Somar, e não dividir Print
Written by Administrator   
Friday, 04 October 2013 08:15

Caros amigos, por mais que vivamos, uma certeza há de nos perseguir – pelo menos a mim haverá: sempre haverá uma novidade, um fato a nos surpreender e a ir de encontro aos nossos pontos de vista nesta vida. Seja para melhor, seja para pior.

 

Há algumas semanas li no “Diário Motorsport”, do excelente jornalista Américo Teixeira Jr. uma sigla que me chamou a atenção por eu considerar que “estava errada”: “FBA? Federação Brasiliense de Automobilismo? Mas a Federação de Automobilismo do Distrito Federal chama-se FADF! O Américo está enganado...”

 

Depois, li a mesma sigla em diversos outros locais e comecei eu a pensar: “tem alguma coisa errada aí”. E realmente tinha. E realmente tem! O Distrito Federal tinha – e “tem” – há 8 anos – duas federações de automobilismo registradas. Contudo, até meados de 2013, era a FADF (criada em 2005) quem estava filiada à CBA como representante legal dos interesses e da administração do automobilismo no Distrito Federal. A estória é longa, complicada e começa bem antes do primeiro mandato do atual presidente da CBA, Cleyton Pinteiro.

 

Quando o presidente da CBA era o Dr. Paulo Scaglione, havia na CBA o “voto qualitativo”, onde as federações estaduais com um maior número de pilotos e clubes filiados tinha um “voto proporcional” à este número, com os “pesos” indo de 1 a 5, algo que dava mais representatividade tanto a clubes quanto a pilotos. Este tipo de voto caiu quando o grupo que articulou a candidatura de Cleyton Pinteiro – por uma CBA de verdade – chegou ao poder em 2009, passando a voltar a haver o voto unitário. Federações como São Paulo FASP e Distrito Federal FADF foram contra, mas foram votos vencidos.

 

Ser contra um ‘status quo’ normalmente tem seu peso, principalmente quando “o inimigo mora ao lado”: Dione Rodrigues de Souza, atual presidente da FADF, era o primeiro vice-presidente da chapa eleita em 2009 para a presidência da CBA. Além disso, era o primeiro vice-presidente da mesma FADF, na época então presidida por Napoleão Ribeiro.

 

Acontece que em 2011, Dione Rodrigues de Souza tentou articular a derrubada do ‘sorridente presidente’, sem sucesso. De aliado, passou a inimigo político. Contudo, busca de Dione pelo poder não parou por ali. Ele pressionou e conseguiu uma antecipação das eleições da FADF e elegeu-se presidente, no lugar de Napoleão Ribeiro, que foi cuidar de sua vida como jornalista e historiador. Em 2013, Dione tomou posse como presidente da FADF. Antes mesmo disto, o presidente anterior, Napoleão Ribeiro, já havia tomado uma posição de “independência” em relação à CBA, caso não concordasse com alguma posição da mesma.

 

Quando o site dos Nobres do Grid foi ao Distrito Federal, em 2011, a FADF funcionava em duas salas do Autódromo Internacional Nelson Piquet e era a responsável pela administração do autódromo... e foi justamente este ano, em 2013, que uma série de problemas começaram a ocorrer, em cascata, dentro e fora da pista.

 

Os problemas na etapa da Stock Car, onde uma reforma mal feita pela FADF, mal supervisionada pela CBA e erroneamente endossada pela VICAR gerou uma série de interrupções, atrasos e protestos por parte de pilotos e equipes quanto à segurança na pista por conta das zebras e de bueiros que levantaram com a passagem dos carros. A CBA vetou novas corridas em Brasília até que a pista passasse por novas reformas, fosse vistoriada e só então, caso aprovada, a pista seria novamente liberada.

 

A pista ficou fechada para eventos de automobilismo, mas no autódromo também são feitas provas de motociclismo e lá também funciona a federação de motociclismo local. Daí ocorre um acidente em que a piloto Vanessa Daya, campeã da categoria 1000cc no DF cai, a moto cai sobre ela e a piloto morre...

 

Se a CBA (que é do automobilismo) alerta e suspende uma pista do calendário de corridas, porque a CBM (do motociclismo) e suas federações não levaram isto em conta e promoveram uma corrida no local? A culpa é do Cleyton Pinteiro? Da CBA? Não estou eximindo a CBA de suas responsabilidades, mas ver os “conceituados profissionais de imprensa” do país, todos especialistas, profundos conhecedores de gestão de autódromos, catedráticos em direito e mestres em engenharia apontarem seus dedos, diretamente de seus computadores para a sede da CBA no bairro da Glória no Rio de janeiro, no caso específico da morte da Vanessa tem uma definição apenas: leviandade!

 

A CBA e as federações estaduais de automobilismo estão longe de ser entidades de clareza e transparência administrativa (como tudo neste país). Seus membros são bombardeados por críticas daqueles que os querem longe de onde estão e desvairados elogios daqueles que os defendem. Jamais vou esquecer o choque que tive ao ouvir a entrevista, transcrita aqui no Site dos Nobres do Grid, na Seção “Brasil de Norte a Sul” sobre o automobilismo Goiano, quando o presidente da FAUGO, senhor Ney Lins, declarou que Reginaldo Bufaiçal foi o maior presidente da história da CBA!

 

O atual presidente, senhor Cleyton Pinteiro, passa longe da “santidade”, e é rápido em articular-se para evitar problemas de ordem administrativa e continuar seu mandato, agora o segundo, que vai até janeiro de 2017. Diante da flagrante oposição da FADF – e contando com a anuência das demais federações - em assembleia geral extraordinária realizada no dia 12 de julho de 2013, na cidade de Vitória-ES, a Confederação Brasileira de Automobilismo, com a presença de TODAS as Federações filiadas, com direito de voto(?), decidiu – por unanimidade – com base no artigo 8º, a e c, e seu parágrafo terceiro de seus estatutos, desfiliar a FEDERAÇÃO DE AUTOMOBILISMO DO DISTRITO FEDERAL – FADF, por esta não possuir poderes constituídos na forma da lei e de seus estatutos e por não ter realizado assembleia geral ordinária, consoante suas disposições estatutárias, para apreciação do parecer do Conselho Fiscal relativo ao exercício de 2012. Ou seja, cortou o “mal” (leia-se, a oposição), pela raiz.

 

E onde entra a tal FBA – Federação Brasiliense de Automobilismo – neste rolo todo? Sim, existem duas “federações” no DF! Só que, se a FADF é um problema de ordem administrativa, interna e externa, a FBA também sofre de males tão grandes ou piores como mostra o Diário Oficial do Distrito Federal, onde foi publicado as seguintes intimações contra o presidente da FBA, na época, José Argenta Neto.

 

“SABER a todos quantos este Edital virem ou dele tiverem conhecimento, que tramitam neste Tribunal os autos de nº 9.605/2007, tratando de tomada de contas especial, tendo o egrégio Plenário, na Sessão Ordinária nº 4597, de 09 de maio de 2013, determinado a citação por edital do representante legal da FEDERAÇÃO BRASILIENSE DE AUTOMOBILISMO, residente e domiciliado em local incerto e não sabido, o qual deverá, no prazo de 30 (trinta) dias, a contar da primeira publicação deste Edital, e sob pena de revelia, apresentar defesa quanto ao disposto no item II da Decisão nº 3014/2012, de 14 de junho de 2012. Para as consultas que se fizerem necessárias, o Processo acima referido encontra-se à disposição do citado, de 2ª a 6ª feira, das 13:30 às 18:30 horas, na Sala de Atendimento ao Público, localizada no Tribunal de Contas do Distrito Federal — Edifício Anexo, Praça do Buriti. Informações adicionais podem ser obtidas pelo telefone (61) 3314-2188, no mesmo horário.

 

O Secretário de Controle Externo da Secretaria de Contas do Tribunal de Contas do Distrito Federal – TCDF, na forma da lei, após esgotados, sem sucesso, os meios previstos no art. 23, I e II, da Lei Complementar do DF nº 1, de 9 de maio de 1994, FAZ SABER a todos quantos este Edital virem ou dele tiverem conhecimento, que tramitam neste Tribunal os autos de nº 9.613/2007, tratando de tomada de contas especial, tendo o egrégio Plenário, na Sessão Ordinária nº 4597, de 09 de maio de 2013, determinado a citação por edital do representante legal da FEDERAÇÃO BRASILIENSE DE AUTOMOBILISMO, residente e domiciliado em local incerto e não sabido, o qual deverá, no prazo de 30 (trinta) dias, a contar da primeira publicação deste Edital, e sob pena de revelia, apresentar defesa quanto ao disposto no item II da Decisão nº 3015/2012, de 14 de junho de 2012. Para as consultas que se fizerem necessárias, o Processo acima referido encontra-se à disposição do citado, de 2ª a 6ª feira, das 13:30 às 18:30 horas, na Sala de Atendimento ao Público, localizada no Tribunal de Contas do Distrito Federal — Edifício Anexo, Praça do Buriti. Informações adicionais podem ser obtidas pelo telefone (61) 3314-2188, no mesmo horário.

Brasília (DF), 27 de maio de 2013. ADALTON CARDOSO FLORES Secretário de Controle Externo”

 

A CBA, por sua vez, depois de enviar o seu “presidente da comissão de autódromos”, Johnny Bonilla, um dos responsáveis pelo Velopark, para revistoriar o autódromo de Brasília, depois das novas reformas exigidas pela CBA, este deu o aval, aprovando novamente as corridas de automóveis no local. Contudo, com a FADF desfiliada, quem seria o responsável por organizar as corridas locais?

 

O primeiro evento foi o Campeonato Brasileiro de Marcas e da F3 Sul-americana. Estes tiveram a organização feita pelo Guará Motor Clube, presidido pelo senhor José Argenta, ex-presidente da FBA (Federação Brasiliense de Automobilismo). Segundo nota oficial da CBA, o único clube com capacidade para organizar corridas no Distrito Federal.

 

Muito bem: A reforma aprovada por Johnny Bonilla, contemplou o traçado com duas “lombadas”. O obstáculo foi construído na saída da curva 1 para evitar que os pilotos, especialmente das categorias de turismo, ganhassem tempo usando a área de escape, ou seja, desrespeitando os limites da pista.

 

Na corrida da F3, Raphael Raucci, piloto da RR, então líder do campeonato, simplesmente levantou voo ao passar por elas na corrida do sábado! O piloto deu sorte por não sofrer nenhuma lesão após decolar a quase 200 km/h. O carro é que ficou bastante avariado e o pai do piloto, Rogério Raucci, revoltado. As “lombadas” foram diminuídas durante a noite para as corridas do domingo.

 

A FIM – Federação Internacional de Motociclismo – divulgou em seu calendário para 2014 e nele o GP do Brasil volta a fazer parte do certame... com a prova a ser realizada em Brasília, marcada para o dia 28 de setembro. Contudo, resta a pendência com a homologação do traçado, que tem de ser completamente reformado. Será que vamos passar por um vexame e ter a prova cancelada por falta de condições técnicas?

 

FBA... FADF... a sigla pouco importa, a conduta sim. E quando falo em conduta, a CBA precisa ser incluída nesta “indigesta sopa de letras”. Atitudes baseadas em “quem faz o quê, aonde”, deixando em segundo plano o “precisamos fazer algo concreto” tem que estar acima dos nomes, acima dos interesses pessoais e sob a hoste da decência, da lisura e da moralidade. O automobilismo brasileiro precisa de um somatório de esforços e não de uma divisão de interesses.

 

Enquanto isso, no balcão do cafezinho...

 

O Conselho Mundial da FIA divulgou na semana passada um calendário provisório (mais um) do próximo campeonato, contando com 22 corridas para o próximo ano. Como novidades estão os GPs do México, da Rússia, da Áustria e de Nova Jersey, enquanto o GP da Índia ficou para 2015 por cota de uma “mudança de datas”... vamos ver.


Apesar deste número – inchado para muita gente – três corridas continuam com aquele incômodo asterisco, que significa ainda estarem em uma condição provisória. As etapas do México e da América dependem da homologação dos respectivos circuitos: o Hermanos Rodriguez (de uma reforma) e o de Nova Jersey (do pagamento da comissão do bom velhinho). Já a prova da Coreia do Sul pode simplesmente não acontecer. O GP do Brasil ainda não tem asterisco.

 

Se a F1 ainda continua com lugar cativo, a Fórmula E, aquela com carros elétricos que tinha uma corrida marcada para o Rio de Janeiro... pois é. Tinha! A programação do calendário da temporada 2014/2015 divulgada após a última reunião do Conselho Mundial da FIA com seus carros equipados com motores 100% elétricos vai acontecer entre setembro e junho e terá 10 corridas, todas em circuitos urbanos. O Rio de Janeiro, cuja etapa era dada praticamente como certa pelos promotores da categoria, foi substituída por Punta del Este, no Uruguai. O continente também terá uma corrida em Buenos Aires.

 

O bom velhinho, tadinho, teve que “engolir um sapo” de tamanho descomunal: depois de vários meses de negociação, finalmente foi assinado o “Pacto da Concórdia” da F1, que valerá até 2020. A FIA anunciou que o documento que regerá a organização da categoria foi aprovado por todas as partes, equipes e tanto pela federação internacional quanto pela FOM.

 

Pelo novo Pacto da Concórdia, a FIA aumentou a participação nos lucros e, em troca, se comprometeu a criar um grupo de estratégia para decidir as novas regras da categoria, acabando com a comissão que existia anteriormente nesta função. Quanto foi a conta?

 

A FIA vai receber do bom velhinho – via FOM – Formula One Management - 170 milhões de libras, a serem pagos parceladamente até 2020. Pela assinatura, a FIA recebeu 3 milhões de libras. Além disso a taxa de inscrição de cada equipe na categoria também será de 3 milhões de libras por temporada, o que renderá à FIA mais 33 milhões de libras por ano enquanto durar o novo Pacto da Concórdia.

 

Em comunicado, a entidade disse que “este acordo prevê que a FIA melhore significativamente seus meios financeiros para prosseguir com seu papel regulamentar, e reflete o reforço do papel realizado pela FIA no esporte a motor”. E o pessoal aqui faladas carteirinhas da CBA...

 

Por conta disso é que, nos bastidores, ‘tio Bernie’ vem atiçando o fogo na eleição da FIA. Afinal, o baixinho francês está saindo um verdadeiro tormento para ele. Esse é um assunto tão complicado que vai render uma coluna à parte.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva