Covid, fusões, confusões e o jornalismo ‘proficionau’ no Brasil Print
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Monday, 29 March 2021 20:57

E aê Galera... agora é comigo!

 

Como escrevo essa coluna na segunda-feira, falando “ontem” me refiro ao domingo. Ontem, domingo, recebi um toque do Sinestro, o melhor narrador de automobilismo depois do Bolacha nos tempos áureos, sobre a minha coluna da semana passada (que pra contrariedade de muito coleguinha tem mais de 25 mil leituras por semana).

 

Ele esclareceu que a nova Fórmula Truck está filiada à Liga Desportiva de Automobilismo (LDA), que é uma alternativa de organização da CBA e prevista na Lei do Esporte (o Ogro aqui foi pesquisar). A LDA tem sede em São Paulo e organiza eventos quase em sua totalidade no estado de São Paulo, mas já realizou eventos em outros estados. Seja como for, torcemos pela estruturação e pelo resgate das raízes da maravilhosa categoria do saudoso Aurélio Batista Felix.

 

Falando em “Trucks”, mas agora da categoria que passou pelo processo de “gourmetização” para se enquadrar no “padrão globêstico” (a segunda vogal é bem essa...) e migrar para o canal por assinatura, tivemos o anúncio do adiamento da etapa de abertura, marcada para o final de semana 10 e 11 de abril, no autódromo de Pinhais também por conta da pandemia. É mais um adiamento para ir complicando o calendário de 2021 como foi no ano passado. E não adianta falar em medidas preventivas, de distanciamento e uso de máscaras. Quem prestou atenção viu que, as medidas começaram sérias, mas no final do ano, as imagens cansaram de mostrar os coleguinhas da imprensa, os pilotos, o pessoal das equipes, todo mundo negligenciando o uso de máscaras e face shield.

 

 A Fórmula Truck tinha uma interatividade única com o público que tomava e lotava os autódromos nos finais de semana.

 

Quem lê minhas colunas sabe que eu sou fã da Turismo Nacional. A categoria mais raiz e mais democrática do automobilismo brasileiro. A minha editora, Chica da Silva, a Rainha da Bahia, me mandou um release dizendo que a categoria passa a fazer parte do evento da VICAR, visando atingir o objetivo de criar “uma sequência de patamares, ou categorias, que ajude novos talentos a realizar o sonho de competir no principal campeonato sul-americano” (que no caso seria a Stock Car).

 

A Turismo Nacional é uma categoria sensacional. Eles reúnem em um final de semana 70 carros, mais de 100 pilotos, vindos de todas as regiões do país, carros de 10 montadoras (VW, Chevrolet, Renault, Hyundai, Citröen, Fiat, Ford, Toyota, Peugeot e Nissan) e 19 modelos nas três categorias (Super, 1A e 1B), com um regulamento simples e que prioriza o equilíbrio e o baixo orçamento, com segurança e pouca preparação. Ângelo Correia, o promotor da categoria, é um cara que merece o respeito de todos os promotores, patrocinadores e donos de equipes de todas as categorias do automobilismo nacional, mas todo ano tem que bancar 350 mil reais para manter a categoria homologada na CBA. É dinheiro!

 

A associação com o esquema/evento da VICAR pode atender um propósito econômico para a Turismo Nacional e um propósito técnico para a VICAR, com uma “categoria de entrada” atrelada aos seus eventos e fazer uma forma de “peneira” para buscar-se talentos, além de incentivar a molecada que sai do kart a dar um passo para o turismo em um carro com menor potência e um valor por temporada mais em conta. Daí esse plano funcionar é outra coisa: Na Turismo Nacional o piloto não gasta 200 mil por temporada. Na Stock Light, que seria o passo seguinte, a conta chega na casa do 1 milhão!

 

 Um sucesso nas pistas com seus grids e grande competitividade, a Turismo Nacional se associou à VICAR. Isso vai ser bom?

 

Mas a minha preocupação não é nem essa: o público da Turismo Nacional é um público acostumado com o trânsito pelos boxes, paddock e estrutura dos pilotos quando a categoria está no autódromo. Isso vai acabar! Em evento da VICAR só entra no autódromo quem tem credencial ou comprou ingresso e, área de boxes e paddock, é ingresso VIP. Em outras palavras, vai ter “gourmetização”! O que não pode acontecer é a categoria perder sua essência, ter subida de custos e perder o seu devido espaço, que é outra coisa que vai mudar: as corridas da Turismo Nacional sempre aconteceram em “horário nobre”, entre as 10:00 e às 15:00 horas, e eu acho muito difícil isso acontecer se eles tiverem que dividir o autódromo com a Stock Light e a Stock Car, principalmente depois que for possível fazer os eventos de público, com visitação dos boxes, as “voltas rápidas”. Mas não vamos sofrer por antecedência e vamos torcer para esse “casamento” dar certo.

 

Em condições normais, esse seria um assunto de menor importância para a gente colocar na “Sessão Rivotril”, pra falar 3 ou 4 linhas, mas foi muito pior do que eu – e qualquer um – esperava: por termos a semana santa e por um planejamento que fiz, não saí pra viajar esta semana e fiquei em Palmas. Assisti o programa matinal e o programa vespertino do canal por assinatura da antiga dona dos direitos de transmissão da F1. Assisti o programa de esporte da hora do almoço na TV aberta e, na reprise, a apresentação do programa nacional às 16 horas no canal por assinatura, só pra conferir... O GP DE F1 NÃO FOI SEQUER MENCIONADO!!! A “bola” do Nhonho deve estar mais murcha que uma uva passa! É esse o nível “proficionau” do jornalismo da emissora?

 

Acontece que isso não é novidade. A gente viu esse tipo de coisa com a Fórmula Truck, que dava surra no IBOPE na Stock Car e quando Emerson Fittipaldi, depois Gil De Ferran e Helio Castro Neves (antes de mudar o sobrenome) davam shows de pilotagem na Fórmula Indy e o jornalismo da emissora não dava sequer uma “nota de rodapé” sobre as duas categorias em seus programas na TV ou seus jornais escritos. Quem viu lembra do ‘Gaga’ Bueno tentando explicar quem era Beto Monteiro, tetra campeão da Truck (2 na Fórmula e 2 na Copa), que liderava o “Desafio das Estrelas” de kart que o ‘Macarroni’ organizava, sem poder falar o nome da categoria rival da Stock Car. Chamou o piloto de “caminhoneiro”!

 

Sessão Rivotril.

Seguindo meu mestre inspirador, está na hora de receitar as pílulas da semana.

 

- E tivemos a primeira corrida da F1 com transmissão da Band. Se formos olhar o evento como um todo, a cobertura foi muito boa, com pré-corrida, corrida e pós-corrida como nós, fãs do automobilismo, sempre desejamos ver e pudemos ver em um evento que não fosse o GP Brasil, onde a antiga emissora tentava fazer um agrado para nós na corrida de casa. Mas tem coisa que a gente tem que falar... e eu vou falar.

- Se você promete fazer uma cobertura desde Às 9 horas da manhã, não pode deixar as TVs locais ficarem empurrando na cara da gente, leilão de gado, revenda de carros ou pastor caça-niquel pedindo dinheiro. Se o horário está vendido nos domingos, tem que se fazer um arranjo para, nos domingos de F1, não ter esses “programas alternativos”.

- Outra coisa é deixar as coisas nas mãos certas: abre o programa com os apresentadores oficiais, dá 30 segundos pra cada um e passa para o estúdio da transmissão da corrida. Se deixassem o Caprichoso, o Matuzaleme, o Dr. Smith e o Goleiro de Pebolim trocando figurinha como fazem os apresentadores da Sky Sports a galera vai ter orgasmos na frente da TV.

- Sem o peso e a chatice por trás do “esquema globêstico” (a segunda vogal é outra, tá), o clima estava leve. O caprichoso deu uma escorregada no quiabo quando “deu a largada” com as luzes amarelas piscando no painel de largada e na cara de todo mundo que via a TV... tem que estar ligado. Mas depois disso, ele mandou bem, não deu nó na língua na primeira volta e não se perdeu na pista.

- Com o cara vendendo Palios, Sanderos e outras tralhas na TV, coloquei no Bandsports e fui rever o treino com a narração local (no sábado eu vi na Sky Sports) e o Matuzaleme me manda uma... “a Williams teve seu último momento com ‘o Macarroni’ em 2016 e 2017”... O novato ‘Anakim’ botou o ‘Macarroni’ no saco do papai Noel da Lapônia em todos os anos que correram juntos e os “melhores anos” da Williams-Mercedes foram 2014/2015. Lamentavelmente, não é de hoje que o “HD” do Matuzaleme vem dando umas bugadas.

- Pelo amor de Deus, se é pra ter um piloto na transmissão, escalem o Goleiro de Pebolim! Além de conhecer menos sobre a categoria do que ele, o Dr. Smith não consegue nem traduzir os rádios e as entrevistas dos pilotos. Como é que ele correu 15 anos nos EUA sem falar inglês fluente é um mistério.

- Por falar em entrevistas, deram liberdade pra ‘Caderuda’ (antes de falarem bobagem – e o advérbio não é bem esse... – vejam o personagem de Roque Santeiro) requebrar as cadeiras e ela mandou muito bem. Sempre que pediu deram entrada pra ela e a gente teve entradas ao vivo, antes, durante e depois dos treinos e corridas. Sem narrador de futebol pra atrapalhar, tudo fica mais fácil.

 

 Com aquela sinceridade de sempre e a tranquilidade de quem não deve nada a ninguém, Nelson Piquet foi 100% Nelson Piquet!

 

- Enquanto o pessoal da transmissão parecia estar super tranquilo no “pré-corrida”, o ‘Palhaço Carequinha’ e a ‘Chapolim Colorada’ estavam como peixe fora d’água no estúdio. Só faltava o cara cair de cara no chão na hora que foi buscar o Piquet nos bastidores. Eu ia rir pra caramba (a interjeição não era bem essa...).

- Nelson Piquet me representou, me representa e sempre me representará! Valeu cada segundo dele na transmissão, as histórias sobre a F1 e a F. Indy, mas mandar aquele #globolixo, ao vivo e a cores foi simplesmente orgásmico! (isso pode, né, Editora?).

- Pra coluna não ficar muito longa, deixo as pílulas da F2 pra semana que vem.

 

Felicidades e velocidade,

 

Paulo Alencar

 

    
Last Updated ( Tuesday, 30 March 2021 09:53 )