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Dale Earnhardt Jr: a Cruz e o Legado PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Thursday, 28 February 2013 12:41

 

 

Olá fãs do automobilismo,

 

Nesta semana vivi uma experiência inusitada. Todos nós sabemos o quanto o mundo moderno está ficando pequeno com as nossas conexões eletrônicas. Para boa parte da população mundial o email substituiu as cartas e telegramas. As conexões de velocidade cada vez maior substituíram as agências de correios, mas no meu trabalho, o divã onde recebo meus pacientes continuava sendo o divã: até agora!

 

No ano passado, após um gigantesco acidente em etapa da NAASCAR que não me lembro, perguntei se algum dos nosso leitores teria o contato de algum diretor da categoria para fazermos uma terapia de grupo. Não sei se alguém entrou em contato com alguém da NASCAR, mas no domingo a noite recebi um email perguntando se eu poderia fazer uma “consulta à distância, por videoconferência.

 

Mesmo achando estranho, assumo que gosto de desafios e pensei que esta poderia ser uma experiência de crescimento profissional, não apenas de desenvolvimento de habilidades na carreira, mas também no crescimento da clientela. Assim, acertamos a consulta levando em conta o fuso horário e também a agenda do paciente, que disputa um campeonato com 36 etapas, fora os compromissos profissionais.

 

O automobilismo norte americano é um mundo muito diferente do que vemos na Fórmula 1, que temos a possibilidade de assistir em um canal de televisão com sinal aberto. A Fórmula Indy tem muitos pilotos estrangeiros, mas a NASCAR,  tirando o Juan Pablo, é toda americana e o ambiente é outro completamente diferente.

 

A NASCAR é um fenômeno que corre nas veias do cidadão americano. Cada uma das etapas é uma festa sem precedentes e uma celebração de quatro dias entre – as vezes – mais de 80 pilotos, sem contar o exército de profissionais que trabalha para que o espetáculo aconteça.

 

Na foto acima, o primeiro carro que Dale dividiu com o irmão, Ralph. Abaixo, o carro da conquista do bicampeonato na Busch Series.

 

Foi neste meio que o pequeno Ralph Dale Earnhardt Junior cresceu. A família Earnhardt está envolvida com o automobilismo há três gerações. O avô paterno de Dale Jr. – Ralph Earnhardt – correu na NASCAR com o número 8 estampado na lataria. Seu avô materno – Robert Gee – foi construtor de carros de corrida e seu pai – Dale Earnhardt – era considerado uma lenda viva da categoria, apelido que se perpetuou após sua morte no acidente em Daytona, no ano de 2001. Nesta altura Dale pai corria com o número 3, apesar de ter iniciado com o 8 e DaleJr usava o 8.

 

Já vimos muitos casos recentes de filhos de pilotos famosos e bem sucedidos buscando seguira carreira dos pais. Jacques Villeneuve e Damon Hill foram campeões do mundo,mas nunca atingiram a popularidade e o carisma de seus pais, Gilles e Graham. Paul Stewart, filho de Jackie nem chegou à Fórmula 1, assim como Mathias Lauda e Nicolas Prost. Outros que chegaram, como Nelsinho Piquet, não conseguiram se firmar na categoria. Mas além de na NASCAR tudo ser diferente, Dale Jr. parecia ter a “herança genética” do pai correndo nas veias a 100%. Pelo menos em termos de carisma.

 

Daytona 2001: disputando posição ladoa lado com o pai. Nesta prova, Dale Earnhadt sofreu o acidente que lhe tirou a vida.

 

No início de sua trajetória até chegar na categoria principal, Dale Jr. conquistou muitas vitórias e títulos, mas só chegou na hoje chamada ‘Winston Cup’ em 1999. Ao contrário dos pilotos que estamos acostumados a ver sentados em cockpits desde os tempos de kart, Dale Jr. fez faculdade na área de tecnologia automotiva na Carolina do Norte e trabalhava fora das pistas até meados os anos 90, fazendo apenas corridas esporádicas, algumas delas dividindo o carro com o irmão Kerry. O que o nome Earnhardt carregava em carisma e o pai em competência, sendo um dos maiores vencedores da categoria, o filho teria de carregar, como uma cruz. Ainda por cima depois de Dale Jr. Ter conquistado o bicampeonato da ‘Busch Series’, categoria de “acesso”, de forma incontestável.

 

Cruz esta que ficou mais pesada depois do falecimento do pai. Ambos corriam na equipe familiar, a Dale Earnhardt Incorporation, que por questões legais ficou com o controle majoritário das ações nas mãos da segunda esposa de Dale Earnhardt pai – Teresa. Depois de algumas temporadas correndo na equipe familiar e tendo como melhor resultado no final de um campeonato, o terceiro lugar de 2003, Dale Jr. tomou uma difícil decisão: cortar o cordão umbilical.

 

Herdeiro do legado e chamado de 'Filho da Lenda', Dale Earnhardt Jr. continuou com o nome da  família nas pistas... mas tinha algo errado!

 

Achando que a Dale Earnhardt Incorporation não investia o suficiente para levá-lo ao título e de que isso só seria possível caso ele assumisse o controle majoritário da equipe... o que não aconteceu até hoje!

 

Em 2007 Dale Jr. anunciou que estava assinando um contrato de 5 anos com a Hendrick Motorsports. O contrato tinha outras conexões, com a equipe passando a usar carros também na Nationwide que seriam fornecidos pela concessionária dos Earnhardt. A escolha da Hendrick não foi aleatória: o avô materno de Dale Jr – Robert Gee – trabalhou em parceria com os Hendrick nos anos 50/60/70. De certa forma, Dale Jr. continuava em casa.

 

Depois de um enorme 'jejum' de quatro anos sem vencer, Dale Jr. espantou a má sorte e fez todo o circuito vibrar com ele ano passado.

 

Contudo, os pontos de atrito continuariam. Dale Jr. é, ainda hoje, responsável por praticamente metade das vendas dos produtos ligados à NASCAR nos Estados Unidos. Um faturamento de encher os olhos de qualquer um e como tudo é ligado a uma marca, o carro 8 seria talvez a maior delas. Dale Jr. queria continuar usando o número que marcou a trajetória de seu avô, mas esbarrou mais uma vez na madrasta, Teresa. A acionista majoritária da empresa que leva o nome de seu pai disse que só cederia o número se recebesse parte das receitas. Eis a razão para o uso do número 88!

 

Apesar da mudança de equipe, Dale Jr. – mesmo tendo participado de vários ‘chase’ – nunca conseguiu disputar realmente o título de uma temporada da NASCAR. Pior que isso, toda a expectativa por um domínio como os do tempo da ‘Busch Series’ nunca se confirmou. Pior ainda: Dale Jr. ficou praticamente quatro anos sem vencer na ‘Winston Cup’! Foram 143 corridas, 1462 dias até que ele conseguisse vencer novamente no ano passado uma prova, no ‘Super Speedway de Michigan. Foi uma coisa delirante. O público presente parecia estar inteiro torcendo por Dale Jr.

 

Daytona 2013: Dale Earnhardt Jr. já mostrou ao que veio para este ano e o segundo lugar não pode ser considerado uma derrota.

 

Não é fácil para ninguém ser “filho de uma lenda” como é Dale Jr. Apesar de todo carinho da torcida, com ele vem a esperança e até mesmo uma cobrança por resultados. Este ano, na corrida de abertura, o segundo lugar não pode ser considerado como a posição do ‘primeiro perdedor’, mas sim como um “estou na briga para ser campeão”. Quando isso acontecer, a cruz sobre seus ombros ficará muito mais leve. Contudo, Dale Jr. precisa saber controlar-se para que, ao longo da temporada, a autocobrança não pese demais.

 

Beijos do meu Divã,

 

Catarina Soares

 

 

Last Updated ( Thursday, 28 February 2013 13:04 )