E o ano da Fórmula 1, oficialmente, começou Print
Written by Administrator   
Wednesday, 14 February 2018 20:57

Caros Amigos, desde quando eu era criança, ouvia as pessoas dizendo que, “no Brasil o ano só começa depois do carnaval”. Acredito que grande parte dos meus estimados leitores também passaram por isso ou mesmo repetem esta frase.

 

Por uma dessas coincidências da vida, o “ano da Fórmula 1” está começando exatamente com o final dos festejos populares. Enquanto eu concluía esta coluna, estava lendo a coluna do prestigiado jornalista James Allen sobre o lançamento do carro da Haas, equipe norte americana de propriedade do dono da equipe que leva o mesmo nome na NASCAR, Gene Haas, que vem para a sua terceira temporada buscando dar mais um passo no caminho de sua consolidação na categoria. Em 2016 fizeram 29 pontos. Em 2017, 47. Vejamos do que serão capazes os comandados de Ghenther Steiner, que no meio da temporada passada já definiu a estratégia para 2018, insatisfeito com a velocidade do avanço da equipe no ano passado.

 

Não acredito que o italiano possua uma bola de cristal no motorhome, mas o regulamento deste ano reduziu para sete dias o período de testes pré-temporada e a antecipação do programa para o carro de 2018, quem sabe, possa produzir bons frutos para a equipe e seus pilotos. Ao longo dos próximos dias, até o final do mês teremos a apresentação dos carros que disputarão a temporada de 2018 e com os quais os pilotos terão que se entender.

 

Com a introdução do ‘Halo’, os carros ganharam pouco mais de 14 Kg pela estrutura de segurança introduzida. Contudo, o peso mínimo do carro só foi aumentado em 6 Kg, tendo as equipes que encontrar de onde tirariam os 8 Kg restantes. Preocupados com que tal “regime” viesse a obrigar os pilotos a ficarem mais magros do que já estão, aproximando-os de refugiados somalis fugindo da guerra em seu país, a FIA estabeleceu que a massa no interior dos cockpits, aonde ficam os pilotos, fosse de 80 Kg, obrigando as equipes a completar com lastro naquele local caso o piloto pesasse menos do que isso. Levando-se em conta que alguns pilotos tem mais de 1,80m, foi um alívio para estes que são mais altos.

 

Se por um lado isso é um alívio, os pilotos tem algo bem sério para se preocupar: uma tecnologia que já é usada no rugby, futebol americano e outros esportes chega à Fórmula 1 para – inicialmente – auxiliar os fiscais de pista agirem em caso de remoção dos pilotos em caso de recuperação de movimentos para saber se o mesmo (caso de uma defesa de posição) foi lícito ou não. Este recurso certamente servirá aos chefes de equipe para detectar “mentiras”. Sensores instalados nas luvas dos pilotos terão como indicar quais movimentos eles estão fazendo.

 

Esteticamente eu gostei do carro da Haas, não havendo mais as asas “T” usadas para gerar um downforce extra, e também a restrição nas “barbatanas de tubarão”. Outro ponto interessante está no esforços da FIA tornar o esporte mais “verde” (apesar de saber que isso faz muitos dos meus estimados leitores torcerem o nariz), a queima de óleo do motor foi reduzida para um máximo de 0,6 litros por 100 cem quilômetros do máximo atual de 1,2 litros por 100 quilômetros. Esta é uma grande mudança e que vai afetar diretamente o desempenho dos carros e a resistência dos motores, que neste ano terão que resistir – em média – a sete corridas cada um para que o piloto não comece a ser punido com perdas de posição no grid.

 

A maior mudança nos carros deste ano, que começamos a ver nesta quarta-feira (ontem) e que veremos ser apresentados até o final do mês e a introdução obrigatória do Halo, que nosso especialista em resistência dos materiais, o PhD Luiz Mariano, questionou em sua mais recente coluna. O diretor de segurança da FIA, Charlie Whiting, que exigiu a integração do aparato de segurança ao chassi, talvez não tenha previsto a “capacidade criativa” dos projetistas, que não duvido vão tentar implantar pequenas asas para aumentar o downforce do carro. O uso como mais um local onde vão colocar alguma publicidade para mim está implícito.

 

Enquanto isso, nos dias que antecederam o carnaval e entrando pelo final de semana, até o domingo passado, vimos o carro da Ganassi, pilotado por Scott Dixon, adaptado ao uso do Wildscreen, a alternativa que a Fórmula 1 tentou, mas que em um teste realizado em Silverstone Sebastian Vettel alegou estar sentindo vertigens. O que os norte americanos teriam feito de tão diferente?

 

Perguntas demais para um ano que mal começou.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva