Dois pesos e duas medidas Print
Written by Administrator   
Thursday, 05 September 2013 22:01

Caros amigos, acredito que todos já ouviram ao menos uma vez na vida – a expressão: “dois pesos e duas medidas”, não? A minha abordagem esta semana seguirá justamente por esta temática em nosso assunto de sempre, o automobilismo.

 

Recentemente lemos em toda a mídia – e o assunto foi tema de uma das minhas colunas – sobre o montante de dinheiro que o Autódromo Internacional de Interlagos irá receber para que sejam feiras as reformas exigidas pelo bom velhinho para que o Grande Prêmio do Brasil continue sendo realizado.

 

O contrato para a realização vai até 2014 e nada, absolutamente nada, garante que, mesmo que as obras sejam iniciadas, o contrato do circuito será renovado. Além do risco de as obras atrasarem (e obras aqui no Brasil sempre atrasam), Interlagos ainda sofre a concorrência dos demais candidatos à realizar uma corrida de Fórmula 1 em seus países e que estão “vendendo a alma ao diabo”, digo, ao bom velhinho, para poder fazer a corrida lá.

 

É evidente que a cidade de São Paulo, administrada por quem quer que seja, de qual partido for, tem interesse em manter a corrida como um de seus grandes eventos anuais em função da grande movimentação na economia local e no aumento da arrecadação de impostos. Mas vale mesmo investir tanto? Mesmo com a mudança do partido no comando da prefeitura, a resposta parece ser sim... ao menos para a Fórmula 1.

 

Acontece que a cidade possui outros dois grandes eventos internacionais de automobilismo, o que faz da megalópole paulistana uma singularidade mundial, uma vez que na cidade são disputadas as 6 horas de São Paulo, prova do calendário do Mundial de Endurance da FIA  e a São Paulo Indy 300, atualmente, a única prova da categoria fora do continente norte americano.

 

Quando estivemos cobrindo a etapa deste ano, as fotos enviadas pelo nosso Editor-Chefe chamaram minha atenção, além dos dados passados como haver um contingente de algumas centenas de profissionais, uma produtora independente (pra que?), transmissão com duas equipes distintas (Luciano do Valle e Felipe Giaffone para a TV aberta, na cabine de transmissão do sambódromo e Celso Miranda, com Sergio Jimenez e Eduardo Homem de Mello no estúdio montado no Anhembi para o Bandsports).

 

Tudo isso para que, para 3 ou 4 pontos de audiência? Faltou “pé no chão” para a emissora e o preço da fatura está aí: A Bandeirantes contratou uma auditoria independente – a McKinsey – para fazer uma análise e posterior “downsizing” em seu quadro de funcionários, algo que vem acontecendo nas companhias de comunicação. A análise da McKinsey detectou que a prova pesa muito aos cofres do grupo: pelo menos R$ 60 milhões por edição.

 

Com a redução de orçamento na Bandeirantes, a balança da conta penderia para o lado da prefeitura paulistana, que já deu todos os sinais que vai tirar o corpo fora, apesar das juras e promessas de amor eterno feitas pelo representante da SPTuris presente no Anhembi em maio último, Caio Pompeu de Toledo, e das evasivas do prefeito Fernando Haddad quando perguntado sobre o assunto em sua passagem pelo autódromo de Interlagos no último final de semana, quando da realização da prova do Mundial de Endurance.

 

Este é outro ponto interessante: O Mundial de Endurance, no ano passado, ano de sua estreia no Brasil e em São Paulo, recebeu cerca de 8 milhões de reais da prefeitura, então sob a gestão do Gilberto Kassab. Neste ano, já sob o comando de Fernando Haddad, que esteve no autódromo promovendo junto com Emerson Fittipaldi, autoridades, artistas e a imprensa oficial de todas as esferas de governo, a campanha contra a violência e a educação no trânsito, não foi dito o quanto a prefeitura “contribuiu” para a realização da corrida.

 

A pergunta é uma só: Um vez que a prefeitura investe um caminhão de dinheiro, todos os anos e agora, com a reforma que será feita em Interlagos, vários caminhões, por conta do retorno de um evento que ela considera interessante, porque não investir em um outro que pode dar também um excelente retorno?

 

Quando foram feitas as fotografias panorâmicas do circuito montado no Anhembi o que se viu foram arquibancadas tomadas. Certamente o público passou das 40 mil pessoas na corrida de maio último e este evento já não seria motivo suficiente para que a prefeitura olhasse com melhores olhos para o retorno que a corrida oferece?

 

Enquanto isso, no balcão do cafezinho...

 

Sabem aquele ditado de que “pão de pobre sempre cai com a manteiga virada pra baixo”? Pois é, já não bastasse a draga financeira que vem passando, um incêndio atingiu a sede da Marussia, localizada na cidade de Banbury, no condado de Oxfordshire, Inglaterra, na última quinta-feira.


De acordo com as primeiras informações fornecidas pela imprensa local, acredita-se que o incêndio tenha sido causado por uma falha elétrica na sala de servidores da sede da equipe e isso acabou por danificar os equipamentos de informática da instalação. A equipe de segurança da sede notou as chamas rapidamente e acionou o alarme. Bombeiros foram ao local e controlaram o fogo em menos de uma hora. Não houve vítimas.

 

Depois de muito ‘chororô’ nas semanas entre o GP da Hungria e da Bélgica, por parte de Fernando Alonso – o que lhe rendeu uma bela de uma bronca por parte do presidente, Luca Di Montezemollo – em semana de GP da Itália, onde as atenções estão mais voltadas do que nunca para a equipe italiana, o piloto garantiu, em entrevista coletiva no próprio autódromo, que não tem planos de deixar a Ferrari, com quem tem contrato até 2016. E foi mais além: disse que não descarta ampliar a duração de seu contrato.

 

Certamente isso tem cara de efeito colateral após o anúncio de Daniel Ricciardo como piloto da Red Bull para a próxima temporada. Depois de muito despiste, do Mark Webber falar mais do que a equipe queria e de tentar fechar um acordo com o embriagante Kimi Raikkonen, Os touros vermelhos da Áustria acabaram por decidir apostar na prata da casa, como fizeram um dia com Sebastian Vettel, que foi promovido da Toro Rosso para a Red Bull em 2009.

 

A coisa toda teve um “pra que isso” que não teve tamanho. Teve peça publicitária fazendo mistério, mas o pior foi a assinatura do contrato (se é que aquilo era o contrato, que provavelmente foi assinado no escritório) em um estúdio de Tv montado, com transmissão pela TV que a empresa controla na Áustria e colocou o piloto cercado por câmeras. Ali, o Ricciardo assinaria até dizendo que correria de graça. Será que não foi essa a ideia?

 

Com isso quem respirou um pouco mais aliviada foi a ‘Nega Genni’, que deixou de perder o Kimi ‘tomotodas’ Raikkonen para a Red Bull. Aliás, eles foram bem engraçadinhos na publicidade que fizeram sobre o assunto dizendo que agora tem um a menos na briga pelos serviços do campeão de 2007. Contudo, a situação financeira da equipe continua complicada.

 

Para ‘descomplicar’ um pouco, a equipe anunciou nesta semana a parceria com a Emaar Properties, uma empresa de investimento imobiliário de Dubai.A partir da etapa de Monza, a Emaar, que tem entre suas propriedades o Burj Khalifa, o prédio mais alto do mundial, terá sua marca exibida no E21 e em todos os outros produtos de marketing da equipe de Kimi Räikkönen e Romain Grosjean. O acordo de dois anos e pode ajudar a segurar o finlandês para a temporada seguinte.

 

Mas legal mesmo foi a divulgação do calendário provisório para o mundial de Fórmula 1 do ano que vem... com 21 etapas! Segundo a revista inglesa 'Autosport', todas as equipes do circo do bom velhinho já receberam a lista com locais, datas e asteriscos (porque sempre tem alguns asteriscos).

 

Entre as principais novidades estariam o retorno do GP do México (um dos asteriscos) ao campeonato e a confirmação da ausência da corrida em New Jersey (que nem entrou na lista). Outra ausência já adiantada e confirmada agora é a do GP da Índia, que retorna, teoricamente, em 2015. Quem, assim como o México, também voltar a figurar entre os locais que receberão a F1 é a Áustria, que terá o reformado Red Bull Ring – antigo A1 Ring – como palco do GP.

 

Entre as novidades estão o GP da Coreia (que leva um asterisco), e que um dos mais ameaçados para deixar a categoria, uma vez que a conta seria fechar com 20 corridas, mudando de data: passa do final do ano para o início, devendo acontecer no dia 13 de abril. E o “si pero no mucho” GP Rússia, no circuito de Sochi (com asterisco), programado para receber a categoria no dia 19 de outubro. Já o Brasil (sem asterisco), fica com o encerramento da temporada. A lista definitiva da F1 para o próximo ano deve sair após a reunião do Conselho da FIA (Federação Internacional de Automobilismo), entre os dias 26 e 28 de setembro.

 

E essa agora: GREVE! Às vésperas do GP da Itália de F1, jornais italianos noticiam que os fiscais da prova em Monza ameaçam fazer greve neste fim de semana. De acordo com a imprensa, a paralisação é resultado da insatisfação dos voluntários, que não receberam do Automobile Club d’Italia o reembolso de suas despesas de viagem para a prova do ano passado. Acho que lemos algo assim por estes lados há bem pouco tempo, não?

 

Cruzando o oceano, está rolando uma conversa um tanto quanto estranha pelos lados do templo de Indianápolis. Ryan Briscoe, vai realizar uma bateria de testes livres ao lado de Graham Rahal no traçado misto de Indianápolis. Os testes fazem parte da programação da categoria para realizar uma corrida extra no local já em 2014, além das 500 Milhas de Indianápolis, utilizando também o circuito alternativo, originalmente projetado para a F1 e já usado, no passado, por MotoGP e ALMS.

 

Mas o grande assunto da semana no cafezinho foi mesmo a confusão da corrida de Baltimore... ou seria “Bate More”? Scott Dixon. Um cara pacato, educado – deve ser coisa de membro da comunidade britânica, né? – e vice-líder da temporada deste ano da Indy, não aliviou nada no discurso contra o diretor de provas da categoria, Beaux Barfield, por conta não só do incidente com Will Power quanto o australiano jogou seu carro para cima do neozelandês e o prensou contra o muro perto do terço final da prova, mas também pela reclusão de seu carro após o acidente, impedindo-o de reparar o carro e voltar à prova.

 

Dixon estava furioso, De dedo em riste e sem poupar “adjetivos”, reclamou acintosamente dos critérios adotados pelo diretor para distribuir punições e, principalmente, o acusou de não ter devolvido seu monoposto de volta aos boxes da equipe, alegando que apenas um braço da suspensão havia sido danificado e que ele tinha condições de retornar à prova e marcar pontos.

 

E o pior é que o assunto parece ser coisa antiga: "Tivemos essa mesma situação com Beaux em Long Beach, há dois anos, onde ele me deixou de fora de toda a corrida", relembrou o neozelandês, revelando antigo ressentimento com o diretor. "Tivemos um problema no motor que poderia ter sido corrigido em pouco tempo, e ele nunca nos deixou voltar para a pista. É muito óbvio que Beaux não pode fazer seu trabalho. Ele não é capaz disso e precisa sair."

 

Dixon também acusou a equipe Penske de agir, deliberadamente, para tirá-lo da corrida. "Naquela velocidade, em quarta marcha, não há chance de o carro sair. Ele sabendo ou não que estávamos lá, foi apenas estupidez, realmente. Foi engraçado no rádio. Nós estávamos ouvindo a Penske, e o que o [Tim] Cindric – principal dirigente da Penske na corrida – estava dizendo para o [Will] Power o que, exatamente, ele precisava dizer quando saísse do carro". Quem ganhou com isso foi o líder do campeonato, o brasileiro Helio Castroneves, que mesmo não estando no acidente, pediu desculpas... que não foram aceitas, claro!

 

Ainda vai passar muito etanol embaixo desta ponte.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva