Quando a gente vai ficando “velho” (e na cabeça dessa garotada com 20 anos ou menos, gente com 40 anos ou mais, como eu somos “coroas”), as chamadas gírias que falamos fazem a diversão dessa geração mais nova.

Só nesse parágrafo acima eu falei algumas “gírias” que certamente são “papo de coroa” e eles se divertem com isso. Mas eu acho que o uso da palavra “mico” para se referir a passar vergonha, ou fazer algo vergonhoso em público, podendo ser por redes sociais ou algum evento familiar ou público, continua em uso.

No ano de 2020 a então chamada Stock Car Light tinha um grid médio de 20 carros (menos que os 23 da temporada anterior, mas ainda um bom número). O projeto era uma ‘bolha’ de fibra de vidro montada sobre um chassi tubular construído pela empresa JL, pertencente à família Giaffone. Um grid com boas disputas e que desde aquela época, proporcionava ao campeão de temporada um “incentivo financeiro” no formato de premiação para o campeão buscar um lugar na categoria principal.

O problema é que a categoria de acesso já era cara naquela época, com o custo girando (informação passada por alguns chefes de equipe) em torno de 700 a 800 mil reais para ter um carro competitivo (sem contar os reparos). Este valor era maior do que o custo de uma temporada na Porsche GT3 Challenge, categoria de entrada do campeonato “one team” que ao invés de ‘bolhas’, colocava nas mãos do piloto um carro com DNA de competição e uma história de mais de meio século nas pistas do mundo.

No ano seguinte, o grid deu uma encurtada. Começou o campeonato com o número de inscritos variando entre 13 e 14 carros, mas na última etapa, apenas 11 carros disputaram a etapa final em Interlagos. A redução do número de carros no grid certamente era algo que devia estar incomodando as pessoas da VICAR. Desde as antigas como Carlos Col como também as então chegadas há pouco tempo, como Fernando Julianelli.

Recapitulando, no início de 2021 Fernando Julianelli foi convidado para assumir o cargo de CEO da empresa a convite da própria VICAR e de Carlos Col, que ocupava o cargo. Com a medida, Col, que dirigiu a reestruturação da companhia, iniciada no final do ano anterior quando Julianelli foi trazido para a empresa. Com a mudança Col passou para o conselho consultivo e pôde se focar nas áreas técnica e desportiva.

No final do ano passado, a VICAR apresentou um plano de repaginação da categoria de acesso, com o lançamento de um novo modelo de ‘bolha’ – baseado no Chevrolet Cruze – mas o carro (o chassi tubular) permaneceria o mesmo, mas com um trabalho no conjunto para deixar o carro mais rápido e com reações mais próximas ao carro da categoria principal. Em paralelo a isso, veio a nova regra para pilotos acessarem a categoria principal, colocando a categoria de acesso como passagem obrigatória.

A ideia até poderia funcionar, mas o início da temporada de 2022 mostrou um quadro certamente preocupante para os executivos da VICAR. Na etapa de abertura em Goiânia o grid tinha apenas 7 carros. Apesar da corrida muito disputada por pelo menos 4 ou 5 dos sete pilotos e das “promessas” na narração de que teríamos novos carros e pilotos para as etapas seguintes, o pequeno grid repetiu-se na corrida.

Apesar da “proibição” de acesso à categoria principal (uma injustiça devidamente comprovada pelos pilotos jovens da Porsche Cup que participaram da corrida de duplas este ano em Interlagos e da performance “abaixo da média” de alguns pilotos claramente incapazes de acompanhar a maioria dos pilotos da categoria), se este era um mecanismo que a VICAR pretendia usar para ampliar o grid, a estratégia parece não estar funcionando.

Uma categoria com um custo alto, com categorias concorrentes como o TCR e a GT Sprint Race – sem falar da Porsche Cup – todas com um valor mais baixo para os pilotos que estão competindo em categorias de turismo, não está ajudando em nada a VICAR. Este é, talvez, o maior desafio desta temporada para Julianelli e Col.

Abraços,

Mauricio Paiva

Nota NdG: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do site Nobres do Grid.