Olá fãs do automobilismo,

Ao longo da história da Fórmula 1, alguns ‘episódios esquisitos’ dentro de diversas equipes mostraram uma determinada predileção por um ou outro piloto, mesmo que as vezes estas escolhas tenham sido contra pilotos que teriam mais chance de sucesso do que os pseudoescolhidos.

Um grande exemplo disso (graças à pesquisa aqui mesmo no nosso site, na seção ‘Setor G’), em 1957 a Ferrari preteriu ninguém menos que o tetra campeão do mundo Juan Manuel Fangio, que acabou trocando de equipe, indo para a Maserati já com a temporada iniciada (nos dias de hoje, acredito que isso não seria mais possível). O argentino mostrou que era ‘mais piloto’ do que os pilotos escolhidos pelo Comendador e conquistou o penta campeonato com direito a um show em Nurburgring.

Outros casos conhecidos tem fortes lembranças para o automobilismo brasileiro, começando com a disputa de Nelson Piquet contra o ‘império britânico’, posteriormente o ‘calvário’ de Rubens Barrichello com Michael Schumacher na Ferrari e atualmente a imposta subseviência  de Felipe Massa para o benefício de Fernando Alonso.

Quando vi a lista dos pacientes desta segunda-feira pensei: estava demorando para ele aparecer por aqui. Afinal, ainda faltam 8 etapas para o final da temporada e entre os pilotos da equipe, é ele quem tem mais pontos... se bem que, num passado recente, na mesma situação e lutando contra os mesmos adversários – os de dentro e os de fora da equipe.

Mark Webber e Helmut Marko em 2010: o inimigo morava ao lado e o australiano nem desconfiava dos problemas que teria. 

Em 2010, Mark Webber tinha tudo para ser campeão do mundo. O promissor Sebastian Vettel era instável, inconstante, mas contava com uma feroz proteção por parte do ‘consultor’ da equipe, Helmut Marko, que em momento algum pareceu apoiar o piloto australiano – muito pelo contrário – pelo menos nas suas declarações à imprensa.

Não se pode negar, e Mark Webber sabe muito bem disso, que ele cometeu um erro de uma enorme imprudência quando foi praticar montain bike, um de seus esportes favoritos, e sofreu um acidente que o prejudicou fisicamente para a reta final do campeonato. As dores, claro, afetaram seu desempenho, mas outros fatores também agiram.

Na vitória em Silverstone / 2010, Webber foi preterido na instalação de uma nova asa dianteira. Mesmo assim, venceu a prova. 

O ‘gran finale’ deu-se na etapa Abu Dhabi, quando o carro do australiano simplesmente “não andou”, enquanto o carro de Sebastian Vettel voava para a vitória e a Red Bull vencia a mítica Ferrari e seu primeiro piloto, Fernando Alonso. Naquela temporada, a equipe austríaca mostrava-se superior à italiana, mas a qualidade do adversário vestido de vermelho buscava nivelar as coisas.

Passado o choque da perda, 2011 foi um ano em que Mark parecia estar se recuperando de uma daquelas derrotas que D. Quixote de La Mancha, famoso personagem do escritor Miguel de Cervantes que enfrentava inimigos inimagináveis em sua luta para conquistar seu “título”, que era o amor de sua musa Dulciéia. No ano passado, Vettel foi o completo dominador da temporada, não dando a menor chance, fosse para Mark, fosse para quem fosse, de ameaçar o seu domínio.

Praticante do Montain Bike, Webber sofreu um acidente 'com suas rodas' que pode ter lhe custado o título daquela temporada. 

Já neste ano de 2012 o cenário mudou de cores. Desde os testes pretemporada na Espanha, o australiano parecia estar ‘mais adaptado’ ao novo carro. Este tipo de coisa acontece. Um caso clássico é a Ferrari de 2003, um carro que não tinha ‘a cara do Schumacher’ e o alemão sofreu para conquistar o título da temporada, bem diferente dos carros de 2002 e 2004.

Nas primeiras provas do ano, uma temporada que manteve-se, digamos, equilibrada até a sua metade, Mark Webber foi mais constante e, na maioria das provas e treinos, esteve à frente de Sebastian Vettel, fazendo com que o ‘consultor’ Helmut Marko levantasse a questão da “cláusula de performance” que existe (?) no contrato do piloto alemão, numa talvez tentativa de colocar a própria equipe em uma condição desconfortável, fazendo-a trabalhar em função do jovem bicampeão onde – hipoteticamente falando – no cenário que então se apresentava, o veterano companheiro de equipe voltava a levar vantagem.

Depois de um 2011 'pra esquecer', 2012 começou com um domínio sobre o bicampeão e companheiro de equipe, Vettel. 

Agora, na segunda metade do campeonato, depois de três provas após o retorno do GP do Canadá, “coisas estranhas” passaram a acontecer com o carro número 2. Sempre surge um problema na classificação e a equipe, precisa fazer um grande esforço – bem como o piloto – para recuperar o terreno perdido no sábado. Ainda assim, Webber venceu na Inglaterra, mas e daí?

Apesar de ser o adversário mais próximo do líder do campeonato, é com ele que todos os problemas acontecem! Webber ficou fora do “Q3” para o GP da Hungria, numa pista onde é difícil de se conseguir ultrapassar, Webber vai ter que contar com alguma sorte, uma estratégia bem montada e pilotar como nunca para minimizar o prejuízo de estar largando não apenas atrás de Fernando Alonso, mas também de estar longe dele... ao passo que Sebastian Vettel vai largar na frente das Ferrari e pode, quem sabe, diminuir um pouco da vantagem que o espanhol tem na pontuação do campeonato. No final das 69 voltas, um modesto 8º lugar, uma estratégia “estranha”, Alonso 40 pontos distante e Vettel a apenas 2!

De contrato renovado até o final de 2013, Webber vem tendo 'problemas estranhos' nas últimas corridas. Coincidência ou não? 

E assim Mark vai enfrentando os seus moinhos de vento, montado em sua bicicleta azul e vermelha, buscando conquistar o seu título mundial. A equipe já renovou seu contrato por mais um ano, indo até 2013, mas isso não garante, de forma alguma, que ele possa vir a ter algum privilégio. Aliás, isso ele jamais teve no time austríaco.

Beijos do meu Divã,

Catarina Soares