Uma nova tentativa Print
Written by Administrator   
Wednesday, 08 March 2017 23:42

Caros Amigos, em mais uma semana onde todos os olhares estão voltados para o circuito de Barcelona, eu vou voltar a direcionar minha coluna a um outro assunto, bem longe dos holofotes sobe a principal categoria do automobilismo mundial para focar em um tema local, de grande importância para o futuro do automobilismo brasileiro e sua projeção no cenário internacional.

 

O plano elaborado em 2013 para a reestruturação da Fórmula 3 no Brasil começou bem. A temporada de 2014 foi um sucesso de grid e de interesse por parte dos jovens pilotos que saíam do kart. Mas a cruel combinação de erros de gestão, pouca visibilidade e uma economia nacional que encolheu mais de 7% nos dois últimos anos acabaram esvaziando o grid da categoria que precisou se reinventar para sobreviver.

 

É clamor constante – e correto – que o Brasil carece de uma categoria de base com monopostos que tenha um pacote técnico atraente, um custo “digerível” e ser um degrau não tão distante do garoto que sai do kart para seu primeiro carro de corridas. Isso a Fórmula 3 Brasil não era, com os pilotos tendo que encarar um carro complexo, com 260cv de potência e quase nenhuma quilometragem em monopostos.

 

Dentro do projeto de reestruturação da categoria no Brasil, os proprietários de equipe criaram uma associação, a APEF (Associação dos Proprietários de Equipes de Fórmula) e foram buscar alternativas, encontrando em Dener Pires um parceiro capaz de partilhar o espaço em seu evento de sucesso e com – para incômodo de algumas pessoas – suporte da CBA.

 

Na busca de reduzir o degrau entre o kart e a Fórmula 3, a antiga categoria Light passará a ser chamada de F. Academy, mas não é apenas troca de nome. Os chefes de equipe e a CBA partiram para um pacote de mudanças voltada para diminuir este “degrau”, mas não pararam por aí: uma série de processos de formação para os pilotos que entrarem para para a categoria.

 

Os pilotos passarão por uma verdadeira escola, com Aulas de dinâmica de suspensão, Aerodinâmica, engenharia de pneus. Suporte de um profissional de telemetria para análise da aquisição de dados com comparativo entre todos os pilotos da Fórmula 3 Academy após cada treino, além de treinamento e avaliação física, treinamento psicomotor e acompanhamento psicológico.

 

Os avanços não param aí: um convênio com academia especializada em preparação de pilotos com avaliações ao longo da temporada para este trabalho físico e técnico, e como diferencial, num processo inédito, um convênio com uma academia europeia de formação de pilotos para uma clínica intensiva com duração de uma semana já no meio deste ano. No final da temporada, o campeão ainda receberá como prêmio a temporada de 2018 na F3 principal sem custo. Este ano, o campeão brasileiro da categoria Sudam vai correr gratuitamente na F. Academy, frustrando mais uma vez os que tanto torcem contra para ter o que escrever em seus sites e blogs.

 

Mas apesar dos esforços, ainda existem problemas: o carro, o Dallara 301 é um carro com especificações defasadas em relação ao modelo 312 que é utilizado na Europa. Até onde vai ser útil a utilização deste chassi como escola é uma incógnita. Numa coisa eles acertaram: reduziram a potência do motor, usando a JL, da família Giafonne para fazer o monitoramento e não permitir que os mesmos desenvolvam mais de 220cv de potência. Um trabalho que o comissário técnico da CBA que será designado vai monitorar de perto, junto com os itens de segurança e os elementos que foram liberados para serem feitos no Brasil.

 

Há um erro que não pode se repetir nesta tentativa e que foi um dos fatores que comprometeram a categoria nas temporadas de 2014 a 2016: sendo estabelecido um valor de investimento anual na categoria (piso), é preciso que seja estabelecido também um teto, um limite para que um piloto não tenha mais acesso a mais equipamentos novos, mais horas de treinos entre as corridas e o plano de descobrir valores e estimular a busca pela categoria não seja comprometido.

 

A potência do motor coloca-o entre a Fórmula 4 e a Fórmula 3 e, se o custo for realmente um fator diferencial, o campeonato pode atrair pilotos de outros países. Anos atrás, ainda quando era um certame continental, a equipe Hitech do Brasil era associada da equipe inglesa. Com 12 meses disponíveis, sem chuvas excessivas, frio e neve, o Brasil pode ser um bom centro para se desenvolver o automobilismo.

 

Que mais esta tentativa não fracasse e que os gestores da categoria e a CBA consigam enxergar Além das divisórias dos boxes ou muros dos autódromos.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva