Spyder Race - Londrina (PR) Print
Written by Administrator   
Tuesday, 07 December 2010 03:53

 

Imagine você, amigo leitor, ao volante de um verdadeiro carro de corridas, a mais de 200 Km/h. Não, isso não é um sonho impossível de ser realizado e existe um lugar no Brasil onde você, com um investimento muito baixo, pode tornar realidade aquele desejo de anos em sua vida. 

 

 

O Spyder é um protótipo cujo o design foi desenvolvido na Europa no final dos anos 90 e veio passando por melhorias. 

 

Londrina, cidade localizada no norte do estado do Paraná e uma das mais importantes do estado, possui um campeonato metropolitano com carros de corrida reais: os Spyder. Este protótipo foi criado e desenvolvido dentro de uma filosofia de se ter um carro com belas linhas, com caracteristicas de um verdadeiro carro de corridas e capaz de receber câmbios e motorizações que permitam desenvolver grandes velocidades, acima dos 200 Km/h. 

 

Petter William Januário, proprietário da empresa PW1 – Tecnologia em Protótipos desenvolveu o projeto baseado no Spyder europeu do final dos anos 90, aprimorando aspectos como suspensão, torção de chassi e um refinamento na aerodinâmica. Versatil, dependendo da motorização utilizada, pode dar trabalho a muito “carrão importado”. Para 2012, a PW1 vai trabalhar todo o ano de 2011 no desenvolvimento de um conjunto equipado com o motor Ford de competição, vindo da Europa, com 2.3L e 255cv. 

 

 

As corridas em Londrina são particularmente equilibradas devido ao regulamento: o carro é sorteado a cada prova entre os pilotos. 

 

Se na sede da Spyder em São Paulo a busca por tecnologia é diária, em Londrina o objetivo é outro: Por ser um carro facilmente adaptável, o Spyder também se presta como categoria de iniciantes e assim, ele se apresenta como uma porta de entrada para o mundo das competições. 

 

Os 13 protótipos que estavam parados em Pernambuco, depois de uma tentativa do presidente da FPA, Zeca Monteiro, de dar uma “sacudida” no automobilismo local ficaram um ano parados até que Beto Monteiro, piloto da Fórmula Truck, campeão de 2004 e filho de Zeca Monteiro, juntou-se ao paranaense Leandro Totti e encontraram, na “capital do café”, como Londrina era chamada (hoje o café não tem mais a mesma pujança na região) as condições necessárias para reativar a categoria com a proposta de fazer um automobismo de baixo custo, acessível a quem quer começar a vida nas pistas ou apenas ter um lazer aliado à sua paixão por velocidade. 

 

 

Seja com chuva ou com sol, a torcida local acompanha a categoria, que tem cobertura da televisão local. Algo raro hoje em dia. 

 

Melhor do que ficarmos falando nós mesmos sobre a categoria, deixemos que os seus organizadores falem.

 

NdG: Como a categoria veio para Londrina? 

 

Beto Monteiro: Meu pai (Zeca Monteiro, empresário e presidente da FPA) estava com estes carros parados em Recife. O campeonato que começou lá acabou minguando e estava tudo sem uma perspectiva. Eu achava aquilo péssimo, pois era um equipamento muito bom, capaz de proporcionar um campeonato de bom nível técnico e é um equipamento barato. Com estas nossas viagens e o conhecimento pelo Brasil, eu sabia que aqui em Londrina havia uma estrutura boa, com oficinas, mão de obra na área de preparação e potencial para que a categoria fosse reativada. Daí eu comecei a conversar com o Leandro sobre a possibilidade de a categoria poder ser reativada aqui. 

 

NdG: Mas se a categoria não vingou em Pernambuco, porque vingaria no Paraná e em Londrina? 

 

Beto Monteiro: Além da estrutura que já mencionei, a idéia de colocar os carros na pista aqui viria com algumas outras idéias e aí ele topou. Assim começamos o trabalho, que não é fácil, é um trabalho duro, cansativo, mas muito compensador para a realização da pessoa que gosta do esporte, que tem prazer pelo esporte e que quer ver o automobilismo bem difundido. 

 

NdG: Bom, neste caso vocês deixam de trabalhar dentro do cockpit, que é o “habitat natural” de ambos e partem para um trabalho fora, como organizadores, empresários, diretores de uma categoria... 

 

 

A dupla de pilotos da Fórmula Truck, Leandro Totti e Beto Monteiro são os responsáveis pela categoria no interior do Paraná. 

 

Beto Monteiro: É, a gente teve que começar a ver a coisa por este lado. A gente sempre foi piloto, nunca foi dirigente. Tivemos que aprender fazendo, errando, consertando... esta está sendo a primeira temporada aqui em Londrina mas o retorno a nível de interesse e entusiasmo que vimos aqui foi muito bom. Tivemos muita divulgação na mídia, exposição na TV, fizemos também outras ações aqui no autódromo junto com a realização das provas... foi um ano muito bom. 

 

NdG: Leandro, o nordestino tem um espírito meio nômade e ao mesmo tempo empreendedor. O tipo que não tem medo de desafio e larga sua terra natal. O Gaucho também é assim e eles tomaram direções contrárias um descendo e o outro subindo pelo Brasil. Você que é aqui da região, como foi que recebeu a abordagem do Beto e a proposta? 

 

Leandro Totti: Eu sou de uma cidade aqui perto, Ibiporã, mas há 12 anos envolvido com competição, eu vinha – nos últimos anos – trabalhando com fuscas e gols aqui no autódromo de Londrina. Quando o Beto um dia falou sobre os Spyders eu me interessei e comecei a pensar seriamente no assunto. O custo de manutenção e preparação aqui estava ficando muito alto e isso vai afastando os pilotos. Vai ficando difícil manter a regularidade e o grid. Como o Spyder mostrou ter um custo bem baixo e a proposta de ter carros iguais e com pouca preparação era bem econômica, iríamos ter condições de manter uma categoria atraente, com carros de corrida, e com um custo viável para os pilotos. Além disso, como os carros são iguais, é o piloto que faz a diferença. 

 

NdG: Então é mais barato manter um grid de Spyders do que um grid de fuscas? 

 

 

"A região tem uma grande tradição em competições automobilísticas e dá para fazer um projeto legal aqui em Londrina". 

 

Leandro Totti: Não... não é isso. Era assim: a preparação era por conta de cada piloto, então quem tinha mais dinheiro, preparava mais o carro e quem tinha menos ia parando porque os custos estavam subindo e ele não tinha como acompanhar quem investia mais. Com isso o grid ia diminuindo. Assim, pelo regulamento da Spyder Race, como a preparação é igual e feita no mesmo lugar, quem faz a diferença é o piloto.  

 

NdG: Porque Londrina? O que tem aqui que em outros lugares não tem? 

 

Leandro Totti: O gosto pela velocidade e pelo automobilismo sempre foi grande na região, muito mais do que em muitos centros do Brasil. Além disso, há espaço na mídia local para a divulgação e as pessoas acompanham as notícias da região. Temos um ótimo autódromo. Tínhamos todos os ingredientes para fazer a categoria dar certo aqui. 

 

NdG: Mas, como “marinheiros de primeira viagem”, vocês certamente tiveram alguns percalços, não? 

 

Leandro Totti: ah, sim, claro! No início do ano quebramos um pouco a cabeça, além do que, sendo algo novo, era preciso despertar o interesse dos pilotos e como temos 10 carros para colocar na pista, precisávamos de pelo menos 10 pilotos. Felizmente, com o passar do ano fomos aprendendo mais sobre o carro, as pessoas do meio conhecendo mais sobre a categoria e agora, no final desta primeira temporada, a procura tem sido tão boa que no ano que vem pretendemos ter mais carros na pista. 

 

NdG: Vocês falaram sobre igualdade de equipamento e custos... é tudo igual mesmo para os 10 pilotos? 

 

Leandro Totti: São mais de 10 pilotos. Como pelo regulamento da Spyder Race permite que dois pilotos dividam o carro, temos carros com dois pilotos. No total, temos 16 pilotos correndo aqui em Londrina. Todos os carros são preparados na mesma oficina, com o mesmo acerto, mesma calibragem, mesmo motor... na verdade, a cada etapa os carros são sorteados. O carro inteiro! Assim, um piloto dificilmente senta no mesmo carro duas corridas seguidas e isso coloca, mais uma vez, a responsabilidade de fazer a diferença no piloto. O piloto fica responsável só pela carenagem e pelos pneus, todo o resto é sorteado.  

 

NdG: E quando se fala em custo, quanto custa para correr na Spyder em Londrina? 

 

 

"Os carros ficaram um ano parados lá em Pernambuco e, conversando com o Leandro, vimos que havia possibilidades aqui". 

 

Beto Monteiro: São dois “pacotes”. Como um final de semana nosso tem duas corridas, fica a opção do piloto correr sozinho as duas provas ou, dividir o carro com alguém e cada um correr uma prova. Para quem corre sozinho, o custo do carro é de dois mil e quatrocentos reais por etapa, por bateria. Nós fizemos ainda uma oferta no início do ano: quem pagasse 12 prestações mensais, que começaram em janeiro, pagou dois mil reais por mês. Assim o custo ficou diluído e muito acessível para o nível do equipamento que a gente tem aqui. 

 

NdG: Se formos levar em conta que os pilotos que disputam campeonatos de kart em alto nível no Brasil precisam gastar algo em torno de dez vezes este valor... 

 

Leandro Totti: Exatamente. E este formato, nós restringimos também por outro lado: a quantidade de treinos também é limitada para não elevar os custos. Mas, hoje, pelo que temos de treino e de corrida, os pilotos estão todos muito satisfeitos com o retorno que estão tendo a nível de quilometragem percorrida, de aprendizado. 

 

NdG: Com relação a treinos, são feitas sessões exclusivas ou são apenas os treinos no final de semana das baterias? 

 

 

"Nosso objetivo é fazer uma categoria acessível aqui em Londrina. Para tal, o carro pode até ser dividido por dois pilotos". 

 

Leandro Totti: São apenas no final de semana da etapa. São dois treinos no sábado e as duas baterias no domingo. Se fôssemos fazer dias de treinos extras isso elevaria o custo da categoria ou se permitíssemos treinos privados, quem tivesse mais dinheiro para investir levaria vantagem e este não é o objetivo. 

 

NdG: Além de pilotos londrinenses e da região em volta, tem pilotos de outras partes do estado ou mesmo de outros estados do país correndo aqui? 

 

Leandro Totti: Temos até um estrangeiro! (risos) É um piloto americano que a família é brasileira, ele nasceu lá. Ele participa regularmente desde a primeira etapa. Temos 4 pilotos que vem de São Paulo, além dos pilotos por todo estado do Paraná. Temos um de Foz do Iguaçu além de Cornélio Procópio e da minha cidade. 

 

NdG: Vocês estão realmente criando uma alternativa até para pilotos que nunca puderam correr como um dia sonharam... dos pilotos que disputam a Spyder, tem muitos novatos? 

 

Beto Monteiro: Este ano, que foi o ano de estréia da categoria aqui, tivemos muitos novatos. Novato mesmo, de nunca ter corrido antes, nem de kart. De estar ingressando na categoria pela Spyder. Outra coisa que é muito legal é ver a evolução até absurda de alguns deles levando em conta aquilo que eles viravam na primeira etapa e o que eles viraram na última. Uma outra coisa que nos orgulhou muito foi de um piloto que correu apenas de kart e veio depois correr aqui, fez uma etapa na F3 sulamericana. Isso mostra um outro aspecto da categoria que é a de formar pilotos para seguir carreira, não apenas para correr por lazer ou prazer. 

 

NdG: Tendo tantos novatos, como tem sido o papel de vocês como orientadores destes pilotos? Afinal, vocês são dois nomes respeitadíssimos no cenário automobilístico nacional. 

 

Leandro Totti: Esta também tem sido uma experiência muito boa: orientar os pilotos que estão começando e a gente faz muito isso, desde o começo. A gente fica observando o comportamento de cada um na pista, onde freia, onde retoma, como atacam as curvas e aí, quando param nos boxes, entre um treino e outro, uma bateria e outra, procurando mostrar a eles como fazer melhor, como evoluir. 

 

NdG: Quando temos uma etapa aqui no autódromo, um final de semana, quantas pessoas trabalham com vocês durante o evento? 

 

"É com muita felicidade que vimos um aumento na busca da categoria e, para 2011, pretendemos ter mais carros no grid". 

 

Beto Monteiro: A parte de orientação dos pilotos é feita apenas por mim e pelo Leandro. Além de nós dois, vem uma equipe de mecânicos, com 10 profissionais. Como os carros já vem prontos da oficina, não é uma categoria que dê muito trabalho para fazer. O maior trabalho é quando um piloto bate e aí a gente tem que recuperar o carro.  

 

NdG: quando o piloto bate, esse custo não está incluído no custo mensal ou por etapa, certo? É uma despesa extra que ele tem que arcar? 

 

Leandro Totti: Sim, neste caso é o piloto que paga a despesa da recuperação do carro, mas isso na grande maioria das vezes, pelo menos em todas que ocorreu aqui foi muito rápida. Bateu num treino, no dia seguinte, para a corrida, o carro estava pronto. 

 

Beto Monteiro: No contrato que o piloto assina para correr na categoria está bem claro que as despesas geradas por ele são custeadas por ele. Por exemplo, se um motor quebra, temos como detectar se foi por uma falha do motor ou se foi, por exemplo, por uma marcha errada. É importante dizer que, o reparo sai pelo preço de custo do reparo. As peças, o serviço, não é como quem coloca o carro numa oficina em que o dono da oficina tem sua margem de lucro para sobreviver. Nós queremos que os custos sejam os menores possíveis. 

 

Leandro Totti: Essa questão do custo, de fazer com que a categoria fique sempre barata, sempre acessível, é o grande objetivo da gente e a gente tem feito todo o possível para que estes custos fiquem assim, os menores possíveis. 

 

NdG: A primeira temporada, então, foi um sucesso... e o que podemos esperar para a segunda temporada, em 2011? 

 

Leandro Totti: Nossa idéia é ter mais carros e, com mais disponibilidade, acreditamos ser possível baratear os custos ainda mais. A procura ao longo do ano foi aumentando e agora no final foi bem grande a quantidade de pessoas interessadas em conhecer mais da categoria. Se tivermos 15 ou 16 carros no grid a disputa vai aumentar, a emoção dos pilotos também e a nossa satisfação será ainda maior. 

 

NdG: Neste ano vocês chegaram até a fazer uma etapa fora de Londrina, em Campo Grande-MS. Existe chances de haver outras disputas em outros autódromos? 

 

 

"Nos finais de semana das etapas do campeonato, eu e o Beto damos toda a assessoria para os pilotos, ajudando-os a melhorar".

 

Leandro Totti: Quando fazemos uma etapa da Spyder Race, temos um custo que inclui a pista, ambulância... tudo isso está no contrato que assinamos com o autódromo para fazer aquela etapa. Se um outro autódromo oferecer um pacote onde os custos “empatem” com o que temos aqui, incluindo o deslocamento para o local, sem problemas. É até um desafio a mais para os pilotos e uma vitrine para mostrarmos a categoria e até conseguir mais pilotos interessados em participar. No caso da corrida em Campo Grande, a única despesa a mais foi a do deslocamento dos pilotos, mas todos toparam ir, até porque, não é tão longe. 

 

Beto Monteiro: Uma coisa importante que precisamos levar em conta, no caso de fazer uma etapa em outro local, é oferecer as mesmas condições que oferecemos aqui quando fazemos uma etapa em Londrina. Cascavel também é próximo daqui. Se tivermos uma condição boa para fazer uma etapa lá, podemos fazer também. Aqui em Londrina tem um programa da televisão local que faz reportagens, sai no jornal local, passa cenas das provas. Eles fazem um DVD e a gente entrega para os pilotos... isso é até um recurso que o piloto pode usar para buscar um patrocínio. 

 

NdG: Como é quem tem sido esta questão de mídia? Vocês tem uma assessoria de imprensa, alguém para mandar releases para sites e agências de notícias, alguém com contato nos jornais da região e/ou do estado? 

 

Beto Monteiro: Somos nós mesmos quem buscamos os meios de comunicação para fazer esta divulgação. O orçamento é muito curto e não teríamos como manter uma pessoa para fazer este trabalho. A gente também está aprendendo muito com o Marcos Gomes, da TV Tarobá, que é quem vem fazendo este trabalho de exposição da categoria através do programa Automotor. Em termos de mídia, tem sido um grande e valoroso aliado e a gente tem muito o que agradecer a ele. 

 

NdG: Bem, agora vocês vão ter mais um aliado neste projeto de divulgação que é o site dos Nobres do Grid. Vamos colocar este artigo no ar e esperamos que ajude a divulgar este excelente trabalho que vocês estão fazendo aqui. 

 

Beto Monteiro: A gente agradece muito este apoio e esperamos que muitas pessoas vejam a matéria no site e queiram conhecer o nosso trabalho e, porque não, vir correr conosco.  

 

Leandro Totti: Aqui vão encontrar dois pilotos, eu e o Beto, que um dia foram novatos também e que estão aqui para procurar ensinar a quem vier para a Spyder Race em Londrina aquilo que aprendemos nas pistas como pilotos, nos boxes como mecânicos e tudo que pudermos passar para eles.

 

Mecânica: 

 

Chassi da fábrica.AP 1.8 170cv.

Cambio 5 marchas do gol.620kg.

Pneu slick, o mesmo da F3. 

Velocidade máxima: 210 Km/h em Londrina. 

 

 

Quem estiver interessado em correr na Spyder é só entrar em contato com a Londrina Truck Racing pelo telefone (43)3327-7373.

 

Para poder correr: Ser piloto Graduado B, registrado na FPRA ou outra federação do país e credenciado pela CBA.

 

 

 

Last Updated ( Tuesday, 21 December 2010 16:01 )