No fim de semana do GP do Mónaco, o grande assunto foram os motores para 2014, a era que inaugura os motores V6 1.6 Turbo, que substituirão os motores V8 2.4 litros aspirados, que existem desde 2006, e cujo desenvolvimento já se encontrava congelado desde há algum tempo, o que tem colaborado no equilíbrio que temos vindo a ver na Formula 1 nestes últimos tempos. Mas por estes dias, este é um assunto que está a fascinar os adeptos, tanto ou bastante mais do que as eventuais trocas de pilotos que inevitavelmente acontecerão no final desta temporada, principalmente no campo da Red Bull, por exemplo. As coisas começaram há cerca de dez dias, quando a Honda anunciou que em 2015, iria fornecer motores à McLaren, assinalando um regresso à competição, depois da sua saída intempestiva no final de em 2008. O acordo seria exclusivo, com a marca japonesa a fornecê-los… de graça. Isto por causa do facto de ser uma parceria. Era um acordo que se esperava desde o inicio do ano, altura em que os rumores começaram a circular. E a partir daqui, surgiram outros rumores. Regresso de algumas marcas, como a Toyota ou a Ford, através da Cosworth, que continuam por confirmar ou serem desmentidos, e dentro dos fornecedores, se iria haver alguma troca de motor entre as três das quatro que estão neste momento presentes, isto é: Mercedes, Renault e Ferrari. E o fim de semana do Mónaco, a ocasião foi aproveitada para fechar ou confirmar algum acordo de motores para as três próximas temporadas, que é o mínimo que as equipas pretendem. Um exemplo do que se passou foi a história do contrato da Williams com a Mercedes. Considerado como um rumor ao longo dos últimos dias, parece que neste fim de semana que se passou se tornou um acordo, embora falte a confirmação oficial.
McLaren e Honda assinam um contrato de parceria. A McLaren terá exclusividade... e motores japoneses sem pagar um centavo! Um episódio desse campo foi contado no sábado pelo jornalista britânico Joe Saward: “17:30, Paddock do Mónaco. Na motorhome da Williams, os jornalistas estão a ouvir o engenheiro Xevi Pujolar, que lhes conta as aventuras da equipa na qualificação. Discretamente, Niki Lauda, Andy Cowell (responsável pela Mercedes High Performance Powertrains) e o Prof. Dr. Thomas Weber (membro da direção da Mercedes para a Pesquisa e Desenvolvimento), todos vestidos com os fatos da marca, entram no motorhome da forma mais casual possível, emergindo… algum tempo mais tarde. O fornecimento de motores para 2014, 2015 e 2016 está feito” Poucas horas depois, Christian “Toto” Wolff admitia que estava em conversações com a Williams: "É mais do que claro que iremos perder um cliente em 2015 e para a Mercedes é mais do que claro que precisamos de ter um bom portfólio de negócios", começou por dizer. "Por isso, é importante ter três clientes de 2015 para adiante e é por isso que estamos tendo conversações com algumas equipas, do qual a Williams é uma delas", concluiu. Entretanto, também o Joe Saward falou neste fim de semana que passou sobre a hipótese da BMW regressar à Formula 1, tal como foi dito uns dias antes por Bernie Ecclestone e desmentida logo depois pela direção de Munique, não é tão descabida assim. Sinal disso é o facto da marca alemã ter anunciado lucros bastante altos, na casa dos 2,5 mil milhões de euros, no primeiro terço de 2013, vindos equitativamente dos Estados Unidos, Europa e China, e com aumentos de vendas em sítios como a Rússia, onde tiveram mais 21 por cento. Toto Wolff, que há pouco tempo trabalhava para a Williams, foi até a antiga equipa negociar os motores alemães para 2014/2015/2016. Provavelmente, caso estes lucros continuem, de uma economia em muitos sítios em situação de retoma, eles poderão querer expandir para além do DTM, que é onde eles estão atualmente, transformando a coisa num programa desportivo global. E ele aponta o facto de que a Sauber não estar a querer um acordo muito longo em termos de fornecimento de motores, a partir de 2014. Isso quererá dizer que o regresso da BMW Sauber, uma aliança que aconteceu entre 2006 e 2009, poderá ser bem plausível... provavelmente, lá para 2015 ou 2016, no máximo. Mas estes regressos, assinaturas de contratos e demais compromissos vêm com um preço bem elevado. Para terem uma ideia, em média, as equipas pagam 7 milhões de euros por um dos atuais motores 2.4 litros. Só que a partir de 2014, devido aos custos associados ao seu desenvolvimento, a Renault vai pedir 25 milhões de euros por um contrato de fornecimento dos seus motores Turbo 1.6, do qual muito poucos podem pagar – em principio, serão Toro Rosso, Red Bull e Caterham, graças aos bolso mais fundos dos energéticos ou o acordo comercial entre as duas marcas. A Mercedes pede à volta de 17 milhões de euros por época para que McLaren, Force India e eventualmente, Williams, fiquem com os seus motores. E a Ferrari é mais barata: 15 milhões para Sauber e Marussia. Resta a Lotus, que em principio, ficará com os Renault, mas poderá estar tentado para outros negócios, outros fornecedores de motores, ou até, atrair um construtor a partir de determinado ano. De tudo o que vai acontecer para os próximos anos, uma coisa é certa: serão precisos muitos euros para pagar pelos motores. Em jeito de conclusão, uma coisa é certa: com o novo regulamento de motores 1.6 Turbo, feito não só para a Formula 1, mas como para outras categorias, como a Endurance e os Turismos, está a fazer com que quase todas as marcas e respectivos grupos desejem ter um motor desse tipo para se colocar no panorama global. E como se sabe, nunca a velha frase de Henry Ford esteve tão atual: “vencer corridas no domingo para vender mais carros na segunda-feira”. Nos próximos anos, o automobilismo irá viver uma verdadeira revolução e todos vão querer um pedaço dela. Por este mês é tudo. Saudações D’Além Mar! Paulo A. Teixeira |