Geraldo Meirelles Print
Written by Administrator   
Sunday, 18 July 2010 12:02

 

 

Alguns pilotos da nossa geração dourada tiveram uma longa e vitoriosa carreira, incomodando bastante as gerações seguintes. Outros, em contrapartida, tiveram carreiras curtas, por opção própria, mas que marcaram época e deixaram seus nomes registrados na história do esporte à motor. Este é o caso de Geraldo Meirelles. 

 

Geraldo Cesar Meirelles Freire nasceu em Aparecida do Norte, no interior paulista. Contudo, considera-se Guaratinguetaense. Segundo o piloto, o nascimento em Aparecida aconteceu “por força de circunstâncias incontroláveis”, uma vez que o berço familiar da família Meirelles Freire é a cidade de Guaratinguetá, também localizada no interior de São Paulo por diversas gerações. 

 

Até os 6 anos de idade, viveu na maior parte do tempo, na propriedade rural da família, depois, já em idade escolar, mais assiduamente na cidade de Guaratinguetá. Ainda criança, aos 10 anos de idade, mudou-se com os pais (Francisco Meirelles Freire, promotor de Justiça e posteriormente tendo chegado ao cargo de Desembargador do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo e Quita B. Meirelles, Bacharel em Educação, mas nunca tendo exercido o magistério, havendo optado pelo trabalho social e dedicado-se à música clássica, tendo sido pianista e intérprete de Chopin) para a capital paulista, tendo entrado no Colégio Mackenzie. 

 

 

Na estréia em Interlagos, com um Volkswagen 1300cc, Geraldo começõu com pé direito, vencendo no GP Victor Lossacco.

 

Como a família gozava de uma ótima condição financeira, Geraldo Meirelles nunca precisou trabalhar como adolescente. Seu primeiro compromisso profissional deu-se apenas quando do período de estagio em 1962/63, como estudante de Direito, no Tribunal de Alçada do Estado de São Paulo, até formar-se em Direito em 1967, já, então, como integrante de escritório de advocacia. 

 

 

Geraldo também chegou a disputar algumas provas ao volante de um DKW, um dos grandes carros de corrida nos anos 60. 

 

O automóvel sempre foi uma paixão dentro da família desde o avô e o pai, assim parece ser algo hereditário, segundo o piloto. Contudo, entre o automóvel e o automobilismo há uma distância a ser considerada. Contudo, ao contrário do que a grande maioria dos nossos heróis passou, a família de Geraldo Meirelles não se opunha ao fato dele correr, mas também não incentivava, tão pouco ajudava financeiramente. 

 

 

Com a Berlineta Interlagos, conquistou vitórias nas provas de longa duração em Interlagos nos anos de 1963 e 1964.

 

Geraldo Meirelles iniciou-se no Rally, tendo participado dos Campeonatos Paulista de Rally, promovidos pelo Centauro Motor Clube entre os anos de 1958 e 1961, com Volkswagen 1300 cc, com colocações honrosas (3ºs., 4ºs., 6ºs., 7º.) nas varias edições dos Rallies de Piracicaba, das Águas, da Serra do Mar e Rally do Rádio. 

 

 

Uma foto para guardar para sempre: A equipe após a segunda vitória com a Berlineta. No canto da foto, Chico Rosa.

 

A estréia nas pistas aconteceu em grande estilo: com vitória! Geraldo lembra-se bem de seus grandes momentos nas pistas como se tivessem sido na semana passada: 1ª. em 1962, Recordista da categoria 1300cc. do  Autódromo de Interlagos, no Festival de Marcas – Prêmio Victor Lossacco, com Volkswagen 1300cc., 1º. colocado na prova de Marca e 1º. na categoria e 15º. na geral – 25/fevereiro; a 2ª. em 17/agosto, com  Renault Gordini, as 100 Milhas da Guanabara, 1º. na categoria 850cc. e 6º. na geral; a 3ª. e a 4ª., respectivamente, a prova 1.500 Kms. de Interlagos – 3º. na categoria 1000 cc., e na geral, com Willys Interlagos, 10 de novembro/1963; e, a 1.600 Kms. de Interlagos – 2º. na categoria 1000 cc. e 7º. na geral, com Willys Interlagos, 28/ novembro do mesmo ano, em parceria com Antonio Carlos Scavone; e, a 5ª. as 12 Horas de Brasília, 4º. na categoria 850cc. e 13º. na geral, com Renault Gordini, 25/abril, a quando tivemos de trocar a ponta do eixo  traseiro direito na própria pista em frente à sede do Banco Central . 

 

 

A foto de um momento que marcou a vida de Geraldo Meirelles e marcou a história da industria automotiva nacional.

 

Mas a grande recordação que ele trás consigo é a participação dentro do esporte foi ter o privilégio de ter a honra de poder ser recordista mundial: 21 dias; 48.977,139 Km., como integrante da Equipe Recordista Mundial em Permanência em Circuito Fechado, com Renault Gordini, categoria 850cc., classe G, anexo E, da FIA – 50.000 Kms. em 514 horas ininterruptas –26 de outubro a 17 de novembro. 

 

 

Nas principais revistas e jornais do Brasil a Willys publicou, com orgulho o feito conquistado por seus pilotos e seu produto.

 

Deste tempo, Geraldo Meirelles diz que, mais importante que os feitos, vitórias e troféus, o mais relevante dentro do esporte, seja ele qual for, é a possibilidade de granjear inúmeras amizades as quais perduram até o presente, e ou foram interrompidas por motivos alheios à vontade de todos os esportistas da categoria, pois sempre tivemos o melhor relacionamento com todos integrantes de todas as equipes existentes na época em que praticamos o automobilismo, a Willys principalmente, a Jolly na pessoa do Emilio Zambello, Simca com o Ciro e o Toco, DKW com muitos integrantes, como o Crispim e principalmente com o saudoso Jorge Lettry, e a memorável Dacon, na pessoa de seu mentor o Eng. Paulo Goulart. 

 

 

Durante 22 dias, o Gordini mostrou que o apelido de "Leite Glória, o que desmancha sem bater" era uma inverdade.

 

Ultima prova foi em 26/abril de 1965, às 12 Horas de Brasília, 1º. na categoria 850cc. e 8º. na geral  com Renault Gordini / 1093, da Equipe Willys. Com o desmantelamento, de forma oficial da Equipe Willys, foi um fato que concorreu para afastamento das corridas e com preponderância a carreira profissional que se iniciava naquele momento e à qual impreterivelmente havia de haver dedicação a todo vapor, pois tendo passado a integrar um escritório em formação, integrado por jovens advogados egressos da filial paulista de um dos maiores escritório de advocacia sediado no Rio de Janeiro, onde permaneceu durante 9 anos seguidos. Geraldo considerava que o automobilismo dificilmente seria um meio de vida para toda a vida e não deixou de seguir seus estudos no seguimento do Direito. 

 

 

As últimas participações de Geraldo Meirelles como piloto em provas oficiais foram com um Renault 1093, no ano de 1965.

 

Mesmo depois de ter deixado as pistas, o esporte continuou a fazer parte da vida de Geraldo Meirelles. Por alguns anos dedicou-se ao Hipismo, tendo sido integrante da Federação Paulista, de 1968/1969 Participou do Campeonato Paulista, disputando inúmeras provas pela categoria de estreantes, representando o Clube Hípico de Santo Amaro. Foi Vice Campeão na temporada de 1968 e 5º colocado na de 1969, tendo deixado o esporte em 1970. Em suas últimas provas como cavaleiro no Campeonato Paulista de Hipismo, conquistando o 2º. Lugar no CHN, em Campos do Jordão, nos dias 24; 25 e 26 de julho e terminando a temporada em 3º lugar. 

 

 

Geraldo também participou de algumas provas de kart. Na foto a "ilusão de ótica" de uma inverossímil ausência do bigode.

 

Na vida profissional, Geraldo Meirelles, seguiu os passos do pai, formando-se em direito pela Faculdade de Ciências Sociais e Jurídicas da Universidade Mackenzie em 1967, contudo, não optou pelo serviço público, tendo desde então, até inicio de1974, integrado um dos 10 mais importantes escritórios de advocacia de São Paulo; em seguida durante 12 anos ocupou vários cargos em empresas do grupo Philip Morris, da industria tabagista, tendo sido  fundador e Gerente do Departamento Jurídico, Assistente da Diretoria, e então Diretor de Assuntos Jurídicos e Corporativos; em 1995/6 colaborou com a MMC Automotores do Brasil, representante da Mitsubishi no Brasil, como seu Vice Presidente de Corporativos; logo após passou a representar escritório americano com sede em Washington, DC, juntamente integrando o escritório atual onde a 22 anos vem se dedicando à sua profissão, nas áreas do direito societário, contratual e imobiliário.  

 

 

Em 2007, com o filho mais velho - Felipe - com quem participou do campeonato paulista de turismo e força livre.

 

Profissional dedicado, nunca parou de se especializar, tendo feito pós graduação em uma das mais – se não a a mais – conceituada instituição de estudos do Direito em todo o mundo: A Harvard Law School, em Cambridge, Massassuchets e também em Direito Societário e Comparado, além de, igualmente, em Relações Humanas, na Michigan University, Ann Arbor, no estado de Michgan, nos Estados Unidos. Também pós graduou-se em Direito Internacional pela Faculdade de Direito da Universidade Católica de São Paulo. 

 

 

Mesmo depois de quatro décadas longe das pistas, Geraldo Meirelles não desaprendeu o caminho do pódio e das vitórias.

 

Na vida pessoal, Geraldo Meirelles casou-se no início dos anos 70 com D. Vilma Polak, tendo três filhos. Pela ordem decrescente de idade, o Felipe, quem participou na década passada do Campeonato Paulista de Turismo e Força Livre, sempre com produtos da GM (Monza e Opala); o Fabiano, participante de campeonatos de Surf; e o Fernando, que seguiu o irmão do meio, além de dedicar-se ao Paraquedismo, em São Paulo e nos Estados Unidos, em Houston, Texas e atualmente em Fort Lauderdale, na Flórida, contando com mais de 500 saltos. 

 

Atualmente continua atuando no campo do direito e lateralmente às questões ambientais de olho em atividades de reflorestamento e, sempre que pode, prestigia os eventos automobilísticos com os amigos e companheiros de pista de sua geração.    

 

Fontes: Depoimentos do Piloto, Revista Autoesporte, CDO.

 

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Last Updated ( Saturday, 07 August 2010 20:17 )