Fortaleza (Eusébio) - CE Print
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Tuesday, 12 October 2010 20:41

 

 

Um pouco da história das corridas no Ceara. 

 

Bem antes de haver um autódromo no Ceará, as corridas já aconteciam. Sob a organização de José Queiroz, foram realizadas duas corridas na Av. Antônio Justa, no trecho que vai do Iate Clube até a rua Osvaldo Cruz, circuito em cujas extremidades faziam-se curvas de 180 graus. Foi com a participação do Automóvel Clube do Ceará (presidido na época pelo Dr. Luiz Queiroz), que José Queiroz “descobriu” a pista do Pici (antiga base aérea, utilizada pelos aliados durante a II Guerra Mundial), onde acontecia, todo final de ano, uma corrida.

 

José Queiroz faleceu de forma prematura, mas a semente que ele plantou já começava a dar fruto e o esporte a motor no estado já começava a se consolidar. Na época, o automobilismo cearense contava com pilotos do porte de Armando Barbosa, Antônio Cirino, César Figueiredo, João Quevedo, Neném Pimentel e Valmira (única mulher), dentre outros.

 

A cada corrida o público aumentava e como aquele era um espaço improvisado o risco de acidentes com o público e a própria pista para os pilotos começava a preocupar os diretores e pilotos do Automóvel Clube. Uma reunião com os pilotos, estabeleceu três ações a serem tomadas:  1. Recapear a pista e construir um lance de arquibancada; 2. Conseguir patrocínio para colocar cercas de proteção entre a pista e o público; 3. Conseguir permissão do DNOCS (supostamente proprietário do terreno) a fim de que se pudesse ter o mínimo de condições para a prática do esporte. As duas primeiras etapas foram conseguidas, mais a terceira não foi realizada, tendo o DNOCS se negado a assinar tal compromisso, alegando não ser proprietário do terreno.

 

 

Uma foto aérea tirada no tempo em que o autódromo cearense estava em construção. O traçado era diferente do atual.

 

Diante do impasse burocrático de não saber quem era o verdadeiro proprietário do terreno, para tornar possível a continuação do esporte, o então presidente do Automóvel Clube, Dr. Luis Campos, foi até a Confederação de Automobilismo e, em sua volta, trouxe notícias de que seria impossível e inviável a construção de um autódromo no Ceará, por causa do valor da construção.

 

Fez-se nova reunião entre os pilotos, que não haviam perdido as esperanças de construir um autódromo, ante a promessa do prefeito de asfaltar a pista e fornecer um lance de arquibancadas. Faltava apenas o terreno, que logo depois os pilotos conseguiram comprar da família de Raul Sá, com 33 hectares, localizado no município do Eusébio, onde está hoje sediado o Autódromo Internacional Virgílio Távora.

 

Achava-se que tudo estava certo, mas não foi bem assim, pois, após a compra do terreno, o prefeito de Fortaleza comunicou que não poderia cumprir a promessa que fizera, já que o terreno se encontrava na comarca do Eusébio, fora, portanto do Município de Fortaleza.

 

Mais uma vez os pilotos não se abateram, e, com o apoio de Manoel Franklim de Castro Gondim, criou-se uma comissão de pilotos para falar com o estadista Virgílio Távora em sua casa. Após relatar a situação a Virgílio Távora, este pegou o telefone e ligou para o então ministro Mário Andreazza, com os seguintes dizeres: “Mário, quero que você autorize o Amílcar [Távora] a mandar fazer o asfalto do autódromo da moçada que acaba de invadir minha casa”. Tendo como resposta do ministro o seguinte: “uma solicitação sua é uma ordem”, tendo sido autorizado de imediato o asfaltamento da pista. O então diretor do DNER, Amílcar, irmão de Virgílio, recebeu uma “comitiva” de apenas duas pessoas para concretizar o pedido. Virgílio recomendou que não fosse um grupo grande, que era bom irem apenas duas pessoas, porque seu irmão era “meio brabo”.

 

 

O evento da inauguração do autódromo levou uma verdadeira multidão ao pequeno município Eusébio, Era o 4º autódromo no país.

 

Em poucos dias as máquinas estavam lá... mas surgiu um novo impasse: Dr. Amílcar comunicou que não havia verba para pagar o asfalto à Petrobras, fazendo com que os pilotos tivessem que correr atrás dos recursos. O problema é que a compra do terreno já tinha sido bastante pesada para as posses dos pilotos, e a toda a hora apareciam despesas indispensáveis e inadiáveis.

 

Diante da nova dificuldade, Dr. João Quevedo foi bater à porta do Secretário de Planejamento do Governo Plácido Castelo, Dr. Marcelo de Caracas Linhares, cunhado do Dr. Édson Ventura, que prontamente liberou uma verba bastante oportuna, pois serviu para pagamento do óleo diesel e extraordinários aos funcionários das máquinas, que permaneciam trabalhando até 10 horas da noite.

 

O trabalho era conjunto, pois, ao mesmo tempo, um enorme grupo de dirigentes do automobilismo colaborava trabalhando em outros setores, como o saudoso Estácio Brígido, que buscava patrocinadores para propagandas nas paredes que faziam a frente do autódromo; como o Dr. José Ribamar da Silva, ex-presidente da Federação, que transportava, de Pacajus, trabalhadores que construíam as arquibancadas; como Lindolfo, Sebastião Pessoa (irmão de Miguel ‘Bang-Bang’), que dirigia um caminhão usado (comprado pelos pilotos) para dar apoio no que fosse necessário; como Humberto Brasil, que carregava em seu carro tambores de óleo diesel, de Fortaleza até a obra, para abastecer as máquinas que trabalhavam fora do horário; como Ronald Pedrosa, também ex-presidente, que se encarregara de destruir com explosivos um obstáculo, local em que a Shell patrocinou um viaduto, situado no final da reta principal.

 

Com toda essa mobilização, conseguiu-se, em quatro meses, disponibilizar o autódromo para a sua inauguração, que aconteceu em 1969. Nessa obra, todos os colaboradores ligados ao automobilismo nada percebiam; pelo contrário, tudo o que faziam saía de seus próprios bolsos. 

 

 

Uma das primeiras provas realizadas na pista, fruto da dedicação e do sacrifício de um grupo de pilotos... e de uma "ajudinha".

 

Finalmente, a inauguração do autódromo. 

 

Como não podia deixar de ser, foi uma festa de arromba, o então ministro Mário Andreazza veio pessoalmente para a sua inauguração, estando presente o estadista Virgílio Távora, o governador Plácido Castelo, o General Élery, o prefeito de Fortaleza, Sr. José Valter Cavalcante, Amílcar Távora, diretor-geral do DNER, o prefeito do município do Euzébio e outras autoridades de nosso Estado.

 

A imprensa nacional se fez presente, com José Lago, José Carlos Seco, tendo cabido à empresa de Luiz Severiano Ribeiro a incumbência de divulgar o evento para o resto do País. 

 

 

O evento principal da inauguração contou com a presença da equipe Bino, com a participação de Luiz Fernando Terra Smith.

 

Os hotéis de Fortaleza lotaram, verificando-se que muita gente era amante do esporte, tendo vindo muitas pessoas de outros estados, as quais não acreditavam ser possível tal realização, pois pensavam ser o Estado do Ceará uma terra seca de imenso atraso, a tal ponto que houve até pessoas que trouxeram água para beber, pois tinham certeza de que aqui só havia seca e cobras passeando pelas ruas. 

 

A inauguração do Autódromo Virgílio Távora trouxe para o Estado do Ceará investimentos de caráter turístico e industrial, atraindo investidores para o Estado. O Ceará assumia uma posição de liderança no automobilismo da região Norte-Nordeste. 

 

 

O grande piloto e instrutor Expedito Marazzi ministrou cursos no Ceará, passando os seus conhecimentos aos pilotos locais.

 

A prova de 65 voltas teve como vencedor o piloto da Bahia, Luís Pereira dos Santos, o "Lulu Geladeira", pilotando um Puma Espartano. Nesta prova 16 carros largaram e a média de velocidade de "Lulu" foi de 97,5 km/h. Em 19 de outubro de 1969 aconteceu o GP do Ceará com a participação de 22 carros e a vitória de Marivaldo Fernandes e Luis Fernando Terra Smith pilotando um Alfa GTA. Nesta época a pista tinha um traçado simples com apenas 5 curvas e 2500 metros. A largada era no sentido horário. No ano de 1970 foi realizada a primeira prova internacional do circuito, uma etapa da Fórmula Ford com vitória de Emerson Fittipaldi. A prova de Fortaleza foi, durante muitos anos, a única prova internacional realizada no autódromo. Após este momento, as provas mais importantes realizadas foram uma etapa de Divisão 3 em 1974 e uma corrida no ano inaugural da Stock Car em 1979. 

 

A inauguração do Autódromo Virgílio Távora trouxe para o Estado do Ceará investimentos de caráter turístico e industrial, atraindo investidores para o Estado. O Ceará assumia uma posição de liderança no automobilismo da região Norte-Nordeste. Contudo, enfrentava um grande problema a nível de cenário nacional: a distância geográfica. 

 

As dificuldades... nem tudo eram flores. 

 

Era complicado, principalmente naqueles tempos onde a logística era mais precária, manter um autódromo tão distante dos principais centros do país dentro de um “calendário nacional”. Os cearenses se esforçavam para manter e patrocinar alguns eventos que atraísse os principais carros, pilotos e equipes, mas com o passar do tempo o autódromo ficava cada vez mais voltado para o automobilismo regional. 

 

 

Nos dias de hoje, Eusébio faz parte da região metropolitana de Fortaleza. Chegar ao autódromo, saindo da capital é bem fácil.

 

Pelos pilotos locais, isso não era um problema, mas com o tempo, os custos de manutenção do autódromo foram ficando cada vez maiores e manter o autódromo funcionando passava a ser uma questão de sobrevivência. 

 

No início dos anos 90, as provas já eram disputadas no sentido anti-horário, usando o traçado antigo. Na reforma de 1997 o traçado do autódromo foi modificado ficando mais longo. A reforma foi garantida por convênio de cooperação técnica assinado entre a Secretaria do Turismo do Estado do Ceará, a Petrobrás e a Federação Cearense de Automobilismo. A reabertura aconteceu em 30 de novembro de 1997 com a realização da prova Seis Horas do Ceará. Com 237 voltas, a dupla Nelson Piquet/Ruyter Pacheco, do Distrito Federal, com um BMW, venceu a competição. 

 

Com uma boa sinalização, também pode se ir direto do aeroporto e ao chegar no autódromo, encontra-se dois acessos distintos.

 

A crise econômica que engessou a economia do país nos anos 80 deixou os proprietários do Autódromo Internacional Virgílio Távora em uma situação muito difícil. O autódromo corria o risco precisar ser vendido e de virar um loteamento.  

 

A salvação veio pelas mãos do então governador do estado, Ciro Gomes. Em 1993, o Governo do Estado comprou a área e colocou o autódromo sob a responsabilidade da Secretaria de Esportes e a gestão do autódromo passou para as mãos da Federação Cearense de Automobilismo, em regime de comodato. Desde então, a FCA tem gerido a manutenção do Autódromo Internacional Virgílio Távora, sendo responsável por mantê-lo funcionando e sem gerar ônus para o estado. 

 

 

Existe a entrada de serviço e do Paddock, logo à esquerda, e - indo em frente - chega-se a entrada para as arquibancadas.

 

No começo de 2006 foi feita a última grande reforma com mudança de todo asfalto e melhoria da estrutura do autódromo para a realização da 2ª etapa do campeonato brasileiro de 2006 da Fórmula Truck. Atualmente é administrado pela Secretaria de Esporte do Estado do Ceará e o administrador é o Sr. Gabrielle Cavalcanti Moreira. O autódromo também é palco de apresentações automobilísticas de manobras com carros, motos e caminhões, test driver, e de mostras e lançamentos de carros e veículos.

 

Em abril de 2006 foi realizada a primeira corrida da Fórmula Truck no autódromo. As modificações feitas na reforma alargaram algumas partes da pista e duas alterações no traçado para possibilitar uma corrida mais emocionante e segura. Neste evento foi reunido o maior público já presente numa prova de automobilismo no Ceará com mais de 53 mil pessoas. A reforma ampliou as saídas das curvas e as áreas de escape como o aumento das arquibancadas e melhorias na área dos boxes. A pista atual possibilita 3 traçados diferentes. 

 

O autódromo hoje. 

 

O site dos Nobres do Grid foi até o ceará para mostrar para seus leitores como se encontra hoje o Autódromo Internacional Virgílio Távora, matéria que pudemos fazer graças ao presidente da FCA, Haroldo Scipião uma vez que durante quase dois meses tentamos falar com o Sr. Gabrielle Moreira e, mesmo dizendo que era uma matéria que não traria nenhum custo para o governo do estado do Ceará e que traria publicidade para o estado, não conseguimos agendar uma audiência. 

 

A área atrás dos boxes possui um bom espaço e é completamente asfaltada. Existe uma estrutura de serviços compatível.

 

Como costumamos fazer, começamos a nossa matéria mostrando como se chega ao autódromo e chegar ao Autódromo Internacional Virgílio Távora é bem fácil. Seguindo sempre por largas avenidas e com sinalização bastante clara, tanto para que vai diretamente do aeroporto como para quem sai do centro de Fortaleza. 

 

As instalações do autódromo são simples. Nada envidraçado ou de aspecto suntuoso, mas tem condições de atender as necessidades das categorias que lá decidam correr, apesar de estar longe da perfeição, foi possível ver que existe trabalho de manutenção e cuidados por parte da FCA, responsável por gerir diretamente o espaço. 

 

Nesta área também encontra-se um restaurante/lanchonete com uma boa área coberta, além de banheiros para ambos os sexos.

 

Fomos ciceroneados pelo zelador do autódromo, o Sr. Raimundo José Ferreira, que trabalha há 6 anos no autódromo e que nos propiciou fotografar todas as instalações necessárias ao bom funcionamento de um autódromo. 

 

O espaço atrás dos boxes é amplo, permitindo que as equipes possam se instalar com comodidade, além de ser servido por uma lanchonete com um grande espaço coberto – algo extremamente útil para enfrentar o sol nordestino e banheiros, tanto feminino como masculino. 

 

A torre de controle não é muito alta... mas, devido a topografia do local, atende perfeitamente e dá uma boa visão ao Diretor.

 

 

A torre de controle tem apenas dois andares, mas como fica no ponto mais alto do circuito, permite a direção de prova ver praticamente todo o traçado. Do telhado, a vista para a instalação das câmeras de TV é ainda melhor. Ao lado da torre, na mesma estrutura, fica o posto médico, que não é muito grande, mas permite que sejam instalados os equipamentos necessários para o bom atendimento a um acidentado. Existe uma pequena sala de imprensa, mas – para um evento de maior porte – uma outra estrutura seria necessária. Os boxes estão passando por obras de reforma, com a troca da instalação elétrica e das portas de ferro para fechamento dos mesmos.

 

 

Os boxes tem uma boa dimensão para um autódromo daquela época e a administração tem procurado melhorar as condições de trabalho para os competidores. Existem três áreas cobertas acima dos mesmos para abrigar convidados... se fossem juntas, seria melhor.

 

 

Os 32 boxes do Virgílio Távora são bem amplos, principalmente considerando-se de quando data a construção dos mesmos. Sobre os boxes, mas não sobre todos eles, existe aquele espaço para convidados especiais.  

 

 

Vizinho à torre encontra-se o posto médico, que é aparelhado quando necessário. Próximo ao parque fechado pode se ter um heliponto.

 

A faixa de rolagem dos boxes é um pouco estreita e a área destinada aos postos de controle das equipes não oferece nenhuma proteção aos que lá estejam trabalhando caso aconteça algo dentro dos boxes, pois a diferença de altura entre a rolagem e a da altura de uma calçada de rua. Uma faixa de guard rail com uma lâmina resolveria o problema. Contudo, vimos que os pneus de proteção da mureta dos boxes estavam amarrados com cordas (!) 

 

Na área destinada ao público, na reta, onde são montadas as arquibancadas tubulares, a situação não é nada boa.

 

O espaço para o público é que deixou um pouco a desejar. A área de entrada tem um bom espaço externo, mas tem apenas 3 bilheterias. Existe uma arquibancada de cimento na reta dos boxes, mas o que seria o banheiro... bem, o promotor de um evento tem ao menos um bom espaço para montagem de arquibancadas tubulares e banheiros químicos. 

 

 

Boa parte da reta principal é em declive... e sendo longa, proporciona a chegada em alta velocidade ao contorno da 1º curva.

 

A pista em si tem sofrido com o desgaste natural do asfalto, mas ainda está em melhor condição que outros autódromos no sul do país. Com seus 12 metros de largura, o circuito tem uma boa reta, com sua parte final em descida, fazendo da primeira curva – a esquerda – um grande desafio... tanto que o nome da mesma é ‘curva do desespero’. 

 

 

A primeira curva, uma longa esquerda tem o apavorante nome de "curva do desespero". A área de escape é enorme.

 

A curva possui uma enorme área de escape e, se não fosse a estrutura de concreto ao fundo desta área, que é protegida por pneus, nenhuma estrutura como barreira, guard rail ou caixa de brita de faz necessária. 

 

 

Va saída da curva do desepero, quando começa a retomada, em subida é que se tem o muro um pouco mais próximo.

 

Com um raio longo, a curva do desespero leva a uma segunda reta, mas o final da curva, sua saída, já fica mais próxima ao muro que limita o autódromo, mesmo tendo uma zebra – baixa – a proteção no caso de uma saída de pista é um barranco. 

 

Na segunda reta, uma saída para a esquerda para uma opção de traçado e uma placa de concreto na entrada da curva.

 

A reta que se segue a curva do desespero tem, à sua esquerda, uma saída que é de uma das possibilidades de traçado do circuito (sim, o autódromo cearense ainda tem como opção algumas possibilidades de se alterar o traçado e criar para os competidores locais desafios diferentes nos campeonatos regionais). A boa reta termina em uma curva rápida para a esquerda que possui também uma boa área de escape... mas com algumas árvores como “proteção para o muro”, lembrando um pouco os famosos eucaliptos de Interlagos. 

 

A curva entre a segunda e a terceira reta é rápida. As zebras do autódromo são baixas e não tendem a "jogar o carro p/ dentro".

 

Nesta curva, observamos dois “reforços” feitos com placas de concreto para combater o desgaste excessivo do asfalto. Segundo o engenheiro Alexandre Roncy, a textura do piso de concreto foi feita para ser a mesma do asfalto, mas como o asfalto cede, existem ‘bumps’ em ambas e, sendo uma curva rápida, requer uma atenção especial dos pilotos. A zebra interna tenta não estimular os pilotos a querer “aparar a grama”. 

 

No final da terceira reta chega-se a curva onde começa o miolo do circuito. A área de escape é grande, ainda assim tem pneus.

 

Após a curva rápida, mais uma reta leva até a curva de entrada do miolo, uma curva lenta para a esquerda, com duas tomadas, levando a parte mais lenta do circuito. A curva conta com uma boa área de escape, com brita e tendo ao fundo uma barreira de pneus trançados, sem amarração. A saída da segunda perna da curva é o ponto mais próximo da reta oposta e, apesar da boa distância entre os dois trechos, um muro de concreto de proteção, separando ambos seria uma boa medida extra de segurança. 

 

Saindo da primeira curva do miolo, vai-se para o "S", que tem a segunda perna com inclinação negativa. um desafio a mais.

 

 

A segunda perna da curva do miolo forma, com a curva seguinte, uma curva em “S” onde os pilotos começam a aumentar novamente a velocidade. Na segunda perna desta curva, está o único muro de concreto que separa dois trechos do circuito. Mais uma vez, apesar da distância ser bem considerável entre eles, a prevenção falou alto uma vez que a área de escape neste ponto é em descida.  

 

O apoio da zebra é importante para a retomada e a chegada forte na curva do sol, num plano acima da do desespero.

 

Saindo deste primeiro “S”, uma pequena reta leva até a curva do sol, que tem o sentido oposto ao da curva do desespero, ficando no plano acima desta, mas a uma grande distância, dispensando a existência de muros ou guard rails. 

 

O "sol", feito no sentido oposto ao "desespero" também tem uma grande área de escape. no final, em subida, outro "S".

 

Na saída da curva do sol, temos um “S”, em subida, que leva até a reta oposta, que passa por detrás da área do paddock e que, tem no final, a entrada atual dos boxes uma vez que nas provas não tem sido utilizada a entrada da reta principal. A parte oposta a reta dos boxes passa por cima do túnel de acesso. A passagem está bem protegida por telas e barreiras de pneus, com zebras mais altas e enrugadas. 

 

Por trás do paddock, outro trecho rápido, com uma pequena curva à direita que, no final, tem a entrada do longo acesso aos boxes.

 

A última curva do autódromo tem uma inclinação negativa em alguns pontos, e uma área de escape tão grande quanto a da curva do desespero e uma boa zebra para apoiar o carro na entrada da reta dos boxes, mas o asfalto ali andou recebendo um reforço com cimento.  

 

Na passagem sobre o viaduto, outra barreira de pneus. Assim como a primeira, ainda sem ter o sistema de fixação com parafusos.

 

Em resumo, o autódromo tem as seguintes características: 

 

Extensão da pista: 3.000 metros; Largura da pista: 12 metros; Número de curvas: 7 (sete); Nomes das curvas: Desespero, Fernando Ary, Entrada do miolo, 90 graus, Sol, “S” e Dirce; Quantidade de boxes: 32; Quantidade de paddocks: 4 (quatro) com capacidade para 800 pessoas; Torre de cronometragem com dois andares; Secretaria de prova; Sala de imprensa; Sala de direção de prova; Sala de comissários; Pódio; Arquibancada interna para 1.500 pessoas; Arquibancada externa para 4.000 pessoas; Restaurante; Posto para abastecimento; Parque fechado para vistoria; Estacionamento; interno para 60 carros; Dois estacionamentos externos para 150 carros. 

 

A curva Dirce, que leva-nos de volta à reta dos boxes é longa, sendo boa parte em descida, com uma enorme área de escape.

 

O futuro. 

 

Existe um projeto para a modernização do Autódromo Virgílio Távora e com isso, torná-lo mais atrativo às categorias mais importantes do país. No projeto consta o alargamento das retas externas, com o prolongamento da terceira até a curva Dirce, configurando assim um trioval de alta velocidade, com uma largura de pista constante em 14 metros. Também seria alterado o posicionamento do túnel, com ampliação do mesmo, para a parte interna, além de modernização das instalações.  

 

Se for mal contornada, a perda de velocidade antes da grande reta dos boxes certamente resultará em perda de posições.

 

O custo da obra está orçado em R$ 4.000.000,00 (quatro milhões de reais) e, quando da pesquisa sobre o assunto, o projeto já havia sido apresentado à Secretaria Estadual de Esportes. A comunidade dos pilotos, os construtores de carros e os dirigentes da FCA esperam poder com isso ter em seu estado, um autódromo capaz de receber as principais categorias do país e continuar se fortalecendo, sendo o mais importante pólo de automobilismo da região. 

 

Os boxes tem duas entradas: a mais longa, e em uso, contorna por dentro toda a última curva. A mais curta, é na reta dos boxes.

 

No dia seguinte a visita ao autódromo, entrevistamos o vice-presidente da FPA, Sr. Marcos Beserra, para conhecermos um pouco mais sobre a administração do Autódromo Internacional Virgílio Távora. 

 

NdG: O Autódromo Internacional Virgílio Távora é um bem público, do Estado do Ceará. Contudo, segundo o senhor relatou, a administração está a cargo da FCA, que é uma entidade privada. Como funciona esta parceria, se é que podemos chamar assim? 

 

Marcos Beserra: O autódromo era um bem privado, pertencendo a uma associação de pilotos e esta estava passando por dificuldades para manter a pista em condições. Foi quando eles procuraram o governo do estado e conseguimos que o governo desapropriasse o imóvel, assim como promovendo algumas reformas. O valor recebido foi utilizado para pagar dívidas, mas então havia um novo problema: como e quem administrar? Então o autódromo foi colocado sob a responsabilidade da secretaria de esportes e assinou-se um contrato de comodato com a FCA para esta ter a administração direta. 

 

NdG: Como está a questão deste contrato de comodato? Ele é autorenovável? De quantos anos é o contrato? 

 

 

"A Federação Cearense de Automobilismo é quer administra - na prática - o autódromo. Temos bons canais com o governo". 

 

Marcos Beserra: São 20 anos de contrato, com renovação automática, salvo manifestação de uma das partes, que deve ser informada com pelo menos dois anos de antecedência. Estamos, não tenho certeza no momento, por volta do oitavo ano de contrato. 

 

NdG: O senhor falou que o governo não quis aumentar quadros, mas existe uma pessoa, o Sr. Gabrielle Cavalcanti Moreira que responde como sendo o administrador do autódromo. Inclusive tentamos falar com ele, mas não fomos atendidos, mesmo tendo insistido por dois meses por uma audiência... 

 

Marcos Beserra: Este senhor é responsável pelo estádio ‘Castelão’ e seria responsável pelo autódromo. Sabemos que consta das atribuições dele a responsabilidade pela administração do autódromo, mas ele não o faz, somos nós que fazemos. Ele é o elo de ligação entre a FCA e o governo do estado. 

 

NdG: Esta comunicação funciona bem? 

 

Marcos Beserra: Na verdade, hoje, nós temos um acesso ainda melhor ao governo do estado. O secretário da casa civil, Sr. Arialdo Mello Pinho, foi piloto e tem uma amizade muito grande com o presidente da FCA e isso tem nos facilitado. O Sr. Ferruccio Feitosa, Secretário de Esportes, tem dois irmãos que eram pilotos de kart. Isso tem sido de grande valia para nós neste aspecto de facilitar a comunicação com o governo do estado. 

 

NdG: A FCA tem o encargo de administrar o autódromo... mas, sendo um bem público, o governo do estado investe na manutenção, dá algum suporte financeiro, incentivo fiscal ou subsídio para o bom funcionamento do autódromo? 

 

 

"O Governo do Estado tem ajudado, sendo patrocinador de eventos neste ano, mas não há incentivos fiscais para o autódromo". 

 

Marcos Beserra: Incentivo fiscal, nenhum. Nenhum. Muitas vezes é fazendo cotas de arrecadação entre os pilotos que nós arrecadamos os valores necessários para fazer o que é preciso. Neste aspecto nós tivemos muita ajuda da Fórmula Truck, que investiu bastante em melhorias para o nosso autódromo e agora estamos no aguardo da confirmação da vinda da Stock Car para ter a verba liberada pelo governo para fazermos a reforma necessária para receber a categoria. Um exemplo deste sistema de cotas foi o que fizemos com o sistema de cronometragem, que foi desenvolvido aqui no Ceará e que os sensores dos carros custavam 800 reais. Cada piloto comprou o seu. 

 

NdG: Todo autódromo ocupa uma grande área e que requer manutenção constante. Como é feita esta manutenção? 

 

Marcos Beserra: O custo de manutenção é coberto pela taxa técnica que a FCA arrecada quando da realização de eventos, bem como com a renovação de licenças dos pilotos. O que a FCA arrecada, é investido no automobilismo. Além disso, contamos com a boa vontade de alguns pilotos. Por exemplo: um piloto que tem uma construtora, ele cede uma máquina para trabalhar numa obra do autódromo. 

 

NdG: Considerando este período de gestão do autódromo por parte da FCA, vocês tem conseguido que o autódromo gere alguma renda para se autocustear?  

 

 

"Assim como foi no passado, quando os pilotos se uniram e fizeram o autódromo, ainda hoje eles se unem e ajudam a custeá-lo".

 

Marcos Beserra: O valor das inscrições para os eventos é calculado de formas a custear as despesas. Este ano foi que tivemos um extra, quando o governo do estado resolveu promover o campeonato cearense de automobilismo. As 4 categorias (Marcas e pilotos, Superturismo, F. Vê e CTM2000) tem recebido do governo a parte de suporte de prova. Ambulâncias, fiscalização, bombeiros, comissários... todo este custo tem sido patrocinado pelo governo. Além disso, alguns patrocinadores privados do das categorias também ajudam a custear as despesas. Isso tem feito com que a taxa de inscrição seja algo simbólico, no valor de 100 reais. 

 

NdG: Além dos eventos de automobilismo, são feitos eventos que não sejam sobre rodas, de competição, para usar o espaço como meio de arrecadação de recursos? 

 

Marcos Beserra: Além das provas dos campeonatos cearense de automobilismo e motociclismo, temos os eventos de arrancada, que atrai um grande público, temos os eventos de competição de som, mas todos os eventos tem a ver com carros e motos. Nós também alugamos o autódromo para test drivers, para eventos de fabricantes de automóveis com seus clientes, também é feito os treinamentos das polícias militares e civil. 

 

NdG: Nós vimos que há uma arquibancada de concreto na reta dos boxes. Quando há um evento regional é feita a montagem de mais alguma arquibancada ou o paddock e aquela arquibancada atendem as necessidades? São montados banheiros químicos? O que a FCA oferece ao espectador que vem assistir uma corrida no Virgílio Távora? 

 

 

"O Aurélio Batista Felix fez muito pelo autódromo, investiu do próprio bolso. Não entendi porque a F. Truck não veio em 2010". 

 

Marcos Beserra: As arquibancadas da reta e a que fica próxima ao restaurante tem atendido bem aos eventos locais. Aquela arquibancada da reta é do tempo da construção do autódromo. Os banheiros locais atendem a necessidade nos dias de corrida, só nos dias de arrancada e Tunning é que há necessidade de colocarmos banheiros químicos. 

 

NdG: Até o ano de 2009 o autódromo recebia a F. Truck. O que houve para que eles não viessem em 2010? 

 

Marcos Beserra: Essa é uma coisa que muita gente não entendeu até hoje. Nós estávamos no précalendário no final de 2009 e depois nós saímos. Eu estive com o presidente da CBA, Cleyton Pinteiro ainda ontem e até comentei o assunto de não ter entendido porque não fizemos parte do calendário de 2010.  

 

NdG: Bem, até onde sabemos, a F. Truck tem uma certa autonomia na decisão de seu calendário, não ficando este determinado pela CBA, no máximo sendo propostos alguns ajustes... 

 

Marcos Beserra: Nosso contrato com a F. Truck terminava em 2009, mas era renovável... não sei como explicar a não vinda deles este ano. Isso me surpreendeu, pois o investimento que eles fizeram aqui foi muito grande e que em 3 anos não daria para tirar. Talvez os planos de reforma para receber a Stock tenha atrapalhado... a indefinição com eles durou até abril, mas não posso dizer que tenha sido esta a razão. 

 

NdG: Nós tivemos acesso ao projeto da reforma, com a criação do trioval, com o alargamento da pista... em concluída a reforma, qual a ambição da FCA em relação ao cenário nacional? Qual a expectativa dos pilotos locais em relação a esta reforma? 

 

 

"Nosso desejo é podermos ter um automobilismo regional forte e também conseguir ter aqui eventos nacionais de porte".

 

Marcos Beserra: Se tudo que está no projeto for feito, nós teremos aqui no Ceará, sem bairrismo, o melhor autódromo em termos de condições de trabalho para pilotos e equipes da região. Este trioval já existiu e refazê-lo é a parte mais simples. O mais complicado é fazer a parte para recebimento das equipes. Para trazer a Stock para cá, é preciso ter espaço para as categorias de acesso, é preciso ter um paddock maior, é preciso ter uma sala de imprensa maior... Vai ser uma obra demorada, que terá a construção de passarelas para o público, o novo túnel, que terá quase 100 metros... mas quando ficar pronto, vai ser um ponto de referência no país. 

 

NdG: No centro-sul do país praticamente não se fala sobre o automobilismo no nordeste. Como fazer para se reduzir esta distância que – nem sempre – é só geográfica? 

 

Marcos Beserra: Eu acredito no marketing... coisa que quase não temos por aqui. É triste que a própria imprensa local não dê a devida atenção ao que ocorre no automobilismo cearense nem como divulgação e nem como notícia. Não dá para entender que um evento que leva 5 mil, 10 mil pessoas a um autódromo não receba uma linha no jornal, nem para dar o resultado, nem para dizer que aconteceu. A divulgação que nós temos é fruto de esforço dos patrocinadores e do fato da associação dos pilotos terem contratado uma assessoria de imprensa. Este trabalho de divulgação está começando agora e esperamos poder contar com os Nobres do Grid nesta divulgação. 

 

NdG: Estamos à disposição e fazemos isso gratuitamente. Vamos falar um pouco sobre a segurança da pista... o senhor considera a pista do Virgílio Távora uma pista segura? 

 

Marcos Beserra: Certamente você conhece o Carlos Montagner, diretor de provas da CBA. Ele considera o nosso autódromo um dos mais seguros do Brasil. Nossas áreas de escape são muito grandes, tanto que praticamente não temos barreiras de pneus, guard rails e muros, as caixas de brita, as que temos são muito boas. Aqui não acontece acidentes graves por isso. 

 

NdG: As barreiras de pneus existentes ainda são feitas com pneus trançados e, no caso da mureta dos boxes, eles estão amarrados com cordas... este aspecto é algo um tanto quanto complicado, não? A FIA hoje apresenta uma configuração de fixação de pneus com parafusos em pontos alternados... 

 

 

"Com um trabalho de marketing bem feito, podemos ter eventos com grande público no autódromo. Se fizer coisa boa, o povo vai". 

 

Marcos Beserra: Nos eventos nacionais o autódromo é inspecionado e sempre foi aprovado. Estes improvisos podem atender as necessidades locais, mas se para um evento nacional, outras exigências forem feitas, nós faremos. 

 

NdG: Mas se o evento for regional a segurança não pode ser menor que a de um evento nacional. Temos carros rápidos no campeonato local... o risco continuará existindo. 

 

Marcos Beserra: Bem, até hoje a amarração com cordas tem resolvido... não tivemos até hoje um acidente grave. Esta amarração foi aceita inclusive numa etapa da Pickup Racing, que era um evento nacional. Enquanto não houver nada contra, não acho que vá ser necessário mudar. 

 

NdG: As telas que separam a pista da área onde são montadas as arquibancadas não possuem o sistema de cabos de aço passados por seu interior. Este sistema está no projeto de reforma? 

 

Marcos Beserra: Aquela tela foi feita pela equipe da F. Truck e foi aprovada nas inspeções da CBA. Este detalhe de estar ou não no projeto, só vendo para conferir se foi incluído ou não. Aquelas muretas na reta tem 1,5 metro de profundidade... mas este detalhe é interessante de se buscar. 

 

NdG: Quais são os objetivos da FCA em relação a estes mais 10 ou 12 anos de contrato de comodato na administração do autódromo? 

 

Marcos Beserra: Queremos fortalecer cada vez mais os campeonatos locais, inclusive atraindo pilotos e equipes de outros estados, termos categorias fortalecidas e tendo um campeonato regional forte possamos ter os olhos da mídia nacional e do automobilismo do sul do país olhando para o que fazemos aqui também. Nós já tivemos provas nacionais aqui e com a reforma, consigamos trazer novamente estas provas e possamos aparecer nos jornais e TVs de todo o país. Com o crescimento aqui, acreditamos que Caruaru vai crescer também e o automobilismo do nordeste como um todo vai crescer. 

 

NdG: Com 2 bons autódromos – aqui e em Caruaru – possibilidades de um circuito urbano em Salvador... dá para se pensar em um campeonato verdadeiramente regional de automobilismo?

 

 

"A segurança para os pilotos no nosso autódromo faz dele um dos mais seguros do país, palavras do Carlos Montagner". 

 

Marcos Beserra: No passado já tivemos vários campeonatos norte-nordeste. A nível de pilotos da região virem correr campeonatos aqui no Ceará. Estivemos com o presidente da CBA esta semana e falamos sobre isso. Podemos fazer, por exemplo, uma preliminar da Stock na Bahia, ou mesmo uma prova no sábado... e assim divulgar o automobilismo da região. Tendo um patrocínio para custear esta movimentação, podemos fazer, sim!

 

 

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Last Updated ( Monday, 15 November 2010 03:51 )