Esperança e desalento Print
Written by Administrator   
Wednesday, 22 March 2017 23:06

Caros Amigos, acredito que meus estimados leitores já perceberam que as colunas que escrevo são muito mais questionadoras do que assertivas. Prefiro convidar o internauta que lê o site dos Nobres do Grid a pensar – ou repensar – com o que eu escrevo não só as suas, mas também as minhas opiniões, o que acontece quando ele envia seus emails para mim. Sim, eu posso rever meus pontos de vista. Todos nós podemos.

 

Em um intervalo de apenas três dias - o último final de semana – vi dois aspectos completamente distintos no cenário do automobilismo nacional e um crescente questionamento sobre o que realmente vai acontecer nos próximos domingos, adicionando aos pontos vistos, o que estamos criando de expectativas, baseado no que vimos e principalmente no que não vimos.

 

No último final de semana enviei para o Autódromo Internacional de Curitiba um dos integrantes mais críticos e antigos do site para ver de perto como seria esta fusão entre um evento milionário e de sucesso como a Porsche GT3 Cup Challenge e a carente Fórmula 3 Brasil e diagnosticar se todo o esforço por parte dos chefes de equipe da categoria e da nova gestão da CBA poderia ter, efetivamente, algum resultado.

 

Não foi perfeito. O autódromo Internacional de Curitiba tem 30 boxes e não havia a menor necessidade de instalar a Fórmula 3 Brasil em tendas no estacionamento operacional, por trás do paddock, especialmente em um evento em que o acesso não é aberto ao público e, tendo em vista que a estrutura da categoria não ocuparia mais do que 6 ou 7 boxes.

 

O mais importante foi ver que 13 pilotos de 6 equipes (Cesário Fórmula, Prop Car, RR Racing, Hitech Racing Kemba Racing e Dragão Motorsports) foram para pista, sendo 6 pela categoria "A" e 7 pela recém criada categoria Academy, que contou com jovens valores vindos do kart, com o vencedor do prêmio da CBA, Pedro Goulart, que apesar dos rumores de que o prêmio não seria entregue, foi para a pista em um carro da RR Racing, de Rogério Raucci e dentro do programa de fomento a novos talentos, um piloto local foi incentivado a tomar parte da etapa, sendo este, Rafael Barranco.

 

Se por um lado foi uma ótima largada neste novo projeto da Fórmula 3 Brasil nesta parceria com a Porsche GT3 Challenge Cup, o domingo (o evento da Porsche termina no sábado) foi como aquele ditado, “véspera de fatura, dia de agrura”. Tivemos a triste abertura do campeonato da Fórmula Truck.

 

A corrida teve dois caminhões no grid. Eram nove os participantes da etapa, mas um não largou por problemas no treino da manhã do domingo. Lá estavam os dois caminhões da Mercedes, com as cores dos carros da Fórmula 1 e seus pilotos titulares – Wellington Cirino e Paulo Salustiano – andando de 3 a 4 segundos mais rápido que os demais pilotos inscritos para a corrida do Velopark, que não se confirmava, segundo o site do complexo esportivo, até a tarde da quarta-feira, aguardando o pagamento antecipado (exigência feita aos gestores da categoria). Enquanto isso, a caravana da categoria aguardava acampada em um posto de combustíveis próximo a cidade de Nova Santa Rita.

 

Na corrida, o esforço do diretor de imagens da geradora de imagens em não mostrar as arquibancadas da reta dos boxes tinha um motivo: Não chegavam a 5 mil espectadores ali presentes. Este era um grande orgulho da categoria: a capacidade de lotar as arquibancadas e ser a categoria mais popular do país. Mas como levar público sem levar pilotos para a pista?

 

O pior foram as imagens que vimos durante a corrida, com uma “disputa eletrizante” pela primeira posição entre os dois pilotos da equipe ABF Mercedes. Nunca nas corridas realizadas no autódromo do Velopark uma disputa entre os líderes aconteceu daquela forma, que aos olhos deste que vos escreve, e de todos com o mínimo de discernimento, pareceu der um arranjo no sentido de criar emoção em um espetáculo simplesmente lastimável e que, para todos que ao longo dos anos aprenderam a admirar a Fórmula Truck não pode deixar de questionar aos gestores da categoria como eles deixaram as coisas chegar ao ponto em que chegou.

 

A categoria dos fórmulas ainda tem muito o que fazer, mas está sendo assessorada por uma pessoa que sabe como fazer as coisas acontecerem. Carlos Col está trabalhando, assim como nós, sem remuneração, mas com trabalho e organização, pode estabelecer uma boa e convidativa relação custo/benefício para os meninos do kartismo que sonham com a carreira de piloto. Quanto a Fórmula Truck, um gestor externo, uma pessoa com a capacidade de enxergar e mudar o que precisa ser mudado poderia ser o caminho para trazer de volta os caminhões de volta ao caminho de sucesso que trilharam por duas décadas. Mas será que os proprietários da categoria aceitariam o fato de que precisam de ajuda?

  

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva


Last Updated ( Wednesday, 22 March 2017 23:18 )