Amigos, as questões técnicas e esportivas atinentes ao GP da Bélgica são muitas. Vamos começar pela parte do esporte em si.

No meu entender Romain Grosjean foi culpado mesmo pelo acidente que marcou a largada em Spa. Sei que podemos até discutir os níveis de tolerância da FIA nos últimos anos. Sei também que se compararmos a F1 moderna com a F1 de 30 anos atrás é claro que vamos achar exageradas as punições. Mas Romain foi realmente errado na manobra em cima de Hamilton.

Não adianta o franco-suíço declarar com sinceridade que avaliou mal a distância entre a Lotus, a McLaren e o muro dos boxes. Pelo que se percebe na imagem ele queria que Hamilton travasse tudo e saísse em direção a sua direita. O inglês manteve a linha, e as rodas se “enroscaram”. Culpa de Grosjean. É a típica manobra esportiva que ultrapassa os limites de agressividade e competitividade, para entrar no campo do risco puro e simples.

A suspensão de Grosjean, esta sim, pode ser discutida. A suspensão por uma corrida me pareceu exagerada. Tudo bem que Romain é uma espécie de Andrea de Cesaris moderno, com a carreira recheada de acidentes. Mas a perda de 10 posições no grid da Itália, ou até a suspensão do treino classificatório, colocado o piloto na última posição do grid, seriam atitudes suficientes da FIA para punir o franco-suíço. Achei um exagero a suspensão por uma corrida.

Outra questão esportiva é relativa a Pastor Maldonado. O venezuelano foi punido diversas vezes nesta temporada, e parece que não aprendeu. Maldonado foi punido pela troca da caixa de câmbio, onde ele não tem culpa nenhuma, em Mônaco e no Canadá. Depois foi punido em Valência com tempo acrescido ao final da prova por ter sido considerado culpado da batida com Hamilton. Essa é meio duvidosa. Na Inglaterra multa, na Hungria Drive through e na Bélgica perdeu 3 posições por atrapalhar Hulkenberg no treino de classificação.

Bom, é bastante punição para um só piloto em um só ano. Podemos até discutir o mérito de todas, mas a pior mesmo foi a queimada de largada na Bélgica. Maldonado abusou, fazendo com que o starter da FIA, Charlie Whiting, ficasse revoltado com a forma com que Pastor largou antes das luzes se apagarem. Para o GP da Itália Maldonado vai perder 10 posições no grid. Serão 5 por queimar a largada na Bélgica, e 5 por causar um acidente com Glock. Penso que seria uma punição mais justa também para Grosjean, cuja carreira, tenham certeza, vai ficar abalada após essa suspensão do GP da Itália. Quem sabe até não se abre essa vaga na Lotus para 2013?

No campo técnico a McLaren mostrou extrema competência em Spa. Mesmo com Hamilton, que ficou fora sem nenhuma culpa logo na largada, a equipe inglesa mostrou que tinha uma tática certa no quesito pneus. Button ficou então com todo o foco da equipe após a saída de Lewis, e liderou de ponta a ponta, coisa que não se via já faz tempo na F1 atual.

Jenson acabou fazendo uma prova de voltas rápida nos mais de 7 km de extensão de Spa, e a vantagem foi suficiente para mantê-lo na ponta durante os pit stops. É curioso notar que os pneus renderam na McLaren muito mais que nos treinos. Martin Whitmarsh, chefe da equipe inglesa, ainda lamentou a chuva de sexta-feira, que fez todos perderem um precioso tempo de testes na pista belga.

Outra questão foi a recuperação da RBR. De forma brilhante Vettel fez uma grande corrida, largando do 10º lugar para chegar em segundo. Não existem mais dúvidas: a RBR está forte de novo, com a confiabilidade que buscava desde o começo da temporada. Isso é válido também para Mark Webber, que apesar de punido com a troca do câmbio, largou de 12º para chegar em 6º.

A Lotus foi abalada com o acidente de Grosjean na largada, mas premiada com o 3º lugar de Raikkonen ao final. A equipe do chefe Eric Boullier não usou o duplo DRS na corrida. A chuva de sexta-feira impediu mais testes com o equipamento, e adiou a estreia. Inclusive a equipe já declarou que para o GP da Itália não vai usar também o duplo DRS, já que em Monza a vantagem, segundo a Lotus, não seria substancial. Pode ser, mas é algo que todos querem usar até o final da temporada, já que o duplo DRS está proibido para 2013.

Na Ferrari o desastre de Alonso logo na largada, com alto risco para o espanhol, foi a marca da prova. A revista italiana AUTOSPRINT já está chamando o caso de “As Cicatrrizes de Guerra de Alonso...” Exageros a parte, fica clara a perda que a Ferrari teve no campeonato. Alonso tinha 4º pontos de vantagem sobre Webber, e agora tem 24 sobre Vettel. Mesmo Felipe Massa, que largou em 14º e chegou em 5º, não deixou a equipe tão feliz assim. Massa declarou após a prova que se a Ferrari apresentasse para ele um contrato novo no momento em que ele saía do carro, ele assinaria sem pensar.

Bom, essa do contrato assinado sem pensar é óbvia. No momento parece ser a única solução para a Ferrari e Massa se acertarem mesmo para 2013.

Um abraço, e oremos sempre. 

Toni Vasconcelos