Que venha 2016! Print
Written by Administrator   
Thursday, 24 December 2015 20:09

Mais um ano chegando ao final, clima de festas por todos os cantos. Apesar da crise econômica no país, o automobilismo nacional tem o que comemorar, mesmo com as críticas recorrentes, afinal no mínimo nossas categorias tem sobrevivido. A duras custas, é verdade, pois tivemos Interlagos fechado por boa parte do ano, na maior parte sem que houvesse iniciado de fato as obras. Ainda assim, sobrevivemos. E novos campos surgiram e prosperaram neste ano de 2015, principalmente no automobilismo de base.

 

Com o intuito de ser o primeiro degrau para kartistas e outros pilotos iniciarem no automobilismo, a Formula Inter iniciará sua jornada em 2016. Assim como o nome sugere, serão monopostos totalmente novos, produzidos especificamente para a categoria, além de ser monomarca, mantendo a igualdade de equipamento entre os competidores. Na gestão desta nova categoria, o empresário Marcos Galassi viabilizou a organização, além de contar com Roberto Pupo Moreno e Francisco Lameirão na equipe de profissionais responsáveis pela academia de pilotos, incubadora esta que já conta com 10 jovens em seus quadros. O intuito da Academia e da organização é a completa formação dos pilotos, não apenas quanto a pilotagem em si, mas também na parte física, psicológica, marketing, mecânica e softwares. O pacote em si já é extremamente interessante, oferecendo muito mais do que os campeonatos e equipes atuantes podem oferecer, geralmente.

 


Monoposto da F.Inter em exposição, na premiação do Capacete de Ouro 2015.

 

Da mesma forma que o “Formula” indica o uso de monopostos, Inter sugere ... não, nada do Internacional de Porto Alegre, mas INTERLAGOS! O templo do automobilismo brasileiro será a sede da maioria das atividades de pista da categoria, além de dar nome a mesma, é claro. A princípio serão 11 etapas na temporada inaugural, contando com treinos, classificação e uma prova por final de semana. Há 3 datas em aberto para eventos em outros locais (Goiânia, Cascavel, Londrina e Campo Grande estão em análise e conversas), e outra abertura é a possibilidade de alterações no formato, caso seja possível. Como todas as categorias seat and drive, os custos por etapa são divulgados, sendo hoje cerca de R$ 14.000,00, oferecendo pneus, combustível e toda a operação. A primeira etapa está agendada para 03 de Abril, e todas as provas da F.Inter em Interlagos integrarão o Campeonato Paulista de Automobilismo.


Montagem dos chassis da F.Inter, produção especificamente voltada para a categoria.

 

Enquanto uma surge ... outra se consolida após sua segunda temporada. A Formula 4 Sulamericana, ou F4 Sudam, consagrou mais um brasileiro em 2015 e teve suas duas últimas etapas como preliminar da Formula Truck. Pedro Cardoso foi quem levou a melhor neste ano, com o título conquistado na primeira corrida da última etapa, subindo ao degrau mais alto do pódio. Aliás, por 7 vezes em 17 provas Cardoso ergueu troféus da vitória. Outras cinco oportunidades esteve no top-3, e com esta consistência superou o seu principal adversário, o peruano Rodrigo Pflucker. Entre os demais brasileiros, destaque para Pedro Caland, conquistando duas vitórias e quatro pódios, e Leandro Guedes por duas vezes no pódio e uma vitória. A categoria surgiu logo após o fim da F3 Sulamericana, mantendo assim uma categoria de base continental, e totalmente nova no cenário automobilístico das Américas.

 


Pedro Cardoso e Pedro Caland, no pódio da F4 Sudam na etapa de Cascavel, preliminar da F-Truck.

 

As ações da FIA para a expansão de ‘franquias’ da Formula 4 tem surtido efeito, gerando boom de novas categorias ao redor do mundo, em grande parte substituindo campeonatos de Formula 3, há anos moribundos e carentes de investimentos. Na Europa, a F4 alemã chegou a contar com 40 carros no grid, e a italiana uns 30. No caso da versão sulamericana, a quantidade de monopostos alinhados é bem reduzida em comparação com as séries europeias, porém nada que possa inviabilizar a sua realização. Afinal, há críticas para campeonatos de base com tantos carros em disputa, pois reduz as possibilidades de desenvolver a maioria dos pilotos, tendo em vista um ponto de divergência da F4 daqui para as de lá: a séria latina não conta com equipes, a organização prepara os carros para todos, enquanto do outro lado do Atlântico há a divisão entre equipes e, logo, a questão financeira por trás das operações de cada time.

 


Bruno Baptista, campeão no ano de estreia da F4 Sudam, em 2014.

 

Contando com os chassis e motores da Signatech, utilizados anteriormente na finada Formula Futuro Fiat, a F4 Sudam contou com o apoio desde o início da Associação Uruguaia de Pilotos, resultando nos primeiros testes e provas sendo realizadas em nosso vizinho. Aliás, em 2014 nada menos do que 5 das 7 etapas foram realizadas no Uruguai. E por lá, os brasileiros iniciaram a “proto-hegemonia” na categoria, com o título de Bruno Baptista e o vice de Felipe Ortiz. Ao que se pode perceber, o Brasil ainda é o principal celeiro de pilotos na América do Sul, porém é preciso muito mais para que nossos jovens talentos consigam prosperar em suas carreiras, rumo aos principais campeonatos de monopostos do mundo. 2016 vem aí, e espero poder contar mais proezas de brasileiros no exterior, assim como o título de Victor Baptista na Euro Formula Open. Até lá.

 

Saudações, agora em São Paulo.

 

Fabiano Esteves