Olá fãs do automobilismo,

O pessoal da Fórmula 1 está de ‘férias’ agora durante o mês de agosto. É um período de inatividade nas pistas, mas certamente de agitação nas fábricas, uma vez que é – praticamente – a última chance das equipes fazerem um ‘upgrade’ nos carros deste ano para a fase final do campeonato. Além disso, o mercado de pilotos e a ‘dança das cadeiras’ (ou dos ‘cockpits’) começa a se agitar.

Todo mundo, em geral, e todo brasileiro, em particular, sabe que Felipe Massa é a ‘bola da vez’ pra toda a movimentação de mercado para 2013, dada à sua delicada situação na Ferrari. Com isso, a agitação é geral, principalmente por se tratar de uma vaga na mítica Ferrari, que apesar do problema que é ter Fernando Alonso como companheiro de equipe, não deixa de ser atrativa, especialmente para os promissores pilotos que hoje ocupam lugares em equipes médias.

Contudo, não são apenas os pilotos das equipes médias que estão nesta verdadeira ciranda para as posições que possam surgir no ano que vem e eu confesso que não foi uma surpresa a ligação que recebi na hora do almoço perguntado se eu poderia receber mais um cliente após os já agendados para aquele dia. Como eu não sou do tipo de mulher que foge de um bom desafio, resolvi encarar mais este. Afinal, não é todo dia que um ‘Narciso’ vai se consultar com você.

Para o querido leitor que não conhece a mitologia grega, Narciso, filho do deus Rio-Cefiso e da ninfa Liríope era rapaz de singular beleza, no dia de seu nascimento, o adivinho Tirésias vaticinou que ele teria vida longa, porém, que jamais contemplasse a própria beleza.Certa vez, ao observar seu reflexo nas águas de um lago, apaixonou-se pela sua imagem, embevecido, ficou a observá-la até consumir-se, no lugar onde morreu Narciso, nasceu uma flor e deram a ela seu nome.

Sob as bençãos de Ron Dennis, Lewis Hamilton foi do Kart à Fórmula 1... e mostrou ao que veio. Foi campeão na 2ª temporada. 

De uma certa forma, Lewis também é como Narciso. Ao invés da beleza física, recebeu o divino dom da velocidade. Desde os 11 anos, quando conquistou a admiração e o apoio de Ron Dennis, o dono da McLaren, o jovem Cirilo teve tudo do bom e do melhor por todas as categorias onde correu, desde o kart até a fórmula 1... e quando chegou na F1, ele simplesmente ‘chegou’!

Por pequenos detalhes o jovem e prodigioso inglês deixou de conquistar o título mundial logo em seu ano de estreia na categoria, conquistando quatro vitórias e doze pódios, ficando a um mísero ponto do campeão, Kimi Raikkonen e derrotando simplesmente (na pista e nos bastidores da equipe) o então bicampeão da categoria, Fernando Alonso, que acabou saindo da equipe praticamente que pela porta dos fundos.

Anthony Hamilton, o zeloso pai, cuidou da carreira do filho... até o 'menino' achar que deveria "voar com as próprias asas". 

Além do apoio amplo, incondicional e irrestrito de toda a equipe McLaren, Lewis também tinha um apoio que o acompanhava desde o berço: sei pai, Anthony Hamilton acompanhou cada passo da carreira do filho e sempre que as câmeras da televisão desviavam suas imagens para os boxes da equipe, encontravam o semblante sereno do pai e empresário do piloto.

Se o título não veio no ano de estreia, perdido por um ponto, no ano seguinte veio a conquista do título mundial, também de forma dramática, só conseguida na última volta, praticamente na última curva e assim o menino prodígio chegava ao hall dos campeões do mundo, sendo – na época – o mais jovem campeão da história da categoria.

Lewis e Nicole: entre tapas e beijos, aproximações e separações, o casal vem mantendo uma relação desde 2008. 

Contudo, algumas coisas mudaram na vida de Lewis: ele começou uma relação com uma pop star, a cantora Nicole Scherzinger, líder do grupo de música pop ‘pussycat dolls’. A relação profissional com o pai ‘azedou’ por, segundo fontes próximas, tentativas do pai em interferir na vida do filho que, com o passar do tempo, começou a discordar das colocações do pai.

Lewis precisava de um novo agente e foi buscar em um profissional de gerenciamento de carreiras de celebridades para cuidar também da sua. Simon Fuller destacou-se como agente de artistas e como criador do programa ‘American Idol’. Além de artistas do show biz, Fuller cuidava, na época, das carreiras de David Beckham e Andy Murray no ano de 2010.

Com Simon Fuller, a partir de 2010 uma nova relação comercial onde Lewis seria tratado como estrela. Isso tem sido bom ou ruim? 

O pai, Anthony, com aquela sapiência de pai que só os anos sabem dar, foi ‘britânico”: "Lewis soube sabiamente pegar seu tempo para achar uma boa pessoa para cuidar de sua carreira. Eu me encontrei com Simon alguns anos atrás e ele estava na lista de como um possível substituto. Eu estou feliz de ver isto, dois anos depois, Lewis também tinha essa mesma opinião sobre Simon e tomou a própria decisão",  Contudo, o rompimento surpreendeu todos no circo.

A vida de Lewis andou conturbada nos últimos anos. Idas e vindas numa relação com uma mulher desejadíssima e com uma agenda de compromissos tão ou mais cheia que a do piloto nem sempre satisfazia as necessidades dele. Além disso, o comportamento na pista mudou. De piloto técnico e combativo, Lewis tornou-se um piloto agressivo... agressivo em excesso.

A vida de Lewis não anda fácil nos últimos anos. Desde 2008 ele persegue um segundo título e ano após ano, passa em branco. 

Nos últimos dois anos, podemos facilmente computar algo em torno de uma dezena de incidentes com outros pilotos. Só com Felipe Massa foram quase metade destes e, mais recentemente, os entreveros se deram com Pastor Maldonado.

Lewis continua rápido e a bordo de um carro de uma equipe que, apesar de uma ‘perda de mão’ em algumas provas da temporada, nunca pode ser desprezada. Contudo, para conseguir chegar no final da temporada com condições de disputar o título vai ter que conseguir uma performance fora do normal, mas possível de ser feita... se a cabeça ajudar.

Este ano o nível dos conflitos aumentou e Lewis entrou em rota de colisão com a McLaren... no ano de renovar o contrato! 

No final do ano seu contrato termina e, ao longo do primeiro semestre, Lewis andou falando coisas que não foram bem assimiladas pela ‘casa de Woking’, que ainda é comandada – embora negue-se veementemente – por Ron Dennis, tem dado sinais de que a relação de harmonia de mais de 15 anos com o piloto não é mais a mesma.

Caso a McLaren feche as portas para Lewis, que caminhos ele poderia tomar? A Red Bull já tem sua dupla de pilotos definida, com Sebastian Vettel e Mark Webber. A Ferrari tem como primeiro piloto seu desafeto Fernando Alonso, que certamente fará tudo para impedir a formação da explosiva dupla de 2007 novamente. A Mercedes depende da continuidade ou não de Michael Schumacher, que não tem dado indicações de querer parar. Nico Rosberg continua. Na (como dizem os meninos aqui do site) Nega Genii, Raikkonen parece estar bem, sem as pressões que sofria na Ferrari, está tranquilo. A interrogação é Grosjean, que tem velocidade e instabilidade e o contrato é de um ano.

Ver Lewis Hamilton voltar a sorrir certamente é desejo de todos. De Anthony, de Ron, de Nicole e sobretudo do próprio Lewis. 

Lewis nunca deixou de ser um grande piloto, mas precisa se encontrar com sua aura de piloto para voltar a ter o equilíbrio e a consistência que assombrou o mundo em 2007. Este Lewis está dentro dele mesmo, agora, se ele vai conseguir reencontrá-lo não depende apenas de um bom acompanhamento, mas da sua própria força de vontade.

Beijos do meu divã,

Catarina Soares