O fim da hipocrisia! Print
Written by Administrator   
Wednesday, 29 January 2014 21:01

Caros amigos, por conta do importante ocorrido no meio do mês – e que foi o assunto da minha coluna na semana passada – o afastamento do bom velhinho do conselho diretor da CVC, algumas reações foram “quase imediatas” (ou alguém aqui realmente acredita em coincidências?). Na verdade, quando li uma notícia, já esperava pela outra.

 

No mesmo dia, não deixaram nem o “cadáver esfriar”, a McLaren anunciou que Ron Dennis voltaria ao comando da equipe na função de “Diretor Executivo”, que era “fantasiosamente ocupada” por Martin Whithmarsh desde 2009, quando o carrancudo de Woking, com a imagem mais suja do que poleiro de galinheiro, “afastou-se voluntariamente” de sua função e passou a aparecer, apenas eventualmente e sem o uniforme da equipe, nos boxes.

 

Ron Dennis era um dos dirigentes que “vivia em guerra” com Bernie Ecclestone e Max Mosley desde o final dos anos 90. Acontece que o chefão da McLaren “caiu em desgraça” no ano de 2007, quando um escandaloso caso de espionagem industrial com as cópias dos planos da Ferrari.

 

Para quem não lembra, em julho de 2007, foram encontradas 780 páginas de informações de posse do projetista chefe da equipe inglesa, Mike Coughan. Ron Dennis “suspendeu imediatamente” o funcionário, jurou de pés juntos que nenhum dado havia sido usado em seus carros e que ninguém mais na equipe sabia da existência dos documentos (e todo mundo acreditou, né?). Do lado da Ferrari, a equipe entrou com ações na Justiça contra o ex-projetista e seu ex-funcionário Nigel Stepney, suspeito de ter sido a fonte do vazamento.

 

O caso era tão sério que a McLaren corria o risco de ser banida da Fórmula 1. No julgamento da questão, inicialmente o Conselho Mundial da FIA absolveu o time inglês alegando ter provas insuficientes de que a equipe teria se beneficiado de dados da Ferrari. Contudo, a entidade pediu ajuda ao Tribunal de Modena, na Itália, responsável pelo processo civil que a Ferrari movia contra o time inglês.

 

Entre as informações passadas estão uma lista com as ligações telefônicas entre Nigel Stepney, e Mike Coughlan. Os telefonemas se intensificavam nos finais de semana de corrida, o que pode indicar que a troca de informações era constante. A casa caiu! A McLaren foi punida com a perda de todos os pontos do campeonato de construtores (os pilotos escaparam), com uma multa de 100 milhões de dólares... mas a pena capital, que seria o banimento, foi evitada. Contudo, a equipe ficou com um “círculo negro no carro”... e uma das formas de tentar “aliviar a pressão” sobre o time, sobre os pilotos e sobre ele mesmo, Ron Dennis decidiu se “afastar do comando da equipe” no final da temporada de 2008. Por isso que chamo-o de verdadeiro chefe e o Whithmarsh de “testa de ferro”.

 

Agora, com o velhinho caindo em desgraça e enfraquecido por conta do escândalo do suborno, chegou a hora de voltar – oficialmente – ao seu devido lugar.

 

Ron Dennis era o dono da Project Four, uma bem sucedida equipe nas categorias de base do automobilismo europeu e britânico, onde Chico Serra foi campeão de Fórmula 3 na Inglaterra em 1979 e em 1980, chegou ao grupo McLaren como acionista, conduzido por John Hogan, que era homem forte na Marlboro – patrocinadora da McLaren e da Project Four – assumindo a função de Teddy Meyer, que fez a coisa certa quando contratou Emerson Fittipaldi em 1974, mas que desde 1976, quando venceu o campeonato com James Hunt naquele “golpe de sorte” – de Hunt – e de azar – de Lauda – viu o time andar para trás.

 

Com seu estilo “mão de ferro”, Ron Dennis foi arrumando a casa e a parceria com a Porsche, estabelecida no final de 1982 e trabalhada ao longo de 1983 deu frutos em 1984, com a conquista da hegemonia da categoria foi se mantendo entre as maiores desde então, salvo alguns percalços eventuais.

 

Ron Dennis é dono de 25% das ações do grupo McLaren e, na sua “volta”, fez um discurso de 20 minutos para seus funcionários... e segundo a ‘Autosport’, Martin Whithmarsh não estava presente. No discurso, o carrancudo chefão disse que pretende empreender uma profunda e objetiva revisão de cada um dos negócios do grupo, com a intenção de otimizar todos os aspectos das operações, buscando identificar novas áreas de crescimento que capitalizem as tecnologias, e, onde apropriado, sejam feitos investirmos nelas no futuro.

 

Apertem os cintos, porque o homem vai voltar à cena com tudo!

 

Enquanto isso, no balcão do cafezinho...

 

Em encontro que contou também com a presença do bom velhinho e das 11 equipes da Fórmula 1, a FIA anunciou uma série de pontos a respeito de questões técnicas e de segurança também foram debatidos e definidos. A implantação das medidas para 2014, contudo, depende ainda da aprovação unânime dos times. A decisão deve sair antes do início do próximo campeonato.

 

Entre as principais mudanças, os fiscais de cada corrida poderão impor uma penalização de 5s a cada piloto, por infração leve, durante o próprio pit-stop – antes da troca de pneus. Os funcionários das equipes, por sua vez, terão que utilizar capacetes obrigatoriamente também durante os treinos e a classificação, não mais apenas durante as provas.

 

A questão do peso do carro também foi debatida. Os pilotos terão obrigatoriamente de levar seus bólidos de volta aos boxes após a bandeirada final de cada GP, sendo passível de punição o competidor que parar no circuito durante a volta pós-encerramento. Uma quantidade mínima de combustível deve ser mantido no tanque para que uma amostra seja coletada para posterior análise, e o peso total do carro não deve ser inferior a 691 kg em nenhum momento do final de semana, durante as atividades em pista.

 

O novo peso mínimo, que teve um acréscimo de 1 kg em relação ao que havia sido divulgado em 2013, fica por conta dos pneus Pirelli fabricados para 2014 serão mais pesados que os anteriores. Para 2015, contudo, o novo limite será de 701 kg, e todos os dispositivos para aquecimento dos compostos serão expressamente proibidos pelo novo regulamento. Esse último ponto pode ser problemático...

 

As equipes também terão uma redução automática de custos para serem consideradas construtoras: a partir de agora, não precisarão mais projetar e fabricar os dutos de freio nem as suspensões de seus carros. Também ficou decidido, de forma unânime, que um novo projeto de redução de custos será apresentado em junho, visando ser introduzido a partir de janeiro de 2015.

 

Além disso, poderão mexer seis vezes – e não mais apenas duas – em cada monoposto durante o período em que este estiver no Parque Fechado, entre a classificação e a corrida. Esta medida, contudo, só é válida para o próximo Mundial, visando facilitar o trabalho com os novos motores e a nova aerodinâmica.

 

E pra quem achava que já tinha acontecido de tudo na ‘Nega Genii’, Eric Boullier deixou a negra nau. Mais surpreendente ainda foi o anúncio de quem vai assumir o lugar do diretor que foi o escudo da tropa de choque da equipe.

 

O próprio dono da equipe, Gerard López vai comandar pessoalmente o time e já chegou anunciando que para seguir fortalecendo a estrutura administrativa e aumentar ainda mais o papel da Genii no time, reduzindo a diferença entre as atividades estratégicas, comerciais e esportivas. Pra não perder a viagem, López aproveitou para anunciar uma parceria com a YotaPhone, uma fabricante russa de smartphones. 

 

Mas Eric Boullier não ficou desempregado muito tempo: Ron Dennis contratou-o para ser o “Diretor de Corridas” da McLaren. O cargo é novo e, pelo visto, Boullier será a presença constante da equipe de Woking ao longo da temporada. Já sobre o antigo testa de ferro, Martin Whithmarsh, seu destino continua ignorado.

 

Definitivamente, nosso modelo jurídico foi inspirado no modelo alemão... só pode ser. Depois da corte de Munique ter decidido levar o bom velhinho a julgamento por conta das acusações de suborno ao banqueiro Gerhard Gribkowsky. Só que o julgamento – tão esperado – pode simplesmente não acontecer!

 

Sven Thomas, advogado de Bernie Ecclestone, falou aos jornalistas e reconheceu que um acordo financeiro é possível para encerrar o caso, mas reforçou que seu cliente está “preparado para lutar”. Na pior das hipóteses, o bom velhinho pode pegar até dez anos de prisão se for considerado culpado.

 

Por mais surreal que o parágrafo acima possa parecer, um porta-voz da corte de Munique, que vai receber o julgamento do caso de suborno a partir de abril, confirmou ao jornal britânico ‘Daily Mail’ que um acordo é um dos finais possíveis para o caso. De acordo com o sistema legal alemão, existe a possibilidade de, durante o julgamento, parar os procedimentos em troca do pagamento de uma soma acordada para uma instituição de caridade ou ao tesouro, se o acusado, os promotores públicos e também o tribunal concordarem com isso. De acordo com o jornalista britânico, um acordo poderia custar cerca de € 300 milhões!

 

Meus caros leitores... o bom velhinho vai “subornar” a corte!!!

 

Se lá fora temos imbróglios deste nível, é claro que aqui no Brasil teríamos alguns... dos bons, dos grandes e com desdobramentos internacionais. Só que no site dos Nobres do Grid, nós vamos atrás e apuramos tudo. Com a ajuda da nossa “hot line” com a CBA, nosso editor chefe colocou os pontos nos “is”.

 

Pedro Piquet partiu no início de janeiro para o outro lado do mundo, onde faria sua estreia com monopostos, participando do torneio de verão da Nova Zelândia que é patrocinado pela Toyota e sobre o qual nosso colunista, Fabiano Esteves, escreveu no ano passado na Coluna Radar.

 

O Toyota Racing Series (TRS) tem cinco rodadas triplas, em cinco finais de semana diferentes, em cinco circuitos diferentes. Enquanto neve e chuva cai pesadamente na Europa, Estados Unidos e Japão, jovens do mundo inteiro seguem para a ilha do pacífico para participar do torneio. Este ano, 23 pilotos estavam lá.

 

Pedro Piquet tem 15 anos e, pela legislação (leia-se regulamento da CBA e da própria FIA), para pilotar um monoposto é preciso ter 16 anos. Contudo, nascido em 3 de julho de 1998, Pedro completaria 16 anos seis meses depois e pediu uma licença especial para poder disputar o torneio.

 

Não demorou muito para vir a resposta: ainda em novembro, CBA informou aos Piquet (claro que o Nelson estaria junto com o filho) que Pedro estava liberado para correr na Nova Zelândia e a carteira necessária havia sido emitida. Com isso, era só programar a viagem para a disputa do torneio.

 

No primeiro final de semana, em Teretonga, entre 9 e 12 de janeiro, Pedro – que nunca tinha disputado uma corrida de monoposto na vida – não foi soberbo, mas também não fez feio. Andou no meio do pelotão e terminou em 15º na corrida do sábado e 13º nas duas do domingo.

 

No final de semana seguinte, 16 a 19 de janeiro, em Timaru, Pedro oscilou um pouco, mas manteve-se perto das posições que ocupou no primeiro final de semana, com um 15º no sábado e no domingo, um 17º e um 14º lugar. Como referência, Gustavo Lima, que fez a temporada da F4 na Inglaterra, vinha conseguindo resultados semelhantes.

 

O problema surgiu antes da terceira etapa, no Highlands Motorsport park. Pedro teve a licença revogada pela CBA após uma consulta à FIA, que não teria homologado a licença. A parte estranha desta “não homologação é que um russo – Matevos Isaakyan – também disputando o torneio, tem 15 anos (nascido em 17/04/1998). Sem poder correr, Pedro – e o pai – voltaram para o Brasil... certamente vibrando de felicidade.

 

Procuramos o presidente da CBA, Cleyton Pinteiro, para tentar entender o ocorrido e o porque do russo poder continuar disputando o torneio e Pedro, não. Cleyton Pinteiro explicou que, ainda no ano passado, providenciou a licença para o piloto disputar o torneio este ano, contudo, a FIA estava discutindo sobre que data utilizar. Se a data de nascimento ou se o ano em que o piloto nasceu. A FIA optou pela primeira e assim a licença de Pedro Piquet perdeu a validade automaticamente.

 

Mas e o Russo? Segundo o Presidente da CBA, o piloto apresentou uma carteira de um Automóvel Clube da Georgia, uma das ex-repúblicas soviéticas e que não é filiada à FIA. O fato dos neozelandeses aceitarem a inscrição deles é assunto deles. Cleyton Pinteiro lamentou não ter como ajudar mais a Pedro Piquet e um sinal desta boa vontade talvez esteja no fato de que o pai – Nelson – não “colocou a boca no trombone” contra a CBA... como todos esperavam.

 

Lucas di Grassi está trabalhando com o novo Audi R18 e-tron quattro, carro com um novo e enorme pacote tecnológico para a temporada de 2014. Pronto para iniciar a fase final de preparação para as 24h de Le Mans, mais tradicional prova do calendário do Mundial de Endurance. As atividades estão ocorrendo em várias diferentes pistas europeias, visando a homologação do carro – que deve ocorrer até o fim de fevereiro.

 

A partir do momento em que o sistema de propulsão combinada do carro for homologado, o modelo não poderá mais ser alterado em componentes específicos que envolvam a montagem dos carros e dos motores (a Audi optou por um motor V6). Os testes oficiais vão ocorrer em Paul Riccard, no final de março.

 

Ontem completou um mês do acidente do Schumacher na pista de esqui. A Assessora de imprensa, Sabine Kehm, não falou nada de novo e declarou que qualquer comunicado que não venha dos médicos que acompanham o heptacampeão não passam de especulação.

 

E foi justamente dos médicos que veio o comunicado de que a medicação que vem mantendo o  alemão em estado de coma induzido começa a ser reduzida, mas que o piloto continua sob cuidados intensivos.

 

Parece que é chegada a hora da verdade para saber o que vai ser o futuro da vida de Michael Schumacher.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva

 

 

Last Updated ( Thursday, 30 January 2014 12:42 )