Uma perda para nosso Motociclismo Print
Written by Administrator   
Monday, 10 September 2012 21:53

 

Por mais que os resultados na Fórmula-1 e na IndyCar nos últimos três anos não empolguem ao torcedor brasileiro, a condição de potência do Brasil no automobilismo mundial é indiscutível. Contudo, quando o assunto é motociclismo, a situação é diferente. Bem diferente. Nosso país é apenas coadjuvante nessa modalidade.

 

O principal representante do Brasil no Exterior atualmente é Eric Granado. Estreante na Moto 2, o paulistano, de apenas 16 anos, disputou seis corridas nesse ano e teve um 21º lugar em Mugello como melhor resultado. Marcas discretas que devem ser atribuídas ao período de aprendizado pelo qual Eric passa. De qualquer modo, decepciona notar que há apenas um brasileiro entre os 115 "riders" que já disputaram provas de MotoGP, Moto2 e Moto3 nessa temporada.

 

Há vários fatores pelos quais o Brasil não é uma potência no motociclismo mundial. Deixarei grande parte desses aspectos para textos vindouros. Nessa coluna contarei como a mãe de Emerson Fittipaldi, Dona Juze, atrapalhou o motociclismo brasileiro.

 

Atrapalhou? Como assim?! Explico.

 

Na primeira metade dos anos 60, o então adolescente Emerson possuía uma verdadeira “queda” por motos de competição. “Queda” a ponto de participar, com amigos, de corridas improvisadas em uma região pouco movimentada de São Paulo. Às escondidas da família, lógico. Motivado pelos bons rendimentos, inclusive sequentes vitórias, Emmo decidiu se profissionalizar. Entretanto, para isso era preciso pedir a “bênção” dos pais. A resposta foi um sonoro “não”.

 

O medo dos pais do Rato era justificável. Durante uma corrida de motos, em Interlagos, o pai de Emerson, o “Barão” Wilson Fittipaldi, sofreu um acidente que o deixou mais de três meses internado em um hospital. O jornalista e idealizador das Mil Milhas de Interlagos jamais voltou a correr.

 

Dona Juze e Wilson tentaram até distrair a Emerson com um veleiro. Entretanto, a experiência não foi das mais positivas. “Foi um desastre”, relata Fittipaldi na biografia Uma vida em Alta Velocidade. “Wilsinho (irmão de Emerson) e eu brigávamos todo tempo. Não importava quem era o comandante, quem ficava no leme ou quem cuidava das velas. Sempre terminávamos nos últimos lugares”.

 

Fato é que, certo dia, após alguma insistência, Emerson conseguiu o tão desejado “sim” dos pais para participar de provas de motos. Com uma condição: deveria participar de competições com motos de apenas 50 cilindradas. Assim o fez. Contudo, diante dos grandes resultados – e do evidente talento, recebeu convite para correr com uma moto oficial de fábrica... De 250 cilindradas!

 

 

 

Emerson aceitou o desafio. E correu às escondidas dos pais, em Interlagos. Escondidas?! Bem, ao menos era o que ele imaginava. Dona Juze descobriu que o filho havia descumprido a promessa de não ir além de motos de 50 cilindradas. Resultado: a casa caiu para o futuro bicampeão de Fórmula-1. “Nunca apanhei tanto na minha vida”, descreve Emmo. “Ela pegou uma vassoura e começou a me bater. Eu corria em voltas da mesa, saltando por cima das cadeiras, e ela atrás, me dando vassouradas”.

 

Foi o fim da carreira de Emerson Fittipaldi como motociclista.

 

De qualquer modo, convenhamos, o destino foi feliz ao Rato. Sob quatro rodas construiu uma sólida e vitoriosa carreira em 24 anos de participações na elite do automobilismo na Europa e nos Estados Unidos. Méritos de Emmo e, porque não, daquelas vassouradas de Dona Juze.

 

Abraços,

 

Rafael Ligeiro

 

Last Updated ( Monday, 10 September 2012 22:03 )