Até onde vale a pena? Print
Written by Administrator   
Tuesday, 16 February 2016 23:50

Caros amigos, como se costuma dizer, há certas coisas nesta vida que nunca mudam e algumas delas parecem contradizer totalmente a lógica, especialmente em tempos de crise onde as pessoas andam pensando bastante antes de colocar a mão no bolso, ainda por cima se for para investir em um projeto de centenas de milhões de qualquer moeda do mundo.

 

Existe uma lenda (não se confirma isso, apesar de muitos a repetirem) de que a mãe de das irmãs Venus e Serena Williams, após assistir na televisão os comentários sobre o Aberto dos Estados Unidos e os valores das premiações, sabendo que havia uma quadra com aulas de tênis gratuitas para a comunidade onde sua família morava, soi a uma loja de esportes, comprou duas raquetes e colocou as filhas para aprender o esporte. O resultado desta atitude, tenha sido assim que aconteceu ou não, todos conhecemos.

 

Todos os anos, pelos quatro cantos do mundo, pais devem fazer o mesmo que a Senhora Williams, na esperança de que seus filhos e filhas se tornem uma estrela mundial do esporte e capaz de ganhar milhões de dólares... e tudo começar com uma raquete de menos de duzentos reais (considerando-se o valor de uma em um país sem os absurdos impostos do Brasil).

 

Já outros pais, ao invés da raquete de tênis, aposta no sonho de ver o filho uma estrela de outro esporte. Um esporte sobre rodas cujo o investimento na carreira exige bem mais do que duzentos reais. Talvez bem mais que este valor por dia, apenas para se dar os primeiros passos, ou as primeiras voltas.

 

O sonho de se chega em uma categoria como a Fórmula 1 exige um investimento altíssimo, uma combinação de fatores quase impossível entre talento e oportunidades que deveria desestimular qualquer um que pare para analisar racionalmente se não seria melhor tentar aprender a jogar tênis ao invés de buscar o sucesso, a fama e o dinheiro nas pistas.

 

Se formos analisar friamente, há dois tipos distintos de cenário que acabam se apresentando no universo dos pilotos que conseguem passar da etapa do kart para as categorias de monopostos: os apadrinhados e os abnegados.

 

Os apadrinhados são aqueles que, por influência, contatos, contratos ou por um “momento mágico” são vistos e “descobertos”, são pegos no colo – literalmente – por algum investidor, seja ele um empresário investidor, empresa envolvida com o esporte ou uma montadora, e que faz todo um trabalho de formação deste piloto até colocá-lo em condições de pilotar um carro da Fórmula 1.

 

Este é, por exemplo, o caso de pilotos como Fernando Alonso, Lewis Hamilton, Sebastian Vettel, Daniel Ricciardo, Pastor Maldonado e alguns outros, com mais ou menos sucesso, que chegaram até o estágio final. Na maioria destes casos, todo o investimento foi recompensado... mas isso não foi nem nunca será uma regra e o que aconteceu com Pastor Maldonado, que perdeu seu lugar na categoria por ter ficado sem seu patrocinador é um exemplo bem claro – e duro – disto.

 

Em outros casos, vários e vários pilotos passaram e passam por situações bastante distintas, como Roberto ‘Pupo’ Moreno, um piloto de reconhecido talento e capacidade que trabalhou duro para conseguir cada tostão a fim de sustentar seu projeto de vida e conseguir um dia estar em condições de ter o retorno que sempre desejou. Nem tanto financeiro, mas em termos de prazer e realização profissional.

 

Este ano, os pilotos da Mercedes, Pascal Wehrlein e Esteban Ocon vão estar na Fórmula 1. O primeiro, campeão do DTM no ano passado, vai ser piloto titular na Manor. O segundo vai de reserva na Renault. No caso de Wehrlein, este é um caminho similar ao tomado por Daniel Ricciardo, que foi piloto da HRT antes de assumir um lugar na Toro Rosso e depois na Red Bull.

 

Como companheiro, uma disputa entre pilotos que buscam um salto na carreira, da GP2 para a Fórmula 1: Rio Haryanto, Alexander Rossi. Em ambos os casos, nenhum deles com o suporte de um grande patrocinador, uma grande empresa, uma montadora de veículos. E vão fazer de tudo para custear esta temporada, mesmo se tiverem que se alternar no cockpit da mais fraca das equipes do grid na esperança de conseguir mostrar que são capazes de estar em um carro melhor, mesmo que continuassem tendo que colocar milhões e milhões de Euros todos os anos.

 

Até onde vale a pena?

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva