Fórmula Truck - Alguém acredita na volta? Print
Written by Administrator   
Thursday, 29 June 2017 00:58

Caros Amigos, há algumas semanas venho abordando a situação da Fórmula Truck e a situação na qual eles terminaram a temporada de 2016 e começaram a de 2017.

 

O projeto nos Nobres do Grid é um incentivador do automobilismo, sem interesses comerciais ou autopromocionais, voltado para manter viva a história do nosso automobilismo e sua mais proeminente geração, mas também para olhar e falar, por um prisma diferente, sobre o automobilismo atual.

 

Foi com muita tristeza que na tarde desta quarta-feira, dia 28 de junho recebemos um comunicado oficial da Fórmula Truck, assinado por sua Presidente, informando a – nas palavras dela – suspensão das atividades da categoria este ano.

 

Publico abaixo o comunicado emitido via assessoria de imprensa.

 

Comunicamos a todos patrocinadores, colaboradores, torcedores, dirigentes, pilotos e amigos, a suspensão de nossas atividades relacionadas ao Campeonato Brasileiro de Fórmula Truck - temporada 2017.

As razões que nos levaram a tal decisão foram de ordem econômica, emanadas pelo cenário que atinge o mercado brasileiro, já há três anos, com fortíssima acentuação no segmento do transporte, pelo qual pertencemos, bem como outros sérios problemas que surgiram neste semestre.

Não foi fácil chegar à condição de principal categoria do automobilismo do Brasil, mas os números não negam, alcançamos resultados muito fortes e impressionantes, sofremos e amadurecemos, mas com uma estrutura que nos permite afirmar que fizemos sucesso, e isso, só foi possível porque nossos objetivos sempre foram pela busca incessante do retorno aos patrocinadores e pela dedicação extrema ao grande público que sempre nos prestigiou.

Porém, as coisas nem sempre são do jeito que gostaríamos que fossem, chegou nossa hora de pararmos, repensar nossos caminhos, asseguramos que não vamos desistir, vamos continuar lutando para cravar outras marcas até o fim de nossa trajetória. A vida é assim, ela nos experimenta, insistimos, mas chegou a hora de discernirmos a emoção da racionalidade, as duas podem até conviver por algum tempo, mas por fim, a racionalidade sempre deve imperar.

Gostaríamos de ressalvar que estaremos envidando todos os esforços para retomarmos nossas parcerias para a temporada 2018, cabe ressaltar que estamos tão somente suspendendo o campeonato de 2017, sendo que nossas demais atividades continuam normalmente.

Agradecemos por todos os momentos em que voces, público e patrocinadores, nos deram a preferência e oportunidade de recebê-los, esperamos ter entregado não só um entretenimento nos autódromos que sempre procuramos melhorar e arrumar, mas também a certeza de que sempre bem atendemos e que cumprimos a nossa missão de construirmos amigos ao longo deste empreendimento.

A todos que acreditam no nosso trabalho, nossa mais sincera gratidão.

Obrigado pelo Carinho,

Até breve,

Neusa Navarro

 

Isto posto, como gestor de um projeto no seguimento automobilismo e como sócio/gestor nas minhas atividades profissionais, não posso me furtar de expor meu pensamento sobre a sequência de fatos que desencadearam a insustentável continuação da categoria que um dia foi a maior e mais popular categoria do país, contando com o apoio direto das principais fabricantes de caminhões instaladas no país, contando com grandes patrocinadores e tendo lugares no grid cobiçados por mais candidatos que o grid poderia abrigar.

 

Após o falecimento precoce do seu idealizador, Aurélio Batista Felix, muito se temeu que a categoria viesse a perder sua capacidade de manter-se numa condição de dianteira no cenário nacional. Inicialmente, a categoria pareceu ter condições de não apenas fazer isso, mas também de alçar voos mais altos, com provas fora do Brasil e ETA o sonho de conquistar um mercado nos Estados Unidos.

 

Contudo, para fazer este tipo de sonho se tornar realidade seria preciso não apenas manter o legado de Aurélio Batista Felix, mas reinventar-se, dar um novo salto de “diferencialidade” para não apenas manter os parceiros que tinha, mas conseguir atrair outros. Infelizmente, com o passar dos anos, foi justamente o caminho oposto que foi sendo tomado.

 

Um negócio, seja lá qual ele for, depende de uma integração harmônica entre as partes nele envolvidas. Todos os seguimentos do negócio precisam funcionar bem e isso foi deixando de acontecer por falta de visão e sensibilidade dos administradores do negócio em conseguir atender as demandas dos seus parceiros próximos, os integrantes dos espetáculo e seus financiadores.

 

Uma categoria de automobilismo precisa de equipes e pilotos e se estes não se sentem “parte do negócio”, vão buscar alternativas. Um patrocinador que ver sua marca bem exposta e divulgada, e não ser tratada como um produto inferior, um fabricante de veículos participa de um evento esportivo para mostrar seu produto e as formas de fazer isso são necessariamente renovadas, através de novas abordagens e isso não era feito. A categoria tinha um “pseudomodelo” de sucesso que não mais atendia estes parceiros.

 

Os problemas de gestão, atrasos de pagamentos, autódromos exigindo pagamento adiantado de seus arrendamentos foram as ulcerações que surgiram quando um processo de metástase já tomava toda a estrutura da categoria. Quando enviei um integrante do site para Londrina, eu já temia que não houvesse a etapa seguinte, que era em Cascavel. Infelizmente eu estava certo.

 

A nota afirma que a categoria vai se reestruturar e retornar em 2018. Meu desejo mais profundo é que isso possa acontecer. Na nossa vizinha Argentina temos como “categorias top” de turismo, que enchem autódromos, a Top Race V6, a Super TC e a Turismo Carretera. Será que nós não podemos ter duas categorias de caminhões e ambas terem sucesso? Não consigo não crer que sim.

 

Contudo, a Fórmula Truck precisa, caso realmente venha a voltar às pistas, olhar para frente para encontrar formas de ser atrativa para pilotos, equipes, fabricantes, patrocinadores, mas buscar nas suas origens a essência do trabalho que a fez chegar ao topo do automobilismo brasileiro... a começar por sua presidente assinar seus comunicados como Neusa Felix.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva