ou seja, dois anos.

 

 

 

Alceu Feldmann teve mais de 30 dias para estruturar sua defesa, após a suspensão, enquanto isso, a CBA – uma semana antes da etapa de Londrina, divulgou a seguinte nota: “A CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE AUTOMOBILISMO comunica que na data de 25 de junho de 2012 a Comissão Disciplinar do Superior Tribunal de Justiça, órgão autônomo e independente, na forma do disposto no artigo 52 da Lei, nº 9.615/98, houve por bem, por decisão do auditor relator, Dr. Gérard Philipe Filizzola de Medeiros, em respeito ao princípio da ampla defesa e do contraditório, deferir o requerimento de adiamento do julgamento formulado pelo Piloto Alceu Elias Feldman Filho, por negativa de realização de exame antidoping, tendo a audiência sido remarcada para o próximo dia 3 de julho de 2012”. Ou seja, o julgamento do piloto foi postergado, garantindo assim que ele pudesse participar da etapa paranaense da outrora chamada “capital do café”.

 

A postergação pareceu uma manobra, mas com que sentido? Dois dias depois da etapa da Stock Car em Londrina a Comissão Disciplinar do STJD julgou o caso Alceu Feldmann... e condenou o piloto a dois anos de suspensão por ter se recusado a ceder o material (urina) para o exame na etapa do Velopark. Onde estaria o problema da questão, uma vez que, apesar da TUE (Therapeutic Use Exemptions) não ter sido emitida, a mesma seria para uma substância específica. A partir do momento em que Alceu Feldmann recusou-se a fazer o exame, ele deixou de ser testado para toda e qualquer substância da lista da WADA. Talvez Alceu tivesse como se defender caso a substancia para qual ele pediu a TUE tivesse sido detectada e a única detectada. 

 

Ao processo cabe recurso, mas qual seriam os argumentos de defesa que Alceu poderia vir a usar? Inicialmente, ele usou outro meio! O piloto conseguiu um efeito suspensivo e, enquanto o caso não for julgado em tribunal, ele poderá continuar correndo. O Diretor-médico da CBA, Dino Altmann, poderia vir a ser este pilar da defesa no recurso – sim, a decisão cabe recurso e certamente o piloto vai pedi-lo – uma vez que havia um parecer favorável a Feldmann já enviado à Agência Brasileira Antidoping, mesmo sem a TUE ainda ter sido expedida. Porque será que este documento leva tanto tempo para ser expedido?

 

 

 

Alceu Feldmann é um empresário de sucesso. Um apaixonado por automobilismo que conseguiu fazer o que seria o sonho de muitos dos nossos leitores: tornar sua paixão uma realidade e sair da arquibancada ou da poltrona em frente à TV para a pista. Ele tem como continuar sua vida, pagar suas contas, sobreviver a um período longe do automobilismo e repensar sua vida, seus atos, reorganizar-se para o futuro. Quem sabe até receba o mesmo benefício dado à Tarso Marques, que teve a pena reduzida pela metade e cumpriu apenas um ano de suspensão.

 

O surpreendente é que, provavelmente sendo apenas uma coincidência, em menos de três meses outros dois casos de doping foram constatados no automobilismo: um na Europa, outro nos Estados Unidos.

 

O caso europeu é relativamente semelhante ao que ocorreu aqui no Brasil: Tomas Enge, piloto do FIA GT, o campeonato mundial de Gran Turismo foi pego no exame antidoping realizado na terceira etapa do calendário, em Navarra, na Espanha. A divulgação do exame, assim como no caso de Alceu Feldmann, levou pouco mais de 20 dias.

 

O piloto da Reither Lamborghini disse estar chocado com o resultado do exame e afirmou que tem sido muito cuidadoso com o doping após a suspensão de dez anos atrás. Sim, Enge seria um reincidente: em 2002, o jovem e promissor piloto tcheco foi pego por uso de maconha. Suspenso, sua carreira, que tinha boas perspectivas de levá-lo à Fórmula 1 simplesmente desmoronou. Enge levou anos para conseguir se reestabelecer como piloto de competição, mas conseguiu.

 

 

 

Enge alegou que sofre com problemas de saúde e, por isso, solicitou uma liberação especial da FIA para poder utilizar um medicamento que consta na lista de substâncias proibidas: uma TUE, assim como Alceu pediu. Contudo, o documento não foi emitido até o exame ser feito. Agora, Tomas Enge busca meios de descobrir como se defender. A grande diferença dos casos é que o piloto do campeonato mundial de gran turismo participou do exame, colhendo o material para o mesmo. A continuação do processo de Enge ainda não teve nenhum desdobramento até o fechamento desta coluna.

 

Quem também teve problemas com substâncias consideradas ilegais foi o piloto da equipe Penske, na NASCAR, AJ Allmendinger. O anuncio foi feito pela própria assessoria de imprensa da categoria na véspera da prova de Daytona. O piloto teve detectada alguma substância – que a NASCAR não divulgou – e a equipe foi comunicada de que ele não poderia participar da prova e que estaria suspenso até segunda ordem.

  

As coisas são diferentes nos Estados Unidos. Lá o piloto tem procurar os meios para provar sua inocência e, neste caso, seria solicitando um exame de contraprova, que deve ser solicitada em até 72 horas após o piloto ser notificado. Allmendinger providenciou o pedido da contraprova e a mesma será feita em breve.

 

 

 

No caso de Allmendinger, houve uma série de manifestações explícitas de apoio ao piloto. A Equipe, pilotos que correram com ele nas categorias de base e que hoje ainda correm com ele na NASCAR. O piloto nega ter tomado qualquer substância ilícita, mas a sua empresária declarou recentemente que há uma possibilidade de que o piloto tenha tomado algum tipo de estimulante. Os próximos passos e suas consequências nós ainda iremos saber.

 

Voltando à nossa realidade no Brasil e no caso Alceu Feldmann, seria de extrema importância o piloto buscar não se abater com o ocorrido, por pior que o cenário possa parecer. Um ‘mea culpa’ e uma retratação perante as autoridades brasileiras. É importante ser forte agora e, se desejar retomar a carreira, manter a preparação física e mental para voltar em alto nível. Da minha parte, meu divã estará sempre à disposição!

 

Beijos do meu Divã,

 

Catarina Soares

 

p.s Muito legal a recente declaração de Felipe Massa dizendo que procurou ajuda psicológica para reencontrar-se profissionalmente. Fiquei lisonjeada! Força Felipe, você pode fazer ainda mais.

 

 

Last Updated ( Sunday, 15 July 2012 20:16 )