O cromossomo X Print
Written by Administrator   
Thursday, 08 March 2018 06:45

Caros Amigos, ao longo deste último meio século as mulheres conseguiram obter mas conquistas nos campos profissionais e sociais do do que em toda a história da humanidade anterior aos anos 60. este é um fato não apenas inegável como extremamente louvável.

 

As mulheres não são uma “raça hominídea” à parte, ele é o mesmo “homo sapiens” diferindo do homem em apenas um cromossomo. Se me lembro bem das aulas de ciências e biologia do colégio onde eu estudei, trata-se do vigésimo terceiro par onde as mulheres tem um par de cromossomos XX e os homens tem este par representado como XY, informação genética levada pelo espermatozóide no processo da fecundação do óvulo onde o fecundador leva um “X” ou um “Y” para formar este e os demais 46 pares.

 

Voltando ao último meio século de conquistas femininas, desde a passeata da queima dos sutiãs em Paris, as mulheres conseguiram entrar em todos os campos profissionais e intelectuais com tal e as vezes mais capacidade e sucesso que o homens, intelectualmente, comprometidamente e – porque não – fisicamente, por amais eu alguns pouco afeitos a esta visão possam concordar.

 

A mulher é condicionada à resistência e a dor física por sua natureza. Para a classe médias (homens e mulheres), a dor do parto é uma das sensações mais intensas ao qual um ser humano é submetido e quem passa por este esforço supremo são justamente as mulheres. Há um séria afirmação de que, por sua comprovada resistência à dor, são as mulheres e não os homens merecedores de serem chamadas de “o sexo forte” e não o “sexo frágil” como a minha geração e as anteriores cresceram ouvindo estes termos.

 

Se hoje ainda há discriminação contra as mulheres, quem buscar na história vai encontrar desde passagens bíblicas e até mesmo afirmações da igreja católica onde, na idade média, o papado chegou a afirmar que as mulheres não tinham alma. No islamismo as mulheres são explicitamente tratadas como seres inferiores, sendo submetidas a castigos físicos, uso de trajes como a burka e outras humilhações.

 

Na sociedade ocidental, ao custo de muita perseverança e conflitos físicos e jurídicos, a mulher conseguiu deixar para trás boa parte desta discriminação. Afinal, não é um mero cromossomo que vai definir se uma pessoa é capaz ou não de exercer alguma determinada função, executar um determinado tipo de tarefa ou não, ou mesmo se será mais ou menos eficiente que um homem.

 

Posto isso, convido os meus estimados leitores a voltar nas minhas colunas semanais e buscar aquela onde eu falo da importância da representatividade que as mulheres conquistaram dentro do Conselho Mundial do Esporte a Motor, dentro da Federação Internacional de Automobilismo, onde ser uma voz presente e atuante em um esporte onde raras foram as mulheres que conseguiram sobrepor-se diante de um esporte original e atualmente ainda sendo “essencialmente masculino.

 

Ao contrário de Fabiana Ecclestone, escolhida para ser a representante brasileira na comissão de velocidade na terra e records, a escolha da piloto Carmen Jordá para presidir uma comissão voltada essencialmente para as mulheres no automobilismo causou – desde seu anúncio – uma resistência de diversos meios, tanto esportivos como na mídia pela pouca representatividade que a trajetória da espanhola teve no esporte.

 

Sejamos honestos, se olharmos para o futebol, os técnicos das grandes seleções e grandes clubes do cenário mundial raramente são jogadores de grande trajetória dentro dos gramados. Existem alguns, claro, como Franz Beckenbauer, campeão mundial como jogador e treinador da seleção alemã e no seu clube, o Bayern de Munique.

 

O fato de Carmem Jordá ter sido uma piloto sem resultados expressivos em todas as categorias européias onde correu, tendo conquistado como melhor resultado um 17° lugar não deve ser uma condenação prévia, uma rotulação de incompetente para o exercício de uma função que em nada está ligada ao esforço físico ou a habilidade de se manter um carro de corridas dentro do limite da pista na maior velocidade possível.

 

Contudo, a partir do momento em que uma pessoa – seja ela de qual gênero sexual for – está em uma posição de destaque e/ou de liderança, todos os efeitos de seus atos e palavras terão uma repercussão muito maior do que se forem estes obra de alguém desconhecida ou distante do meio.

 

Quando  Carmem jordá afirmou que “com sua experiência, posso dizer que na Fórmula 1 e na Fórmula 2 – ao contrário de outros campeonatos, como kart, Fórmula 3 e GT, onde creio que as mulheres sejam capazes de conquistar bons resultados – há uma barreira, que é por uma questão física. Vejo um grande problema para as mulheres (neste sentido), e é por isso que não há nenhuma nestes campeonatos” ao site da ESPN dirigido à Fórmula 1, a jovem espanhola foi extremamente infeliz.

 

A preparação física adequada pode colocar qualquer jovem piloto feminina em condições de competir em alto nível nas mais duras e exigentes condições que uma corrida de monopostos pode exigir dela. Não precisamos ir muito longe e voltar alguns anos no tempo para lembrar de Danica Patrick, que por anos foi piloto na Fórmula Indy, uma categoria com carros mais rápidos, com menos tecnologia embarcada, com corridas mais longas e que certamente exigem tanto ou mais força e resistência que a pilotagem de um Fórmula 1.

 

Certamente Carmen Jordá nunca ouviu falar de Hellé Nice, que nas primeiras décadas do século passado desafiou todos os pilotos do mundo nas corridas do circuito Grand Prix, que antecedeu a Fórmula 1, competindo em alto nível em carros que certamente exigiam a superação de barreiras físicas muito maiores que os carros atuais, em provas que não eram limitadas a duas horas de duração.

 

A Comissão de Mulheres do Esporte a Motor tem entre seus integrantes a ex-dirigente da Sauber, Monisha Kaltenborn, além de outras mulheres que – na pista – colheram resultados melhores que Carmen Jordá. Sendo Jean Todt um homem originalmente do Rally, deveria ter passado por sua mente o nome de Fabrizia Pons, a única piloto a vencer uma etapa do WRC até hoje. Seu nome, assim como o de Monisha, teriam muito mais representatividade do eu o de Carmen Jordá.

 

Não devemos deixar, contudo, que uma vertente preconceituosa nos leve a pré-julgar o que ou quem deveria falar, representar ou ser a imagem de algo relativo ao esporte, nem estabelecer uma questão biológica como um cromossomo estabelecer parâmetros, mas certamente cabe o questionamento de quem colocou Carmen Jordá na função que ela está na FIA... e não foi uma mulher quem fez isso, mas sim um homem!

 

Um abraço e até a próxima, 

 

Fernado Paiva