Prezados leitores,

Surgiu na internet, há tempos atrás, uma foto de uma carreta puxando um Karmann-Ghia e logo atrás um Pick-Up puxando um Fitti-Vê, numa avenida que beirava o mar.

Bem, no blog que não me lembro mais qual,  perguntava se alguém poderia dizer que carros eram aqueles e que avenida era aquela.

O César Costa, um amigo, me enviou um e-mail com essa foto e quando bati os olhos na hora matei a charada e respondi: é a AV. Niemeyer e os carros são o Karmann-Ghia Porsche que meu irmão adquirira do Emerson Fittipaldi, aquele foi o dia da entrega, a Pick-Up era dos irmãos Fittipaldi e o fórmula era o Fitti-Vê que eles estavam trazendo para o Rio a fim de testá-lo nesta pista.

Esse dia da entrega foi inesquecível pra mim pelo seguinte: meu irmão havia saído para resolver algumas coisas e, de repente, toca o telefone. Atendo e do outro lado uma voz diz o seguinte: - É da casa dos Cardosos?

Respondi: - Sim.

Do outro lado: - Aqui é o Wilson Fittipaldi, o Sérgio está aí?

Respondi: - Não deu uma saidinha.

Ele: - É o Sidney?

Eu: - Sim.

Ele: - Olha daqui a uns 40 minutos estaremos no autódromo para entregar o Karmann-Ghia.

Respondi: - Ok, estarei lá.

Deixei recado lá em casa para que quando o Sérgio chegasse que fosse logo para o autódromo, (naquela época 1967, não havia telefone celular), expliquei que o Karmann-Ghia estava chegando e que eu estava indo pra lá.

Aí vem o que tornou este dia inesquecível, dentre outras coisas, como a de ver de perto pela primeira vez aquele carro dos sonhos. O Wilson desceu o carro da carreta, esquentou os motores e disse: - “Liga”, senta aí do lado para darmos uma volta e você ver que o carro está bom.

Agachei-me no chão, pois só havia um banco, o do piloto, onde sentou o Wilson. Segurei-me o máximo que podia no painel e no “SantAntonio”. O Wilson engatou a 1ª marcha e foi acelerando. De repente surgiu um ruído estranho e ele teve que parar imediatamente. E muito “P” da vida, percebeu que a turma da manutenção havia se esquecido de reapertar as rodas e uma das dianteiras, a do lado dele, havia se soltado.

Ele desceu furioso, deu uma bronca no Darci Medeiros e nos outros mecânicos que logo recolocaram a roda e reapertaram todas as outras.

Daí começamos tudo de novo, ele foi acelerando, trocando as marchas, lembro-me que quando entramos na curva Norte o KG saiu de lado e precisei me segurar muito para não cair lá dentro. Quando estava começando a me restabelecer do susto eis que surge a curva 1ª do Miolo, na velocidade que ele chegou pensei que não daria para entrar e que ele iria seguir pelo anel externo. Ledo engano. Ele freou bem em cima, jogou o carro de lado e entrou. Nossa... já estava  me vendo caindo naquele barranco e me segurando o mais firme que podia.

Bem, foi assim nas curvas seguintes. O susto tornou-se maior quando ele seguiu novamente na reta acelerando (pensei que ele fosse parar no boxe). Lembro-me da velocidade impressionante que o carro atingiu no fim da reta, pois agora já vinha embalado da curva Norte. Passou a placa dos 200 m, 150, 50 e ele com o pé no fundo do acelerador. Só quando estava bem perto que ele fez o punta-taco, reduzindo a marcha e entrou. Nossa! Quase caio de novo dentro do carro.

Bem, amigos, há coisa de uns três dias atrás fui à casa de minha mãe. E estão fazendo obras de manutenção nas paredes de dois quartos, trocando os conduítes que ainda eram de ferro, os fios etc. Com isso ela teve que tirar os armários de lá e tirou as coisas de dentro.

Agora vem o melhor da história. Sabe o que achei lá? Muitas fotos inéditas, inclusive as do Karmann-Ghia Porsche de meu irmão, ainda pintado nas cores do Emerson, igual estava na tal foto da carreta, apenas com duas faixas azuis e brancas para o carro ficar nas cores de nossa equipe (vermelha, azul e branca), que ele havia pedido para pintar no dia seguinte, já que teria uma corrida a fazer logo em seguida.

Estão aí as fotos: a tal foto do Karmann-Ghia na carreta e do Fitti-Vê atrás e essas duas do Karmann-Ghia entrando na garagem de nosso colégio.

Abraços,

Sidney Cardoso