Suzuki e Razia no GT Open Print
Written by Administrator   
Friday, 27 December 2013 10:34

O mundo do automobilismo não se restringe apenas a Formula 1. Disso todos sabemos e é frase recorrente nas conversas acerca do esporte motor. Dentro desta máxima, jovens pilotos brasileiros vão desbravando outras categorias, circuitos, carros e tomando gosto por estes campeonatos. Apesar de certa omissão da mídia nacional, dita especializada no assunto automobilismo, várias competições possuem cobertura dos meios de comunicações ao redor do globo, atraindo nomes conhecidos e jovens, em busca de profissionalização e estabilidade nas suas carreiras. Entre as mais badaladas, pode-se facilmente assimilar os nomes de Indy, Nascar, Formula Truck, FIA GT, Stock Car, WEC, etc..

 

Mas, como o objetivo desta coluna é encontrar nossos representantes nacionais, foco neste artigo para um campeonato pouco conhecido (ou nada conhecido por estas bandas), mas de boa reputação e atração para público e pilotos. Trata-se do GT Open. Como o nome já pressupõem, é uma categoria com carros de Gran Turismo, separados nas classes Super GT e GTS (GT3). Diferente do que ocorre por estas bandas, por motivos que não vou me ater neste momento, a GT Open tem estourado o limite de inscrições para suas etapas! Na última, rodada dupla realizada em Barcelona, foram 41 carros pleiteando uma vaga no grid das duas corridas!

 

15 carros entre as curvas 1 e 2 em Barcelona, com Miguel Ramos/Pastorelli ponteando.

 

Ferrari 458 GT Italia e GT3, Chevrolet Corvette C6R e GT3, Aston Martin V12 Vantage GT3, Porsche 997 GT3-R, Mercedes-Benz SLS AMG GT3, McLaren MP4-12C GT3, Lamborghini Gallardo GT3, Audi R8 LMS ultra ... grande carros para uma categoria que tem tudo para ser top, aliás com mais disputas do que vemos no FIA GT! Em parte, tal equilíbrio é possível pelo regulamento bem elaborado e os handicaps variáveis para cada carro em cada corrida. Logo, é comum presenciar batalhas pelas primeiras posições envolvendo modelos de ambas as classes. Outro ponto positivo é o calendário, visitando autódromos bem lembrados pelos amantes da velocidade: Monza, Jerez, Paul Ricard, Nurburgring, Silverstone, Barcelona, Spa e Algarve (único dos recentemente construídos no Velho Mundo).

Montermini/Rigon em Monza, #3 Ferrari 458 GT Itália, em Monza.

 

Na temporada de 2013 você encontrará nomes bem conhecidos: Rafael Suzuki e Luiz Razia. O primeiro já se aventurou no extremo oriente, guiando bólidos da F3 japonesa (3° em 2010 e 6° em 2012), Asian F3 (3° em 2007/08) além de disputar as curvas com os teutônicos (7° em 2008 e 4° em 2009). O segundo ficou mais conhecido por voltar sem ter ido (início de 2013 sendo contratado pela Marussia e poucos dias depois dispensado), por motivos de patrocínio, mas também com o vice campeonato na GP2 de 2012 e o título de 2007 na F3 Sulamericana (rebatizada para 2014 de F3 Brasil).

 

Os dois brasileiros foram companheiros de equipe, mas dividindo carros diferentes, na italiana Bhai Tech Racing guiando, respectivamente, os McLaren MP4-12C GT3 #65 com Giorgio Pantano e o #66 Chris van der Drift. Mas para a última etapa o time velha bota dispensara Suzuki, convocando Álvaro Parente para seu lugar. Mas quem é bom não fica a pé, e o nipo-brasileiro foi para Barcelona pilotar o Audi R8 LMS ultra #81, da lusa Novadriver e tendo o português César Campaniço como companheiro.

 

A tarefa de competir por completo em uma categoria com carros de turismo foi inédita para ambos os brasileiros, e não fizeram feio. Com a vitória na 5ª corrida e o segundo lugar na 6ª (Nurburgring), Razia/van der Drift lideravam a GTS. Mas a alegria da dupla esbarrou um pouco na sorte também, e só conseguiram pontuar novamente em apenas 3 provas, contabilizando o segundo lugar em Monza. Tal campanha irregular na segunda metade da temporada quase tirou todas as chances de título, só com duas vitórias e muita sorte na última rodada dupla para levarem a taça ... mas em um campeonato tão equilibrado, seria improvável, aliás apenas na 1° etapa Montermini/Filippi (Super GT) conquistaram tal feito.


#66 de Razia/van der Drift (McLaren MP4-12C GT3), em Paul Ricard.

 

Ainda assim, o desempenho do baiano de Barreiras foi satisfatório. E o mesmo compartilha dessa afirmação, como pode ser lido (e ouvido) em entrevistas durante este ano. A experiência em uma categoria diferente das que havida corrido já vale a pena de colocar no currículo, e fechar a temporada com uma vitória e por duas vezes em segundo lugar demonstra ter bom potencial para ser utilizado em outras categorias, além do circo de monopostos do tio Bernie.

 

Outro piloto a levar as cores do Brasil, Suzuki completou 7/8 do campeonato na ponta, sentindo o gostinho de estar perto do título. Mas, por motivos obscuros, sua vaga foi cedida ao português Álvaro Parente, campeão da F3 britânica (2005) e da World Series (2007). Dividindo o #65, o italiano Giorgio Pantano teve caminho livre para levantar sozinho a taça, em caso de êxito na última etapa, e somar mais um títulos ao seus (F3 alemã 2000, GP2 2008). Para Suzuki, nome mais novo e debutante no cenário, restou procurar uma vaga de última hora. E nossos amigos lusitanos providenciaram um Audi R8 para que Rafael pudesse disputar ainda o título, associando a ele o gajo Cesar Campaniço, até então 3° no campeonato espanhol de GT, em estratégia interessante para tal pretensão.


Campaniço/Suzuki com seu Audi R8 ultra, da Novadriver.

Com as cartas na mesa e, na minha opinião, uma jogada um pouco suja para dar o título a um piloto conterrâneo da equipe (na F1 nem precisa ser italiano para a esquadra do cavalinho rampante tomar atitude similar, deixando o “outro” piloto relegado a serviçal do 1° piloto), a GT Open chegou ao Circuit de Catalunya e ou arrebentou, em número de pilotos. Reunindo as classes do GT Open mais a da GT Espanhola, a corrida proporcionou boas brigas por quase 1 hora em cada bateria, além de 3 pilotos empatados na liderança, com 48 pontos.

 

Na prova de sábado, os nervos a flor da pele logo fora percebido, quando ainda na primeira volta Pantano se envolve em um toque no meio de pelotão, parando na área de escape. Ainda conseguiu voltar, mas terminou fora da zona de pontuação. Com o líder fora da disputa direta, vitória de Maxime Soulet, seguido por Lorenzo Bontempelli e Rafael Suzuki. Faltando apenas mais uma prova, Bontempelli passou a liderança do certame e Suzuki em segundo, 56 a 54. Pantano estava agora em terceiro, com 48 pontos. Na derradeira corrida, Suzuki marcou Bontempelli desde o início, mas as bandeiras amarelas impediram de abrir distância, e o luso assumiu o comando após o pitstop, porém com handicap (tempo parado no pit) maior que os demais, retornou apenas em 21°. Mesmo com os esforços, Rafael acabou acompanhando o desfecho da temporada sem muito poder fazer, além de torcer. Mas, es que aquele mesmo que se perdeu no meio da caixa de areia 24 horas antes, galgou posições e terminou em 3° na classificação geral, segundo na GTS, empatando com Bontempelli, que se perdeu no meio do tráfego pesado de Barcelona e não pontuou. O título fora decidido no desempate: 3 x 1 em vitórias para Pantano. Suzuki fechou em terceiro e Razia em oitavo.

 

Montermini e Luca Filippi no alto do pódio da 1° corrida em Nurburgring.

Em tempo, César Ramos (campeão da F3 italiana em 2010) disputou a penúltima etapa, realizada em Monza. A bordo da Ferrari 458 Italia GT3, conquistou dois 5º lugar nas provas em território italiano, dividindo a pilotagem com o dinamarquês Johnny Laursen. Aliás, esse mesmo carro foi guiado Jan Magnussen nesta temporada. Entre os gajos, vale ressaltar a boa segunda posição na tabela na Super GT, obtida por Miguel Ramos (com Nicky Pastorelli no Corvette C6R #4).

 

Saudações do estado sem autódromo!

 

Fabiano Esteves

 

 

 

 

Last Updated ( Friday, 27 December 2013 11:13 )