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O crescimento do automobilismo no Brasil e a "guerra" por patrocínios (Chefes de Equipe) PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Tuesday, 25 September 2012 22:15

 

Nos últimos anos, temos visto um crescimento no número de categorias disputando campeonatos de automobilismo no Brasil, sejam eles monomarcas ou não. Com carros de turismo ou fórmulas. Como sabemos que o automobilismo é um esporte caro, existe mercado para esta expansão do automobilismo no Brasil com relação ao número de patrocinadores para que estas categorias sobrevivam ou corremos o risco de entrarmos num processo de “canibalização” entre as categorias, com umas tirando potenciais patrocinadores das outras? Os diretores de categorias de automobilismo aqui do Brasil costumam se reunir para falar sobre aspectos técnicos e/ou comerciais?

 

Pedro Pimenta – Chefe de equipe da Ticket Corinthians na Fórmula Truck e da equipe Pink Energy na Mercedes Challenge.

 

Este questionamento tem alguns pontos a serem analisados. A situação atual do país é, podemos dizer, promissora. O país cresceu, tem mais dinheiro circulando e como o automobilismo tem um componente de paixão, estão surgindo novos pilotos e novas categorias. Por mais que estas pessoas que estão entrando no automobilismo tenham dinheiro para começar a correr, manter-se na pista é outra história e aí entra a questão do patrocínio.

 

Mesmo com todo o crescimento da economia do Brasil, o patrocínio para o automobilismo continua escasso, o que é uma pena e algo incompreensível, pois o esporte é um dos melhores veículos de divulgação que uma marca pode ter. só que o que parece é que só existe futebol no Brasil. Todos os potenciais patrocinadores olham primeiro para os estádios e por último para os autódromos. Esse tipo de coisa me dá um certo desgosto, porque o futebol atinge todas as faixas da sociedade e o automobilismo também poderia fazer isso. Todo mundo gosta de carro, todo mundo gosta de corrida, mas o automobilismo não tem apoio. Porque não podemos usufruir da lei de incentivo ao esporte?

 

A mídia, de uma forma geral, explora mal o automobilismo. Por outro lado, quem faz o automobilismo também não faz como deveria e assim a mídia não se interessa em mostrar o esporte a motor. Não sei se vocês conhecem a força do automobilismo argentino. É algo impressionante. Eles tem menos recursos que a gente, mas fazem um espetáculo a cada corrida. Os autódromos estão sempre cheios, os campeonatos são transmitidos na televisão e tem audiência. Os carros deles não são tão bons quantos os nossos, os pilotos são bons, mas aqui talvez tenhamos melhores, mas eles “fazem o evento”. Nas arquibancadas a gente vê famílias inteiras, com pais, filhos e avós e sem essa de torcida organizada. É amor ao automobilismo como a gente vê torcida nos campos de futebol.

 

João Maria – Chefe de equipe da Blau Motorsport, equipe da GT 3, com Marcelo Hahn e Allam Khodair.

 

Eu acho que não podemos generalizar o assunto. Existem várias categorias no automobilismo brasileiro que independem de uma busca por patrocínio. Aqui na GT3, por exemplo, a maioria dos carros são bancados pelos próprios donos e assim esta realidade não os atinge, pelo menos na sua maioria.

 

Acredito que em outras categorias possa haver até mais do que esta “canibalização” como você falou, que possa haver mesmo má fé por parte de algumas pessoas que procuram patrocinadores de uma equipe e oferecem o mesmo espaço no seu carro que o patrocinador tinha ou tem na equipe em que ele está por um valor menor do que o que ele estava pagando.

 

Eu conheço casos de equipes que passaram por esta situação que descrevi acima e não há, legalmente, nada que se possa fazer contra este tipo de coisa. Uma federação não pode intervir nisso, a CBA não pode intervir nisso. Se uma empresa tem dinheiro, ela coloca este dinheiro onde ela quiser, certo? E particularmente, com 30 anos que tenho no automobilismo, não conheço nenhum dirigente que aceitasse se envolver numa situação dessas, de interferir nessa relação comercial entre equipes e patrocinadores.

 

Agora, o que deveria haver era uma forma de se amarrar os contratos de patrocínio de modo que eles durassem a temporada inteira, que o patrocinador não pudesse sair no meio da temporada porque isso não prejudica só o piloto e a equipe. Quem mais sofre com isso são os mecânicos, pois os primeiros cortes de custos costumam ser neles.

 

Djalma Fogaça – Chefe de Equipe da Equipe Djalma Fogaça Motorsports – Ford na Fórmula Truck.

 

É preciso analisar esta questão por dois pontos de vista diferentes: o dos pilotos e o das equipes.

 

Pelo ponto de vista dos pilotos, podemos dizer que existem dois tipos de pilotos correndo no Brasil: os profissionais e os amadores. Os profissionais são aqueles que vivem do automobilismo, que quando vão buscar patrocínio levam uma parte para a equipe e outra para seu próprio sustento. Os amadores são aqueles que tem seu meio de vida fora do automobilismo ou ligado a este de forma indireta, mas que não precisam do patrocínio para pagar as contas em casa.

 

De uma certa forma, o aparecimento deste monte de categoria monomarca que andou aparecendo por aí e outras que já existiam acabaram criando uma situação prejudicial para os pilotos profissionais. Os empresários que antes patrocinavam as equipes e pilotos “descobriram o automobilismo” e hoje, ao invés de patrocinar equipes e pilotos eles estão na pista, correndo. Alguns deles nem tão amadores são mais pois já estão há um bom tempo participando de corridas e campeonatos, mas isso foi algo que mudou na relação do dinheiro.

 

Como eles são empresários e não ficaram ricos a toa, procuram ao menos “zerar o custo da corrida”. Assim, muitos potenciais patrocinadores, as vezes fornecedores destes empresários que poderiam ser patrocinadores potenciais para pilotos e equipes acabam patrocinando estes empresários-pilotos e isso dificulta Mais a vida de quem vive das corridas. Não é a toa que vemos alguns bons pilotos aí, se virando pra correr.

 

Augusto Cesário – Dono da equipe Cesário Fórmula na Fórmula 3 Sulamericana.

 

O automobilismo brasileiro vem vivendo há algum tempo um “fenômeno” que a meu ver é extremamente prejudicial para o esporte no país. Ano após ano a CBA vem homologando categorias, monomarcas, que apresentam a mesma proposta de competição e que em muito pouco ou nada acrescentam para o automobilismo. Esta proliferação acaba por dispersar os potenciais patrocinadores uma vez que elas competem entre si e também acabam, de alguma forma, prejudicando até mesmo a Fórmula 3, a única categoria de fórmula que ainda resta no país.

 

O pouco ou nenhum investimento em criação e manutenção de categorias de fórmula no país e no continente é danoso para o nosso automobilismo. Se você tem 10 categorias de turismo e apenas 1 de fórmula, sua chance, como patrocinador, de ver sua marca, seu produto exposto em outros países reduz-se quase a zero. Quantos pilotos saem do turismo nacional e vão para o exterior, ao passo que o piloto de fórmula o caminho é o exterior.

 

A CBA precisava olhar esta situação com mais atenção, pois este tipo de automobilismo acaba sendo prejudicial para o esporte.

 

Fábio Greco – Chefe da Equipe Greco na GT4 e na Copa Fiat.

 

Eu vejo o mercado para o crescimento do automobilismo brasileiro com um imenso potencial. Há 20 anos havia Aquino Brasil apenas quatro montadoras. Atualmente temos quantas? 14? 15? Sendo assim as possibilidades de investimento são muito grandes. E que deveria esr melhor explorado por estas montadoras.

 

No meu entender é que falta uma política de incentivo para o nosso esporte que não é considerado nem esporte amador, nem esporte profissional. Eu como chefe de equipe não sou um esportista ou um técnico de uma equipe, sou um empresário. Sou o responsável por empregar uma equipe de profissionais que trabalham todos os dias e que vai aos autódromos nos finais de semana de eventos.

 

Aqui do lado, na Argentina, existe uma política de incentivo ao esporte a motor que permite que o automobilismo lá seja forte, dinâmico e os autódromo estão sempre cheios. Com incentivo se movimenta não só o autódromo. Vem turismo para a cidade que recebe a corrida, vem incremento no comércio, vem aumento na arrecadação de imploetos... é toda uma cadeia.

 

Depender de patrocínios apenas é complicado. Nós temos um patrocínio que vem da Ferrari. Só que a Itália tá numa draga danada. Onde eles vão cortar? Onde está mais longe! Assim, tem que haver um apoio aqui também. O mundo está patinando financeiramente desde 2008 e as coisas voltaram a se complicar.

 

Se bem que, por um lado, se você faz um bom trabalho, seus patrocinadores continuarão com você. Um bom exemplo disso é a Neusa [Felix] na Fórmula Truck. Seus patrocinadores estão com ela há anos. Porque? Porque ela consegue dar o que eles esperam... e até mais. Eu tenho pra mim que não existe “roubo de patrocínio”. Patrocínio a gente perde! Se você souber cativar seu patrocinador, ele vai te acompanhar. 

 

 

Last Updated ( Monday, 15 October 2012 02:53 )