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Tony, o Ironman PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 15 May 2013 00:29

Olá fãs do automobilismo,

 

Mais uma vez minha coluna quinzenal coincidiu em ser publicada logo após uma etapa do campeonato mundial de Fórmula 1 e – claro – de consultório cheio. Mas o relato desta quinzena não vai ser sobre um paciente regular, mas sobre uma primeira visita que veio por indicação.

 

Para quem conhece bem o Rubens, sabe que, além de sempre acessível e gentil, ele é um bom amigo de seus amigos e por isso, na semana passada, telefonou e perguntou se eu teria um horário para receber um grande amigo dele. Logicamente que, sendo um pedido feito da forma que foi feito, não teria como não tentar conseguir este horário... assim, no final da noite daquele mesmo dia recebi no consultório Rubinho e seu amigo, Tony Kanaan.

 

Enquanto o Rubinho ficou na sala de espera, Tony não fez muita cerimônia no primeiro contato... acho que é parte de sua natureza baiana, apesar dele ter, por parte de pai, a descendência de libanês. Além da simpatia, facilmente perceptível, notei também um certo desconforto com a bandagem na mão direita, feita para proteger e reduzir os movimentos para tentar cicatrizar as lesões sofridas no acidente da etapa anterior à corrida de São Paulo.

 

 

Com limitações médicas e dores que ele confessou serem suportáveis, mas constantes e, eventualmente, fortes, Tony Correu no sacrifício na corrida brasileira, a única da Indy fora do circuito EUA-Canadá... mas como não correr? Tony teria pilotado com uma mão só se fosse preciso – e possível – uma vez que caso não o fosse possível, o rígido sistema de controle médico da categoria não permitiria que ele participasse da prova.

 

Esta seria uma dor maior que a sentida por Tony quando seu carro entrou lento pela reta do sambódromo depois dele ter liderado a corrida e levantado a torcida na arquibancada. Naquela hora o coração doeu mais do que a mão... não apenas o seu coração, mas o de todos que estavam assistindo a corrida. Foi duro ver aquele ‘close’, quando a câmera fechou no seu capacete e mostrou sua mão tentando secar as lágrimas. Guerreiros também choram, Tony. E você é um guerreiro desde menino.

 

 

Ninguém é campeão à toa e você foi campeão paulista de kart 5 vezes. Para quem não tem a noção do que isso significa, é a seleção dos melhores kartistas do país, correndo uns contra os outros, o ano inteiro. É um verdadeiro campeonato brasileiro, campeonato este, o verdadeiro, que Tony também ganhou.

 

Mas entre todos os campeonatos, certamente o maior, talvez ainda maior do que os títulos conquistados no exterior, tenha sido um conquistado em uma festa privada, num kartódromo de uma fazenda onde ele, ainda menino, derrotou a todos, inclusive o dono da festa, um tal de Ayrton Senna.

 

 

Seguir a paixão pela velocidade o fez ir para a Europa depois de correr nas categorias de base brasileiras. Correu do que pode. Do que conseguiu correr, do que o seu budget podia bancar. Perdeu mais do que ganhou, mas conquistou um título na Alfa Boxer italiana e o respeito de todos contra quem competiu. Contudo, Tony foi vítima – como tantos – do mal que assola e impede que tantos talentos possam ir mais longe. O sonho da Fórmula 1 desfez-se diante da falta de patrocínio para alçar voos mais altos.

 

Restava uma alternativa, mais barata, mas também competitiva: o caminho aberto por Emerson Fittipaldi para o automobilismo norte-americano. Novos ares, novos desafios e novamente Tony conseguiu fazer uma trajetória vencedora, conquistando na Indy Ligths o título de ‘estreante do ano’ e, no ano seguinte, o campeonato da categoria, o que abriu-lhe as portas da categoria principal.

 

 

No ano de estreia na Indy, 1998, mais uma vez foi o ‘estreante do ano’, mesmo sem ter uma equipe forte. A carreira só cresceu até chegar 2004, ano do título da categoria com uma temporada fenomenal. Com regularidade e equilíbrio, foi rápido o ano inteiro, terminou todas as provas, quase sempre bem posicionado e além das três vitórias, fez outras 12 entre os 5 primeiros, liderando mais de 3000 voltas.

 

Com os altos e baixos da vida, Tony perdeu seu principal patrocinador no final de 2010 e, com isso, a vaga na Andretti, uma das equipes mais fortes da categoria, para passar a correr na KV, do antigo adversário na pista, Jimmy Vasser. Desde então, continuar competitivo e respeitado pelos adversários é vencer todos os dias.

 

 

Seja o ‘Ironman’ das disputas de triathlon, que você passou a disputar e tem sido sua fortaleza física para hoje, com 38 anos, parecer um jovem de pelo menos 10 anos mais moço. Ser forte está na sua natureza, tanto do povo amigável e sofrido das suas origens do oriente médio, como da definição do brasilianista Câmara Cascudo.

 

Sede guerreiro forte, lutador e não te entregues jamais. Uma lágrima no rosto é prova de fortaleza da alma, pois sem esta, o corpo não tem essência. Que venha Indianápolis e todos os demais desafios. A aura da vitória está contigo.

 

Beijos do meu Divã,

 

Catarina Soares