Honda Junior Cup: Formando Pilotos Print
Written by Administrator   
Monday, 16 October 2017 18:17

Quando os fãs de automobilismo vão aos autódromos, conversam entre eles ou assistem corridas na televisão é lugar comum ver e ouvir gente falando que o kart é a categoria escola para se formar bons pilotos. E no caso das motos, como fazer? Apesar das motos de pequena cilindrada, não existem “motódromos” para elas e também não há, por parte das federações e/ou confederação uma comissão ou algo semelhante a comissão nacional de kart da CBA. Como formar novos pilotos então?

 

 

No programa da Superbike Brasil, evento de motociclismo de velocidade de maior projeção do país e, nos moldes que é a organização de eventos do automobilismo, é feita por um promotor – Bruno Corano – trouxe, em 2013, a Honda, fabricante japonesa, para uma parceria até então inédita no Brasil, com um projeto de formação de pilotos em moldes semelhantes a o que é feito no Japão e na Europa.

 

A Honda Junior Cup é uma categoria escola, que integra pilotos de 8 a 16 anos e tem o objetivo de formar jovens talentos do esporte brasileiro. Da forma em que está estruturada tem como ser a melhor forma de se abrir caminhos internacionais aos seus participantes, sendo a categoria é associada a European Junior Cup, classe do mundial de SuperBikes e que recebe crianças e adolescentes do mundo todo.

 

Conversamos com Leonardo Tamburro, que é o responsável direto pela categoria e ele explicou que os pilotos brasileiros passavam por um problema na sua formação e que isso era um fator para que não tivéssemos pilotos nacionais se projetando para o motociclismo internacional. Vendo esta lacuna, Bruno Carano conseguiu que a Honda investisse neste projeto.

 

O projeto da Honda Junior Cup vai bem mais além do que um aprendizado voltado para a pilotagem. Na Europa e no Japão, sede da Honda, as crianças começam a pilotar com 5 ou 6 anos de idade e todo o trabalho que é feito com estes pequenos desportistas aborda aspectos como disciplina, superação, pensamento estratégico, respeito, gerenciamento das emoções e medos, voltados para o esporte e para a vida.

 

Dentro do projeto da categoria, que tem motos de 150cc, equalizadas, com todos os equipamentos iguais para os pilotos, onde apenas a regulagem devido a altura dos mesmos é feita para que eles possam “encaixar” melhor nas motos. Além disso, os pilotos recebem durante as etapas, aulas de pilotagem e acompanhamento (coaching) nos treinos livres, para conhecer melhor as linhas da pista. Atualmente estes instrutores são os pilotos Dagoberto Moura Filho e Michel Dacar. Alguns pilotos podem ter também um acompanhamento de um “coach” particular.

 

Para a Honda é também um bom negócio, uma vez que o investimento no piloto que começa na categoria uma vez que um piloto bem formado e pilotando para a marca vai crescer na categoria e dar para quem investiu na sua formação um retorno positivo de exposição mor muito mais tempo do que daria, por exemplo, um piloto de uma categoria top, contratado por um valor alto e que talvez não expusesse a marca por tanto tempo.

 

Força no batom!

 

Um aspecto muito interessante observado na etapa realizada em Curitiba foi que, no grid com 16 competidores (segundo Leonardo Tamburro este número é maior, chegando a 20 ou 22 em etapas em São Paulo), quatro são meninas. Ou seja, 25% do grid que competiu no Autódromo Internacional de Curitiba era feminino.

 

 

Todas acompanhadas por seus pais, Beatriz – Bia – Valverde (15), Gabrielly Lewis (13, Raquel Vaz (10) e Giovana Brasil (9), e extremamente incentivadas, ao longo do final de semana mostraram que podem pilotar de igual para igual com todos os garotos da categoria e que tem um sonho, de se tornar uma piloto profissional e poder competir no exterior.

 

Os “caçulas” da turma.

 

Na faixa dos 9 anos de idade, sendo os mais novos a competir, Giovana Cana Brasil Carillo e Mario Salles Neto conversaram conosco e mostraram não apenas o quanto amam e se dedicam ao motociclismo, mas também uma desenvoltura diante do microfone que parecia estarmos ouvindo pilotos experientes e já formados.

 

 

“Gigi”, como é carinhosamente chamada pelos organizadores e pelos colegas da categoria, filha de pai motociclista e vendo o irmão mais velho competir na Superbike (Saulo Brasil Carillo compete na Copa Kawasaki Ninja 300 Light), não sossegou enquanto não convenceu seus pais a deixá-la pilotar também.

 

A negociação com a mãe foi dura. Ela, como toda boa mãe, achava muito perigoso, mas se era perigoso para o Saulo, o perigo para a Gigi seria o mesmo e ele estava numa pista, com todos os equipamentos de segurança. Vencida pela insistência da filha, atendeu o pedido de “presente de aniversário” de 9 anos.

 

O que era para ser uma etapa tornou-se disputa do campeonato e agora ninguém mais para a Gigi! Apesar de ser ainda uma criança, ela fala com decisão quando perguntada o que quer ser na vida: “piloto!” Contudo, Gigi não deixa o seu lado criança de lado e brinca como qualquer menina da sua idade, de casinha, de veterinária, porque animais são outra paixão, mas a “brincadeira séria” tem duas rodas!

 

Mario Salles Neto também vem de uma dinastia de duas rodas. Também com 9 anos, ele começou a pilotar com apenas 2 anos, numa minimoto dada por seu pai. Ao invés de uma bicicletinha com rodinhas, Mario tinha uma motocicletinha com rodinhas, que não levaram muito tempo para serem retiradas (essas coisas de DNA que a biologia tenta explicar).

 

 

Sem as rodinhas, o pai precisou improvisar uma corda para “segurar” o ímpeto do seu pequeno piloto, que só queria mesmo era “virar a mão” e acelerar fundo. De tanto insistir, Mario acabou indo para as competições de MotoCross... com 5 anos de idade! Segundo o piloto, lá é mais difícil porque as vezes tem lama ou então está muito seca e cheia de buracos. “no asfalto é mais fácil”.

 

Para Mario Neto não tem essa de aliviar. Tem disputas fortes na categoria, de se tocar moto um nos outros, mas ele disse que não se intimida em dividir uma curva com um piloto mais velho e mais experiente. Decidido, Mario também quer levar a carreira adiante e se profissionalizar como piloto.

 

Algo muito interessante foi a forma como ambos mostraram ser sua relação na escola. Afinal, não é comum ter um coleguinha de classe que seja piloto de motocicletas e dispute um campeonato brasileiro. Gigi disse que gostaria de levar sua classe inteira para vê-la corre em Interlagos e disse que alguns colegas assistem as corridas pela internet. Mario também gostaria de trazer seus amigos e até mesmo ensinar quem quiser pilotar.

 

Guardem esta matéria com carinho... quem sabe ouviremos muito sobre estes meninos e meninas.

 

O que a categoria oferece:

É integrada a um dos maiores campeonatos de motovelocidade do mundo;
Moto gratuita para participação na temporada, com mecânicos, combustível e pneus;
Equipe especializada com tutor, instrutor, pedagogo e coordenação esportiva;
Assessoria de imprensa dentro e fora das pistas, instrutores e aulas teóricas;
Provas nos melhores autódromos do país;
Um evento para toda a família.