O sequestro de Abílio Diniz Print
Written by Administrator   
Monday, 02 July 2018 15:52

Era o já distante ano de 1989 e eu estava em Curitiba para a última corrida da temporada da extinta Fórmula Ford. Entre os participantes estavam Rubens Barrichello, Djalma Fogaça e Pedro Paulo Diniz entre outros pilotos. Apesar de não estarem brigando nem pelo título e nem pela vitória, Pedro Paulo e Fogaça tiveram um bom arranca-rabo na pista. Pedro estava na frente e durante várias voltas o Monstro, na época ainda era Caipira Voador, tentou ultrapassá-lo, sem êxito, pois a porta era fechada a todo o momento.

 

Sem paciência, bem ao seu estilo, que permanece até hoje, Fogaça começou a dar totós no carro do adversário. Pelo que me lembre, a direção de prova nem deu bola para a situação e no final os dois quase brigaram, literalmente. Mas tudo isso para contar que me lembro bem que, logo após o final da corrida, Pedro Paulo foi para a parte de trás dos boxes curitibanos e teve uma conversa, me pareceu que mais ouviu conselhos do seu pai, o já megaempresário Abílio Diniz, que tinha acompanhado toda a muvuca entre os dois.

 

Saímos, fomos para o hotel e depois para a festa de encerramento da temporada que teve um fato curioso e divertido, pelo menos para quem não estava acompanhado pelas esposas, namoradas e quetais, como era o meu caso. A festa foi num dos parques da cidade, se não me engano, no Parque Barigui. Em determinado momento teríamos uma queima de fogos de artifício e, claro, tivemos de sair para acompanhar do lado de fora.



Além de ser de paralelepípedos, com vãos grandes e de terra molhada, pois Curitiba tinha enfrentado uma de suas incontáveis chuvas, ficava bem perto de uma espécie de lago ou lagoa. Saímos para a apoteose da comemoração do encerramento de mais uma temporada e enquanto todos olhávamos para cima, na queima de fogos, poucos viram que o chão estava repleto de sapos, moradores da lagoa. Assim que as mulheres viram a sapaiada foi uma correria e vários saltos quebrados, pois entravam na terra na tentativa de fugir dos saltitantes anfíbios e crack.

 

 Pedro Paulo Diniz e aeu pai, Abílio, vencedor da Mil Milhas Brasileira ao lado de seu irmão, Alcides, em 1970.

 

Voltando ao assunto, na segunda-feira, dia 11 de dezembro de 1989, o nosso voo saía de Curitiba, claro e, para não perder o costume, o aeroporto da cidade estava fechado devido à neblina. Eu estava do lado do Pedro e do Márcio Fonseca, que foi seu assessor durante praticamente toda a carreira, quando vi os dois se afastarem e o Pedro pegou o primeiro voo assim que o aeroporto reabriu, estranhamente com destino a Foz do Iguaçu e de lá ele voltaria a São Paulo. Na hora nem eu nem ninguém entendeu muito bem o que tinha acontecido, mas como estávamos num grupo grande, continuamos a conversa até a hora do nosso retorno.

 

Pouco tempo depois ficamos sabendo que o Abílio Diniz havia sido sequestrado e Pedro Paulo estava voltando para casa o mais rápido possível onde seus seguranças já o aguardavam no aeroporto. Coisas da vida. Felizmente tudo terminou bem e o megaempresário foi libertado sem qualquer ferimento físico. Emocional é outra coisa.

 

Uma hora dessas, talvez ainda durante a Copa do Mundo, conto outra historinha minha com Rubens Barrichello em Curitiba.

 

Ia esquecendo que foi nesse mesmo final de semana que elegemos o jornalista Mala do Ano. E o troféu, com um carinha carregando uma mala, foi para Jorge Kraucher, que hoje mora em União da Vitória, no Paraná. Bons tempos…

 

Milton Alves