Olhar adiante é preciso Print
Written by Administrator   
Wednesday, 30 August 2017 23:08

Caros Amigos, em sua coluna desta semana, o grande Jornalista Milton Alves, um profissional de referência na imprensa esportiva do Brasil, externou uma preocupação que não é exclusiva sua. Na verdade, é uma preocupação de todos os brasileiros ligados – direta ou indiretamente – com o automobilismo. O que vai ser do futuro do nosso país nas principais categorias internacionais?

 

Quando olhamos para a Fórmula 1, vemos uma situação muito difícil. Felipe Massa conseguiu voltar da anunciada aposentadoria por uma questão circunstancial, onde a saída de Valtteri Bottas e a recusa de Jenson Button em correr pela Willians recebendo metade do salário que a McLaren lhe pagaria em 2017 abriu espaço para mais esta temporada acaba se vendo na berlinda novamente. Haverá um 2018 nas pistas para ele?

 

As perspectivas não são ruins, uma vez que as principais equipes renovaram contrato com seus principais pilotos e Valttri Bottas deve continuar na Mercedes. Outros pilotos que, potencialmente poderiam ser uma boa referência para ajudar na formação de Lance Stroll e que estão em equipes médias como Romain Grosjean e Nico Hulkenberg não devem deixar Haas e Renault, respectivamente, para e seguir em direção à Williams.

 

O “nome”, e não apenas nome, o currículo de peso que faria ameaça a posição de Felipe seria Fernando Alonso, que foi motivo de muita especulação antes do GP da Bélgica, sendo uma opção a ser bancada pelo pai do piloto canadense, Lawrence Stroll. Contudo, a “dona” da equipe, Claire Williams, teria descartado esta possibilidade, certamente levando em conta o histórico de conturbação de ambiente que o espanhol costuma causar.

 

E o que temos de perspectiva para o futuro além de 2018? Vai depender muito de dois fatores: resultados técnicos e resultados comerciais! Nas categorias mais próximas para acesso à Fórmula 1 temos, na Fórmula 2, o mineiro Sergio Sette Câmara, que vem fazendo o que pode com seu orçamento reduzido e limitações de equipamento. Em sua temporada de estreia na categoria, conseguiu uma importante vitória no último domingo. Quem sabe isso, e uma boa sequência nesta reta final, possa dar-lhe visibilidade suficiente para ter um lugar numa equipe mais forte para 2018.

 

O problema é o enorme salto financeiro que é necessário para se conseguir um lugar na Fórmula 1. Não tem milagre: sem um apadrinhamento muito forte, um grande empresa ou grupo investidor por trás, uma ascensão à Fórmula 1 é praticamente impossível. Bons pilotos, com condições de dar um passo adiante, metade do grid fa Fórmula 2 o é. Se olharmos mais em volta, outros pilotos que, tecnicamente poderiam estar na categoria não estão pelo mesmo motivo: falta de suporte financeiro.

 

O outro caminho, que já foi mais forte e glamuroso, agora sofre com as dificuldades da crise que assola o automobilismo de uma forma generalizada, a antiga World Series by Renault 3.5, hoje chamada World Series V8, com um grid de apenas 12 carros, mas que foi o trampolim para Sebastian Vettel, Robert Kubica, Daniel Ricciardo entre outros que chegaram à Fórmula 1, tem hoje, na disputa do título e de um espaço na Fórmula 1, um sobrenome de peso: Fittipaldi. Pietro, neto de Emerson Fittipaldi, tem tudo para conseguir conquistar o título, mas de uma forma estranha vem sofrendo com o sistema de largada de seu carro desde a segunda rodada dupla. Poderia estar disparado na liderança da pontuação, mas está embolado, em 2º lugar, numa disputa com outros 5 pilotos.

 

No caso de Pietro, de certa forma, dinheiro não é problema. Ele conta com o patrocínio do multimilionário mexicano Carlos Slim, mega empresário do ramo de telecomunicações. A questão passa a ser técnica, onde Pietro precisa se entender com o sistema de embreagem do carro e, para 2018, enfrentar um desafio mais duro, como a Fórmula 2 e obter bons resultados para credenciá-lo a uma vaga em alguma equipe da Fórmula 1. Pietro tem três rodadas duplas para conquistar o título e dar este passo.

 

Nos Estados Unidos, a situação também não é confortável. Na Fórmula Indy, nossos dois representantes estão há 20 anos na categoria e não irão permanecer muito tempo mais. Inclusive, Helio Castroneves pode estar mesmo fazendo sua última temporada pela equipe Penske, estando nos planos do empresário uma participação em dupla com Juan Pablo Montoya na categoria de protótipos, que vem ganhando força nos últimos anos.

 

Tony Kanaan, depois de ter uma grande chance na vida entrando para a equipe de Chip Ganassi, uma vencedora da categoria, com quem assinou em 2013 e está completando sua quarta temporada, que tem tudo para ser a última. Tony está negociando alternativas, mas  não há, hoje, nenhuma certeza de sua continuidade para a categoria em 2018. Caso isso aconteça, teremos a primeira temporada da Fórmula Indy sem brasileiros desde 1985.

 

O futuro imediato no caminho norte americano é Matheus Leist. A grande esperança está na “subida” da equipe Carlin da Indy Lights, uma categoria hoje com um grid pequeno, com menos de 15 carros largando, para a categoria principal. A Indy Lights ainda tem o programa “Road to Indy” para levar ao último degrau o campeão da categoria, o que vai ficar na mão de Kyle Kaiser, virtual campeão.

 

Tanto na Europa como nos Estados Unidos, ainda temos algumas esperanças em categorias menores, como Vitor Franzoni e Pedro Piquet, mas para quem enchia boa parte dos grids das categorias de acesso, ver esta pequena participação é algo bem frustrante para nós que gostamos de automobilismo.

 

Este é um assunto no qual pretendo me aprofundar em outras oportunidades.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva