Entrevista: Rodrigo Mathias Print
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Friday, 11 May 2018 19:39

Ele não é um “homem da velocidade”... e nunca fez questão de esconder isso. Formado em Administração pela UFSC e com MBA em Marketing pela FGV. Rodrigo Mathias deixou a direção de novos negócios do Grupo RBS, onde construiu uma carreira de dez anos em eventos de entretenimento, esportes e negócios para assumir o desafio de ser o novo Diretor Geral da VICAR.

 

O grupo T4F fez uma aposta em um homem de negócios para gerir seu braço no automobilismo. É uma aposta – guardadas as devidas proporções – do Grupo Liberty Media, que está assumindo o controle acionário da Fórmula 1 com empresários do ramo, mas sem “vivência de esporte a motor”. Muito à vontade no mundo do show biz, Rodrigo faz um paralelo e, segundo ele, a Stock Car e as outras categorias que compõem o evento devem continuar crescendo como uma marca consolidada.

 

Em 2017 Rodrigo Mathias teve seu primeiro ano à frente do principal evento de automobilismo do país e depois de viver na pele a responsabilidade de tocar esta série de 12 etapas, entra em 2018 com algumas mudanças na estrutura do evento, com algumas ideias em mente e com muita atenção, parou por alguns (muitos) minutos para conversar com o entrevistador do Site dos Nobres do Grid.

 

NdG: Nós o estamos acompanhando desde o seu período de transição em 2016 para assumir a direção da VICAR. O que foi o ano de 2017 para você?

 

Rodrigo Mathias: Foi um ano de muito aprendizado e de uma construção da categoria em um outro ambiente. Um ambiente promocional, um ambiente digital, onde tivemos uma evolução muito importante neste aspecto. Eu digo que foi um ano de aprendizado porque, como todos sabem, eu não trabalhava no meio do automobilismo e neste primeiro ano pude ter o contato com toda a comunidade e começar a entender, ainda que de forma superficial, as questões técnicas, passar a entender o trabalho das equipes e dos pilotos. 2017 foi um ano onde passamos a ter um crescimento em termos de público no autódromo onde houve um aumento em termos de vendas de ingressos, em entrada de marcas trabalhando conosco, com relacionamento com clientes e foi um ano de retomada de investimentos, de captação de novas vias. Os investimentos digitais foram importantíssimos, onde passamos por uma reestruturação da nossa plataforma de comunicação, no uso e geração de conteúdo próprio, tornando nossos canais digitais ativos e onde também tivemos um crescimento de audiência nas transmissões da ordem de 12%. Então, sem dúvida foi um ano de início de um novo ciclo com a consolidação do produto.

 

NdG: Você é um profissional que formou-se e destacou-se na área de entretenimento. O que está sendo possível trazer desta área, fora do automobilismo para dentro do automobilismo?

 

2017 foi um ano de aprendizado, mas nós crescemos como negócio em 12% na audiência e isso é bom.

 

Rodrigo Mathias: O esporte hoje está muito vinculado ao entretenimento. Os grandes cases buscam para o esporte uma atratividade como entretenimento para seus públicos consumidores. Então, na minha leitura, nós mudamos um pouco a experiência deste consumidor, seja ela no autódromo, seja na interlocução com a categoria pelas ferramentas de comunicação. Quando a gente fala “no autódromo”, houve a modificação com o conceito do “village” entregue ao público. Desde os camarotes, ao paddock, até as arquibancadas com o que o público teria de experiência onde não é ir para ver uma corrida de carro, mas para passar o dia inteiro no autódromo de interatividade com o espetáculo. Na parte de comunicação, na minha leitura, trouxemos o engajamento do público através do ‘hero push’, onde a pessoa pode participar e influenciar na corrida da sua casa na performance do seu piloto favorito. Isso é algo que as pessoas viram na Fórmula E, mas também em outros programas de interatividade como o Master Chef ou o Big Brother.

 

NdG: A VICAR/T4F tem um contrato com o grupo Globo sobre os direitos de transmissão da Stock Car há muito tempo. Existe alguma cláusula contratual de restrição de imagem para com outras televisões, seja de sinal aberto ou por assinatura?

 

Rodrigo Mathias: Não. Não existe nenhuma cláusula contratual da parte de cobertura, editorial ou qualquer relação com outros veículos de mídia. O que há é um contrato de exclusividade de transmissão a partir das plataformas Globo e Globosat, tanto para a televisão quanto para meios digitais. Para transmitir as corridas, as demais emissoras não podem fazê-lo.

 

NdG: O sentido da pergunta é que, no futebol, e outros esportes, um canal de TV, mesmo tendo direitos exclusivos, teria que permitir 3 minutos de imagens do seu evento para efeito de noticiário das outras emissoras. A VICAR faz isso?

 

Rodrigo Mathias: Sim, nós disponibilizamos conteúdo para as outras emissoras produzirem, caso desejem, e fazermos isso por meios próprios. Depois dos treinos nós liberamos um pacote com os melhores momentos e após a corrida da mesma forma, e ambos podem ser compartilhados e exibidos por outras emissoras.

 

NdG: Você procura nos meios de mídia para ler ou ver as notícias sobre a Stock Car?

 

Rodrigo Mathias: Nós temos um acompanhamento diário sobre todo o material que é publicado tanto em mídia digital quanto impressa e também televisiva. Eu recebo este report diário e acompanho pessoalmente o que é divulgado sobre as categorias do nosso evento. Nem sempre eu consigo acompanhar todas, mas as mais relevantes e vou me mantendo atualizado de como o que estamos fazendo é transmitido para o público que acompanha o automobilismo.

 

NdG: Mesmo nos veículos do grupo Globo, em particular os jornais impressos, mas incluindo as revistas, é muito pequena, quase nenhuma. Nos outros meios, dos concorrentes, é menor ainda. Tem como mudar isso?

 

Eu procuro acompanhar o que é noticiado nos veículos relevantesda mídia digital, impressa e televisiva.

 

Rodrigo Mathias: Eu discordo que o nível de divulgação seja de tão baixa relevância. É verdade que o automobilismo como um todo e a Stock Car está neste meio perdeu muita visibilidade, principalmente no meio impresso, nos últimos anos, até por uma transformação do próprio meio, com a redução de páginas nos jornais, as editorias ficando mais enxutas. Eu venho de um grupo de comunicação e conheço um pouco de como ele funciona e como ele vem se transformando. Eu concordo que o espaço, a relevância dada à Stock Car nestes meios é muito menor do que é a relevância e o tamanho da categoria e isso temos que atribuir como uma falha, um déficit do trabalho da própria categoria. A gente já vem desenvolvendo um trabalho junto a alguns veículos e a gente pretende expandir este trabalho. Hoje está com os mais relevantes e depois seremos mais abrangentes para todos os meios que façam sentido e que possa dar o retorno que nós desejamos. Nós já temos um case muito interessante com o jornal Zero Hora onde há uma cobertura, tanto digital quanto impressa, fantástica da categoria. Foi uma relação estabelecida em 2017 e tem tudo uma recorrência muito grande e muito importante para a Stock Car, provocando uma projeção de marca na região e uma exposição do evento. Nós visamos replicar este modelo e fazer com que a categoria tenha a divulgação e visibilidade que merece.

 

NdG: Nós já fizemos alguns trabalhos com calendários para CBA, e promotores nacionais e estamos acompanhando essa questão na VICAR. Além da demora na divulgação, o calendário de 2018 ainda apresenta diversas indefinições, mesmo com o campeonato em andamento. O que está acontecendo?

 

Rodrigo Mathias: A gente tem alguns desafios no mercado nacional em termos de autódromos em condições de receber a categoria e temos uma estratégia de evitar a repetição de praças. Para garantir a demanda do produto. Quando se tem uma oferta muito recorrente a demanda tende a cair. A Stock tendo uma recorrência anual entendemos ser a melhor estratégia. Estamos estudando opções para a categoria poder estar presente em novas cidades e ter o mínimo de repetições possíveis. Das lacunas que temos hoje em breve algumas delas serão cobertas e todos serão avisados. Algumas ausências no calendário como Goiânia, que é uma pista de altíssimo nível, mas que está passando por uma manutenção para melhorar ainda mais suas condições e nós iremos oficializa a nossa ida para lá em breve, talvez até antes dessa entrevista ser publicada, e tem uma disputa sadia ocorrendo para se sediar a corrida do milhão e eu acredito que logo estaremos divulgando o calendário completo (Nota NdG: o plano era divulgar até a segunda etapa, mas ao final de maio, o site da categoria ainda mostra dois locais com datas sem definição, tendo a Corrida do Milhão sido confirmada para Goiânia apenas no último dia 18).

 

NdG: Neste cenário de carência de autódromos, as corridas de rua passam a ser uma alternativa a se considerar? O antigo presidente da CBA era contrário a corridas de rua. Ele dizia que onde se faz corrida na rua não se constrói autódromo. O que você pensa sobre isso?

 

Rodrigo Mathias: Eu sou radicalmente o oposto desta visão. Com a carência de autódromos no país, com condições de estrutura e segurança, faz-se necessário considerarmos a realização de etapas em circuitos de rua. A categoria não pode aguardar a construção de novos autódromos ou a reforma de outros autódromos para fazer seu desenvolvimento, sejam eles públicos ou privados. No nosso planejamento está a viabilização de realização de corridas de rua nas principais capitais do país, inclusive para aumentar ainda mais a relevância da categoria considerando a relevância econômica e de audiência que pode ser maior do que estar em cidades com menor número de habitantes e menor potencial econômico. Eu penso que a categoria precisa voltar a fazer corridas na região nordeste. Eu acho que levando o automobilismo para um lugar que não tem autódromo você fomenta o automobilismo naquela praça. Veja os casos do Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Brasília que está com o autódromo interditado com uma obra inacabada, embargada, que são praças com grande potencial e que desperta nosso interesse em ir para lá e fazer corridas de rua. Acredito que o fomento do automobilismo pode gerar oportunidade para construção de novos autódromos. Diferente do ficarmos aguardando a iniciativa pública ou privada de construir um autódromo nestes lugares.

 

NdG: Para ir a tantos outros lugares não teríamos que ter um calendário maior, com mais de 12 corridas, ou seria uma troca simples? A VICAR vê a possibilidade de ampliar seu calendário no futuro?

 

Rodrigo Mathias: Hoje a disponibilidade de autódromos para se fazer corridas é um limitador, sim. Caso em um médio prazo a gente conseguir concretizar o planejamento de evoluir com as corridas de rua nas principais capitais e ter um calendário que consiga abranger todo o território nacional, eu acredito que possamos ampliar o número de etapas no ano. Mas no momento não faz sentido nenhum considerar esta hipóteses quando você tem dificuldades em preencher as 12 datas com corridas únicas ou sem repetição de praças no calendário. O primeiro passo para se poder pensar na ampliação é consolidar a categoria em praças mais relevantes.

 

NdG: Quando você fala todo território nacional, até onde iria esta “fronteira” e como lidar com a questão de ordem logística para um deslocamento de 3000 Km ou mais, considerando-se capitais como Recife ou Fortaleza?

 

Temos um déficit de autódromos em condições de receber a VICAR e seu evento no Brasil. Corridas de rua são uma opção.

 

Rodrigo Mathias: Quando eu falo território nacional falo como um todo. É uma região que tem estas duas e outras cidades com impacto econômico e relevância nacional e que, certamente, poderiam dar um retorno capaz de absorver este impacto logístico para a promoção da categoria como um todo.

 

NdG: Ainda no campo do calendário, nós entendemos que existem pontos que precisam ser aceitos por conta de compromissos com parceiros, como a televisão. Como isso tem influenciado no trabalho de vocês?

 

Rodrigo Mathias: O que fizemos no ano passado e neste ano foi buscar um entendimento adequado para nós e para o conteúdo de motorsport da emissora para fazer suas transmissões, especialmente as internacionais como a Fórmula 1, na Globo, e a Moto GP no Sportv. Há também a questão dos finais de semana que são adequados ou não para se fazer um evento. Por exemplo, não dá pra fazer uma corrida no domingo de páscoa, que tem um feriadão e as pessoas saem da cidade. Dificilmente você vai ter um público que teria em outro domingo. Outro exemplo: Não daria para fazer uma etapa no dia 2 de dezembro em Interlagos. Eu também não quero... é a última rodada do campeonato brasileiro e o título pode estar sendo decidido! Eles (televisão) disseram que não dava para fazer o final da temporada naquela data e não faria nenhum sentido para nós fazer naquela data.

 

NdG: O que nos levou a perguntar isso foi por conta da ideia da corrida de abertura ser no sábado. O que vocês e a emissora pensaram em relação a isso? Como foi o processo de amadurecimento da ideia e qual a análise depois do evento?

 

Rodrigo Mathias: Nós entendemos que ter feito a corrida no sábado foi uma experiência muito positiva. Porquê? Porque é interessante para a categoria e nós devemos fazer testes de alguns modelos para entendermos quais são os pontos positivos e negativos de cada um deles. Pelo lado positivo foi bom a gente ter uma análise e fazer um direcionamento de médio prazo do negócio. Quando a gente quer fazer uma análise de visibilidade da categoria através dos meios de comunicação, dos parceiros de mídia, etc. E nós tivemos uma visibilidade superior ao que normalmente temos em uma corrida transmitida pelo Sportv e com um compacto pela Globo. Isso se deveu à janela de programação da principal emissora que é muito diferente em um dia de semana, um sábado ou um domingo. Então a visibilidade que tivemos foi muito positiva nos canais de comunicação. Em termos de público no autódromo, a arquibancada sofreu muito com isso. Sábado é um dia útil em São Paulo, as pessoas trabalham ou tiram este dia para resolver questões pessoais, familiares e isso teve um impacto direto na ocupação do espaço. Nas áreas de relacionamento este impacto não foi sentido, o paddock foi 100% vendido. Em resumo, para uma primeira experiência, foi positivo, mas isso nos levaria a pensar que a corrida no sábado para o público de arquibancada seria sempre ruim? Não, negativo! Existem várias experiências em outros esportes, dentro e fora do Brasil, em que horários e dias alternativos deram certo em curto prazo. Aqui temos o exemplo do futebol no domingo às 11:00hs da manhã, um horário que deu super certo e enche os estádios. No início os clubes não queriam. Agora todos querem. Na Inglaterra teve o mesmo com o jogo da noite das segundas-feiras e há outros exemplos. Isso não qur dizer que estejamos pretendendo fazer com que a Stock Car venha correr sempre aos sábados. Foi uma experiência  com aspectos positivos por um lado, negativo em outros. Há uma cultura de consumo onde o automobilismo tem seu espaço aos domingos, mas que pode sim, ser transformada.

 

NdG: Se há uma busca de entendimento entre a VICAR e a emissora de TV, vimos em Curitiba, pela primeira vez, uma etapa da Stock Car acontecendo no mesmo dia e horário de uma etapa da F1. Isso não é ruim para a categoria?

 

Rodrigo Mathias: Apesar disso nós tivemos o paddock totalmente vendido e vendemos mais ingressos de arquibancada do que no ano de 2016. No ano passado foi a corrida do milhão e esta sempre tem um público diferenciado. Os camarotes, sobre os boxes, também foram todos vendidos e ficamos muito satisfeitos em superar os números de 2016 uma vez que a corrida aconteceu no mesmo final de semana de um GP de Fórmula 1 e no dia da final do campeonato paranaense de futebol entre Coritiba e Atlético Paranaense, que para mim era o maior conflito. Não vou desconsiderar o conflito com Fórmula 1 e Moto GP, que para o consumidor de motorsport é muito importante e também tivemos Moto GP naquele final de semana, mas o conflito com o futebol e com uma decisão de campeonato é muito mais importante e que poderia ter um impacto mais negativo, e não teve. Por isso, inclusive, fizemos a corrida mais cedo para não conflitar com o futebol.

 

NdG: Este ano a Stock Car ganhou dois pilotos de grande nome, que estão em atividade em uma das mais importantes categorias do mundo: Lucas Di Grassi e Nelson Ângelo Piquet. Como atrair pilotos com este nome, ainda em atividade e mantê-los em uma categoria brasileira?

 

Enfrentamos um grande desafio na etapa de Curitiba. Era o domingo da final do campeonato paranaense.

 

Rodrigo Mathias: Passa por diversos fatores. É preciso garantir uma qualidade técnica na categoria e que a categoria continue se desenvolvendo, aproximando-se do que de melhor existe no cenário internacional, com força econômica que dê o suporte para isso através das marcas envolvidas e que se promova fortemente e esse novo direcionamento de comunicação digital que estamos implementando ajudará a romper fronteiras em termos de visibilidade do produto e possa aumentar o interesse de pilotos com carreira internacional e mesmo pilotos internacionais a vir para a Stock Car.

 

NdG: A Super TC2000 na Argentina, que seria “a Stock deles”, tem 8 montadoras envolvidas. Porque não conseguimos fazer algo parecido?

 

Rodrigo Mathias: Estamos trabalhando para isso. Estamos olhando o mercado com muita atenção, discutindo questões técnicas necessárias para que se torne atrativo este mercado e que possamos ter uma transição, até em curto prazo, para que possamos ter uma participação multimarca novamente, atraindo as principais montadores do mercado para o nosso evento.

 

NdG: Dentro da estrutura do evento da VICAR a categoria de acesso voltou a se chamar Stock Light. Qual a estratégia que vocês traçaram junto com esta mudança de nome?

 

Rodrigo Mathias: Na verdade e a oficialização da categoria como categoria de acesso, o que deixou de existir alguns anos atrás, oficialmente, com a mesma se chamando Campeonato Brasileiro de Turismo, que também fazia, como a Copa Petrobras de Marcas, o papel de categoria formadora de pilotos. Com esse novo projeto, além de ter de volta o nome da Stock Car e passar a ser promovida diretamente pela VICAR, ela vai tem benefícios para atrair e estimular os pilotos n categoria, com a premiação dos ‘Rookies’, para quem faz a primeira temporada em uma pontuação à parte e com limite de idade (25 anos), onde o campeão receberá uma premiação que é algo em torno de 20 a 25% do budget do ano para fazer a segunda temporada. O campeão também vai ter uma premiação com o equivalente de algo entre 18 a 20% do budget da categoria principal para ele poder subir de categoria.

 

NdG: Como categoria de entrada, a Stock Light tem um carro muito pesado, com um motor muito forte e um custo muito alto, em torno de 800 mil reais por temporada. Não seria mais racional ter uma categoria com motores menores, carros menores e mais leves, com custo menor para ser esta categoria de entrada e atrair os adolescentes que saem do kart, formando uma maior cultura de turismo?

 

Rodrigo Mathias: A gente tem estudado isso. Numa versão inicial a Stock Light vai ter alguns pilotos vindo do kart, mas não em sua maioria, mas alguns podem fazer esta transição direta, é um degrau relativamente alto, mas é possível. Para fazer uma categoria antes da Stock Light é preciso se fazer um estudo de demanda e mercado para ver se há viabilidade econômica para isso para se criar esta categoria e estamos fazendo isso, analisando possibilidades.

 

NdG: É muito caro promover automobilismo no Brasil?

 

Reincorporamos a Stock Light ao evento da VICAR, fazendo sua promoção para que ela seja uma real categoria de acesso.

 

Rodrigo Mathias: Muito! É um investimento muito alto, por etapa e no total do ano. Algumas etapas requerem investimentos adicionais por conta da falta de estrutura física que o país possui em termos de autódromos e de como foi desenvolvido o esporte nos últimos anos e nisso entram as responsabilidades do promotor, das autoridades desportivas como Federações e confederação, além de outros ‘players’ envolvidos que elevam os custos de um evento do porte do nosso.

 

NdG: Comparado com sua área anterior, com eventos como o Planeta Atlântida e outros, tem como traçar um parâmetro?

 

Rodrigo Mathias: Depende muito do trabalho que é desenvolvido, depende do tipo de produto que é apresentado e do público que se busca. A Stock Car, o evento da VICAR tem um potencial de negócios enorme e como produto é um produto espetacular. O que precisa é ter um trabalho eficiente de gestão, desenvolver-se em alguns aspectos para se tornar realmente interessante para todos os envolvidos.

 

NdG: Como promotor você precisou passar a ter que lidar com o lado político do esporte, federações e CBA. Como você está vendo este meio?

 

Rodrigo Mathias: Nós temos relação muito positiva com a CBA. Eu entrei na VICAR praticamente na mesma época que o Dadai [Waldner Bernardo] foi eleito e nossas conversas são sempre muito abertas, muito positivas e eu acho que ele tem um desafio muito grande à frente da CBA. Acho que muito maior que o meu. Aqui na VICAR a gente tem uma gestão privada, que pode determinar ou encaminhar mudanças com mais facilidade do que ele, mas eu o vejo disposto a fazer as mudanças necessárias para melhorar a gestão do automobilismo. Ele já deu alguns passos importantes, montou uma equipe mais técnica para trabalhar com ele e eu penso que muitas coisas demandarão muito esforço e muita habilidade para ele poder implantar, modificar para desenvolver o esporte para atingir o nível que ele precisa para alcançar o potencial que ele tem.

 

NdG: Como gestor, que estratégias de curto e médio prazo foram estabelecidas desde o ano passado e como estão se desenvolvendo estas estratégias?

 

Rodrigo Mathias: Passam pela repaginação da categoria para atrair novos capitais, novos investidores, realizarmos corridas de rua em grandes capitais para abrir novos mercados, atrair montadoras para participar do evento, quem sabe realizar uma corrida noturna... na minha leitura tem um universo de oportunidades que estamos começando a desbravar para colocar a Stock Car num novo platamar.

 

NdG: Como este conjunto de ideias está sendo visto no ‘board’ da holding, na Time For Fun, com o Fernando Altério e seus demais diretores?

 

O nosso projeto é colocar a Stock Car em um outro platamar, atraindo pilotos, mídia, investidores, montadoras e estamos afinados.

 

Rodrigo Mathias: Estão todos alinhados na mesma causa e no mesmo direcionamento. Isso faz parte do planejamento da companhia como um todo. Esse modelo foi discutido e entendemos que este é um caminho de construção, que tem vários desafios ao longo deste caminho para tornar a categoria mais relevante a médio prazo.


Last Updated ( Friday, 18 May 2018 15:24 )