Uma categoria GT e um turismo 1.6 ou 1.4 para o Brasil Print
Written by Administrator   
Thursday, 05 January 2017 00:13

Caros Amigos, neste período sem atividades nas pistas é um bom momento para reflexões e indagações e, com uma eleição para o órgão máximo do automobilismo brasileiro se aproximando, questões de relevância devem ser feitas e assim podemos adiantar para a comunidade de automobilismo e para o futuro presidente da CBA assuntos pertinentes a sua administração. Um deles, ampliar o leque de categorias no nosso automobilismo.

 

Desde que o Projeto Nobres do Grid Nasceu e o presidente da CBA ainda era o Sr. Paulo Scaglione, havia no Brasil uma categoria nacional com carros de turismo de custo razoavelmente aceitável e um grid muito bom que era a Copa Clio, a qual contava com o suporte da Renault, e uma categoria de Gran Turismo, com a parceria da SRO de Stephan Ratel e o empresário Antônio Hermann.

 

Por motivos distintos e alheios à administração da Confederação Brasileira de Automobilismo, as duas deixaram de existir em 2009 e 2013, respectivamente. Mas como bem sabemos, não faltaram críticas a entidade por não manter as categorias, como se ela tivesse ingerência direta sobre os promotores ou a montadora.

 

No caso da Renault, uma decisão gerencial por parte da montadora, presidida na época pelo brasileiro Carlos Ghosn, que uma vez declarou não gostar de automobilismo e não ver no esporte a motor um meio de retorno para a indústria automobilística que valesse o montante de investimento, mesmo na época em que Nelsinho Piquet era piloto da equipe da fábrica na Fórmula 1. Foram oito temporadas com grids bons e disputas excelentes.

 

Já o caso do campeonato brasileiro de Gran Turismo, Antônio Hermann conseguiu introduzir aqui no país em 2007, com uma parceria e um alinhamento de regulamentos com a categoria europeia, fazer alinhar verdadeiros carros de sonhos nos nossos autódromos. Ferrari, Lamborghini, Ford F40, BMW, Porsche, Mercedes, todos com carros fantásticos, com um esquema de duplas reunindo “gentleman drivers” e pilotos de renome do automobilismo nacional em corridas de duplas, com pit stop para troca de pilotos, pneus, reabastecimento. Uma categoria que foi ganhando projeção e levando público aos autódromos onde passava. Chegou a por 10 mil pessoas em Interlagos com uma divulgação pífia nos meios de comunicação.

 

O problema do GT Brasil foi uma disputa interna entre os dos sócios brasileiro – Kiko Barros e Antônio Hermann – que acabou com a saída do primeiro da sociedade e o fato de em 2012 ter havido uma polêmica mudança no regulamento de equalização dos carros que teria favorecido as BMW da equipe do próprio Hermann em parceria com Washington Bezerra, o que gerou protestos e uma etapa derradeira com atitudes “estranhas” onde uma combinação de resultados tirou o título da equipe do promotor (algo que é “estranho”... não haveria um conflito de interesses?).

 

Um outro promotor – a Loyal – tentou manter o campeonato em 2013, mas não tinha a devida experiência para tal e acabou a temporada endividada. Foi uma perda e tanto. Entre os modelos GT3 e GT4 chegaram a alinhar 22 carros no grid em algumas etapas.

 

Existe um problema no Brasil que é o custo da importação de peças e carros para competição sofrerem todos os encargos tarifários de um carro de passeio. Um desafio para uma categoria de Gran Turismo no Brasil seria conseguir, via algum projeto de incentivo ao esporte junto ao Governo Federal, a isenção desta carga tributária para veículos de competição. Caso isso aconteça, pode se criar uma categoria onde estes carros não apenas possam voltar, mas que ela atraia os grandes pilotos em atividade no Brasil, uma vez que poderia ter um custo equivalente ao de uma categoria como a Stock Car.

 

Sendo assim e bem organizada, poderia atrair patrocinadores que viabilizassem a volta dos pilotos que corriam antes a categoria encerrar suas atividades de volta, e até atraindo novos valores como Felipe Fraga, Gabriel Casagrande, Guilherme Salas... eu duvido que estes jovens não se sintam mais atraídos a correr numa Ferrari ou numa BMW Z4 do que numa bolha do Cruze. Esta lei, sim, pode e deve ser objeto de luta do próximo presidente da CBA.

 

Assim como no caso do Gran Turismo, não é possível que não se consiga de uma das quase 30 montadoras instaladas no país uma que, em troca de um projeto que ao menos custeie a operação, não consiga trazer de volta uma categoria de “turismo base” nacional, com valores acessíveis e que ajudem a preparar pilotos que queiram chegar na Stock Car um dia a sair dos campeonatos estaduais de carros com motor 1.6 sem ter que arcar com os custos astronômicos de uma Copa Petrobras de Marcas ou de um Campeonato Brasileiro de Turismo.

 

É preciso pensar, articular, estruturar e apresentar projetos que possam ser executados para que o automobilismo brasileiro cresça. Se nossos próximos dirigentes conseguirão ser os facilitadores no âmbito político para que os empresários e promotores possam fazer acontecer...

 

Um abraço e até a Próxima,

 

Fernando Paiva