A política contra o esporte Print
Written by Administrator   
Thursday, 06 March 2014 08:49

Caros amigos, quando nossos leitores estiverem lendo a minha coluna, o ano de 2014 “estará começando” no Brasil, o país onde o ano “só começa depois do carnaval”. Assim sendo, depois de perdidos dois anos e passados três meses da nossa conversa “olho no olho”, com o presidente da CBA, Cleyton Pinteiro, está na hora de voltarmos ao assunto da conversa do nosso Editor Chefe com ele, lá em Recife, e cobrarmos aquilo que nos foi dito.

 

Em primeiro lugar, temos que reconhecer o que foi dito e o que foi feito. Os primeiros passos para a estruturação da Fórmula 4 no Uruguai está em pleno andamento e um calendário com 10 eventos já está montado, com seis corridas na Argentina, três no Uruguai e uma no Brasil, em Curitiba.

 

Confirmando o que nos foi dito em dezembro último, o site da categoria informa que os carros que serão utilizados na temporada de 2014 já fizeram os primeiros testes no circuito uruguaio de El Pinar, onde o Nobre do Grid Bird Clemente venceu com a equipe Willys, e foi muito elogiado pelo piloto da TC2000, Tato Salaverría, são construídos em Fibra de Carbono, sob licença da FIA com os componentes vindo dos EUA e da Europa. O Motor, um FIAT, aspirado, 1.8 Litros, com 160 HP. A mesma configuração básica dos antigos F. Futuro, mas com alguns novos componentes.

 

Resta saber se os organizadores da categoria vão conseguir reunir um número razoável de pilotos e impulsionar a categoria. A Fórmula 3, que ficou sob encargo de organizadores brasileiros – VICAR – mesmo com a CBA tendo declarado que isentou a categoria de taxas da entidade e que o custo da categoria ‘light’ ficaria abaixo de 200 mil reais por ano (menos do que um kartista investe para andar na frente nos campeonatos paulista e brasileiro), até agora parece ainda estar longe do objetivo de ter um grid com mais de 15 carros. No Festival de F3 de Interlagos, foram apenas 10 inscritos, com alguns deles que não irão disputar o campeonato local, uma vez que correrão fora do país.

 

Com relação aos nossos autódromos, temos que reconhecer – o que estranhamente a “imprensa especializada” não faz – o trabalho de bastidores e de gabinete que levou à reforma do Autódromo de Goiânia, que está praticamente concluído, trazendo de volta ao cenário nacional um dos melhores e mais seguros traçados do país.

 

Contudo, para que coisas positivas como esta que está acontecendo em Goiás ocorram em todo o país, é preciso que a CBA tenha o comprometimento das autoridades locais, que o seu trabalho de gabinete seja realmente eficiente. Ainda assim, se dependermos de políticos que parecem não ter nenhum apreço pelo esporte a motor, a CBA vai fazer o que?

 

Havia, no final de 2013, uma intenção de desenvolver um projeto para a área de Santa Cruz, zona oeste da região metropolitana, depois de Campo Grande e Bangu para quem vai pela baixada Fluminense, ou depois de Guaratiba, para que vai pela Barra da Tijuca e Recreio dos Bandeirantes, no lugar do polêmico terreno de Deodoro, embora um trabalho de varredura de possíveis explosivos não detonados tenha sido feito.

 

Tudo estaria pronto para ser assinado no final de janeiro... mas em se tratando de Rio de Janeiro, tudo é efêmero e o foco voltou para Deodoro, na intenção de incluir a obra do autódromo no pacote de obras que a região de Deodoro vai receber para as olimpíadas, uma vez que alguns esportes serão disputados lá. Segundo Cleyton Pinteiro, as coisas devem tomar um rumo agora em março... resta saber para onde! Os pilotos cariocas sabem: irão correr mais uma vez em Minas Gerais este ano... e sabe-se lá por quantos mais. Porque “sem rumo”, as coisas já estão há alguns anos e, sinceramente, eu sou um incrédulo com relação a este autódromo de Deodoro.

 

Refém dos políticos, o automobilismo – e também o motociclismo – esperam que o governo de Agnelo Queiroz, no Distrito Federal, saia do imobilismo. Em Dezembro nos foi dito que as máquinas começariam a trabalhar em janeiro. Janeiro passou, fevereiro também... e nada. Tudo depende da licitação, que – depois de cobrarmos novamente – nos foi informado que sairia até o final de fevereiro: não saiu!

 

As obras precisam começar em março, caso contrário, por ser ano de eleições, o governo do Distrito Federal não poderá dar início as mesmas... e aí, só em 2015, se o governador que for eleito não tiver “outras ideias”! Com esta demora Brasília perdeu a chance de sediar este ano uma etapa do mundial de Moto GP. Se não tiver obras, talvez nem calendário provisório consigamos. A “sorte” de Brasília é que, como a área do plano piloto é tombada e ali é “autódromo”, este tem que ser preservado. Não fosse isso, teria virado estacionamento do elefante branco que consumiu um bilhão e meio de reais para a “copa do mundo da FIFA”.

 

Não bastasse a situação dos nossos autódromos, o calendário nacional precisa de uma intervenção enérgica por parte da CBA. Não é admissível que as duas principais categorias de competição do país tenham QUATRO datas em comum. Isso é 1/3 do calendário da Stock e 40% do calendário da Fórmula Truck. O ano tem 52 finais de semana. Se tirarmos 14 semanas entre o final de uma temporada e o início da outra, são 38. Se tirarmos a Fórmula 1 e o Mundial de Endurance, restam 36.

 

Será que com 36 finais de semana os dirigentes das duas categorias não conseguem fazer seus calendários sem coincidir datas? É burrice, teimosia ou má vontade? Os profissionais de imprensa e o público são os maiores prejudicados com esta situação e o esporte perde como um todo. Nisso a CBA teria o DEVER de chamar o Sr. Maurício Slaviero e a Sra. Neusa Felix (que eu terminantemente me recuso a chamar de Navarro, pois foi o seu falecido esposo, Aurélio Batista FELIX que fez a categoria de o que é) e deixar claro que, isso não é possível. Nestas horas, a autoridade tem que se valer.

 

Estamos assistindo a patética – desculpem, mas não tenho outro termo – proibição dos pilotos da Fórmula Truck em participar da corrida de abertura da Stock Car este ano. Não há choque de datas, qual é o problema então? Se houvesse uma corrida da Truck com mais tempo de duração e troca de pilotos, com pilotos da Stock, do exterior, de brasileiros de outras categorias pelo mundo correndo aqui, naquelas coisas imensas... isso seria uma atração para ambas as categorias. É muita mesquinhez! A direção da Truck confirmou o que D. Neusa já nos havia dito em entrevista: de que a exigência de exclusividade também é uma forma de abrir espaço para novos pilotos. Tal argumento seria até aceitável se fosse o caso da disputa de uma temporada inteira, mas como ela justifica as participações de pilotos da categoria em provas no exterior? Não é “exclusividade”?

 

Senhor Cleyton Pinteiro, o senhor e seus diretores tem um enorme trabalho pela frente. Ajam! Dispensem suas idas aos camarotes e áreas VIP, frequentem os escritórios, reúna os que – ao menos dizem – fazer o automobilismo brasileiro para trabalharem juntos pelo esporte. Frequentem os gabinetes políticos e façam-nos ver que o automobilismo não é uma “vaidade de riquinhos”, mas que este gera empregos, diretos e indiretos, forma profissionais em diversas áreas e gera recursos para as cidades que tem autódromos.

 

Este é seu desafio: a CBA não tem que fazer categorias e organizar corridas? Perfeitamente. Mas tem a obrigação de criar meios para que elas possam acontecer!

 

Enquanto isso, no balcão do cafezinho...

 

A Aston Martin contara com dois brasileiros na equipe ao longo do Mundial de Endurance. Fernando Rees assinou contrato para disputar toda a temporada de 2014 na categoria GT PRO, enquanto Bruno Senna irá disputar as 24 horas de Le Mans.

 

Depois de dois anos como piloto de um Corvette da equipe francesa Larbre na categoria GTE Am, Fernando Rees retorna à Aston Martin – onde foi campeão mundial em 2012 – e vai pilotar ao lado Alex MacDowall e Darryl O’Young no comando de um Vantage, que usará o número 99. O primeiro contato com o carro foi realizado no final de fevereiro, em um teste no Autódromo do Algarve, em Portugal.

 

Já Bruno Senna, este segue sem uma programação definida para 2014. Havendo somente a possível participação no campeonato da Fórmula E.

 

Se o assunto da minha coluna foi sobre política, a notícia internacional neste meio é lamentável: A FOTA, a associação que as representava, anunciou o fim de suas atividades e, por consequência, de sua existência. Esvaziada com a saída da Red Bull, Toro Rosso, Ferrari e Sauber, Oliver Weingarten, secretário-geral da organização, informou o encerramento das atividades como resultado de fundos insuficientes para continuar e falta de consenso entre todas as equipes.

 

Foi uma grande vitória política de Bernie Ecclestone que, no passado, liderou a FOCA, que tinha um papel semelhante e tendo sido protagonista do “movimento grevista” que esvaziou o grid do GP de San Marino em 1982 e que confrontava a FIA antes do bom velhinho colocar na presidência o seu ex-amigo Max ‘chicotinho’ Mosley.

 

Em 2010, quando esteve decidida a romper com Ecclestone e formar um campeonato paralelo se não tivesse seus desejos atendidos. Com o “desaparecimento” do antigo ‘testa de ferro’ da McLaren, Martin Whitmash, para alguma dimensão paralela, a associação parece ter perdido o comando. O último grande ato da FOTA foi acertar a realização de testes durante a temporada, algo que vai acontecer em maio entre os GPs da Espanha e de Mônaco.

 

E se o nó cego da corrida de Nova Jersey não desata nem com reza braba, a “solução” para atender os anseios do bom velhinho pode estar na outra costa: a “Câmara Municipal” de Long Beach, California, está avaliando a possibilidade de enviar uma solicitação para discutir qual categoria será disputada no circuito, podendo voltar a pleitear uma vaga no calendário da F1, discutindo se o contrato com a Indy deve ser renovado após 2015 ou se é hora de preparar uma proposta oficial para receber a F1, provavelmente já em 2016.

 

Chris Pook, um dos homens que levaram a F1 para os americanos, está disposto a convencer Ecclestone a voltar ao país. Agora, com os direitos da categoria no sul da Califórnia, Pook está decidido a formalizar a proposta pelo retorno. A cidade recebeu a principal categoria do automobilismo mundial entre 1976 e 1983.

 

Problema é se for para o Azerbaijão... isso mesmo: a última do bom velhinho, na excelente e ilibada companhia de Flavio ‘rodada programada’ Briatore, de acordo com o jornal britânico ‘The Mirror’, é que a região portuária de Baku, capital e maior cidade da nação que um dia for parte da União Soviética. Venha a receber uma etapa em 2016, provavelmente.

 

A crescente tensão política na Rússia e as incertezas a respeito de seus desdobramentos podem colocar a prova em Sochi em risco até mesmo para 2015, segundo o jornal, e como o ‘homem’ quer uma etapa no leste europeu, o negócio é “procurar mercado”.

 

O que mais assusta é a “companhia”... aos 83 anos e com mais 3 décadas à frente do circo – sem contar que ainda falta o processo na Alemanha que pode mandá-lo para o xilindró – numa entrevista ao ‘Financial Times’, Bernie Ecclestone admitiu que já não consegue dedicar todo o seu tempo à F1 e reconhece que pode ter de se ausentar de vez em um futuro próximo.

 

Ele confessou estar procurando, nos últimos anos, por alguém que possa se juntar a ele para “auxiliá-lo nas coisas que tem que fazer e que, caso decida me aposentar – ou infelizmente morrer – vai precisar de alguém para assumir meu lugar”.

 

Durante um bom tempo pensou-se que esta pessoa seria Briatore, mas o “Singaporegate” deu uma “esfriada” no processo. De uns anos para cá, Briatore voltou à cena, mas a sua aceitação como futuro mandatário da FIA teria que passar pela aprovação da Ferrari. Será que o bom velhinho foi tão ardiloso a este ponto? Vai enxergar longe assim lá em Stonenge!!!

 

O ‘cartola’ americano Gene Haas e sua equipe nos EUA estão na expectativa pelo anúncio da FIA sobre as novas equipes em 2015 na F1. Nesta segunda feira de carnaval as reuniões sobre a possível entrada de novas equipes para a temporada de 2015 da F1 tiveram início.

 

Além da equipe americana, há também um projeto romeno – Kolles – também buscando uma vaga na principal categoria do automobilismo mundial. Existe a possibilidade de ambas as equipes serem aceitas, bem como todas as propostas recebidas pela FIA podem ser rejeitadas. O processo deve levar algumas semanas de análise por parte da FIA. Essas coisas da FIA são assim mesmo... enroladas e subjetivas. Fizeram tudo para ter a USF1 no grid e aceitaram a Hispânia.

 

Mas quem parece estar enrolado é o sócio de Vijay Mallya na ‘Kid Bengala Racing’. Subrata Roy foi preso na sexta-feira passada em Lucknow, a 460 km da capital Nova Déli. Sua prisão foi decretada depois que ele não compareceu diante dos juízes da Suprema Corte dois dias antes. Seu advogado relatou ao tribunal que a ausência se deu porque Roy foi visitar sua mãe, de 92 anos, que estava doente.

 

O CEO da Sahara, que estampa seu nome nas laterais do carro, é acusado de levantar quase 5,5 bilhões de dólares por meios ilegais e de não reembolsado 22 milhões de pequenos investidores apesar de um mandado judicial, de acordo com a acusação. As contas bancárias do grupo chegaram a ser congeladas em fevereiro de 2013. O capital da Sahara é avaliado em 10,5 bilhões de dólares e emprega 1,1 milhão de pessoas.

 

As coisas não complicadas para aqueles lados. Não é a primeira vez que um dirigente da Force India se vê em situação complicada diante da justiça indiana. Em outubro de 2012, o próprio Vijay Mallya, teve um mandado de prisão expedido em seu nome por emissão de cheques sem fundos para pagar as contas de sua companhia aérea – a Kingfisher – no aeroporto de Hyderabad. Seis dias depois, o mandado foi cancelado com uma negociação para o pagamento da dívida.

 

Quem também anda com acorda no pescoço é a Renault. O diretor de operações da fabricante, Rémi Taffin. negou a montadora que tenha solicitado uma ampliação do prazo, terminado dia 28 de fevereiro, para a homologação dos motores dos carros que disputarão o mundial de F1.

 

Embora a possibilidade de aumentar a data limite em até três meses tenha sido discutida e rejeitada, segundo Niki Lauda, hoje dirigente da Mercedes, e que contradiz o que Rémi Taffin falou, o austríaco disse que o Grupo de Estratégia da categoria – que compreende seis equipes além de Bernie Ecclestone e Jean Todt – negou o pedido!

 

Esta corrida na Austrália tem tudo para ser com pista molhada... de lágrimas! Umas de tristeza, umas de raiva, outras de rir!

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva