A fumaça e o fogo! Print
Written by Administrator   
Wednesday, 22 June 2016 20:44

Caros Amigos, esta semana a temperatura subiu, em plena chegada do inverno, para os lados de Interlagos. Mais exatamente no interior e cercanias (tanto geográficas quanto políticas) do nosso maior palco do automobilismo e em torno do seu principal evento sobre rodas: o Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1.

 

Em março deste ano, naquelas entrevistas onde adora criar manchetes e insinuar decisões que quase nunca toma ou coisas que quase nunca ocorrem para chamar atenção de mídia especializada e dos leitores dos sites e blogs de automobilismo, Bernie Ecclestone disse que a etapa brasileira do seu evento poderia não mais ocorrer, e ainda foi mais longe, dizendo que não era algo para 2017, mas para 2016, em virtude das dificuldades financeiras pelas quais o promotor da prova vem passando e que já deixou claro ter tido prejuízo nos dois últimos anos.

 

Nesta semana o todo poderoso da categoria indicou que o GP do Brasil pode ficar de fora a partir do ano que vem, segundo a revista alemã 'Auto Motor und Sport'. É a segunda vez que ele levanta esta questão em um intervalo de três meses, apesar da empresa de Tamas Rohonyi, responsável pela organização da etapa brasileira ter um contrato para a realização da corrida até 2020.

 

A questão que quero apresentar para você, estimado leitor, é que sendo este evento deficitário (foi o próprio Tamas Rohonyi que assumiu isso, referindo-se aos dados de 2013 e 2014... ainda não foi divulgado o de 2015), o que move um empresário, um homem de negócios a continuar investindo em um empreendimento que não apresenta algo novo, que tem perdido visibilidade mundial há alguns anos, que tem se apresentado como um espetáculo pobre de emoções e bastante previsível e que não conta com o apoio daqueles que deveriam ser seus maiores parceiros, uma vez que ganham (ainda ganham) com a realização da corrida no Brasil, na capital paulista: a prefeitura da cidade e o governo do estado?

 

Questionar o direito de um contrato como tem Tamas Rohonyi (e que muitos gostariam de ter), mas é bom lembrar que ele não se tornou um empresário de sucesso por apostar em negócios fadados ao fracasso, pelo contrário. Mas também não se pode deixar de lembrar que, para tudo há um limite e a administração de Nurburgring deixou isso bem claro no ano passado quando simplesmente disse que não teria como arcar com os custos das exigências financeiras da formula One Management e em 2016 simplesmente não tivemos GP da Alemanha de Fórmula 1!

 

Diante de tanto “falatório”, há apenas duas opções: ou se ignora ou de põe por terra toda a especulação em torno da polêmica. Tamas Rohonyi optou pela segunda via e convidou a imprensa para uma visita, ontem, quarta-feira, ao autódromo de Interlagos, onde as obras andam à seu ritmo,ou seja, de obra de empresa estatal, colocando a etapa deste ano ao mesmo caso do ano passado, onde o que se viu foi uma série de improvisos e um vexatório atestado de incompetência por parte da SPObras.

 

O promotor é um empreendedor privado, que aplica seus esforços em seus negócios com o intuito de amealhar dividendos e isso é o que qualquer empreendedor busca. Por mais que Tamas Rohonyi seja um apaixonado por automobilismo e deseje ver a Fórmula 1 em Interlagos, se a questão do prejuízo ficar insustentável, como empresário, ele vai insistir em manter o evento?

 

É importante lembrar que não existe “autódromo histórico”, “templo” ou qualquer outra denominação que possa blindar um autódromo como local para se perpetuar como palco para a Fórmula 1. Basta lembrar o autódromo de Monza, com toda a sua história e tradição, não recebeu uma etapa da Fórmula 1 nos anos 80, que foi disputada em Ímola e a França, que tem o tetra campeão Alain Prost como seu principal nome da categoria e um histórico no automobilismo com a Renault, a Peugeot e a Citröen, perdeu seu Grande Prêmio há mais de uma década.

 

O que me causa mais estranheza é o ímpeto do discurso de alguém que, em suas palavras, não tem nada a temer. Tamas Rohonyi disparou contra a imprensa, que tem deixado por seus meios convencionais, de noticiar o automobilismo de uma forma geral e até mesmo Felipe Massa, que manifestou-se dizendo acreditar nua perda do GP Brasil “em breve”.

 

Será que em meio a esta fumaça há fogo? Tomara que não.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva