A pergunta do milhão Print
Written by Administrator   
Wednesday, 14 March 2018 21:15

Caros Amigos, algumas pessoas gostam daqueles programas de TV de perguntas e respostas com direito a prêmios e que recentemente foi feito até um filme sobre o mais famoso destes programas foi exibido e, nestes programas, quando um candidato chega até a pergunta final, esta costuma ser chamada de “a pergunta do milhão”.

 

Este termo popularizou-se e passou a ser referência para aquelas situações onde as pessoas se perguntam sobre algo que está acontecendo e que a resposta explicaria tudo que estaria envolvido com uma determinada situação e pode perfeitamente ser utilizada para o que aconteceu no último sábado em Interlagos.

 

No final da temporada passada da Stock Car, em Interlagos, circulou pelo paddock a possibilidade de que a corrida de abertura da temporada – já definida para acontecer em São Paulo e sendo a corrida dos pilotos convidados – poderia ser realizada no sábado, possibilitando a categoria, seus promotores e quem detém os direitos de transmissão, abrirem-se à novas possibilidades.

 

Este assunto foi comentado em algumas das nossas “reuniões de trabalho”, que costuma acontecer nas noites das terças-feiras e foi discutido entre nós se a emissora de televisão de sinal aberto que detém os direitos de transmissão não poderia abrir um novo espaço para as transmissões esportivas de automobilismo, apresentando a corrida ao vivo após seu telejornal vespertino e apresentando em seu programa de esportes na manhã dos domingos.

 

Lembro-me bem que fui o mais cético com relação a esta possibilidade de que a emissora de sinal aberto trocasse sua programação de sábado com programas completamente desinteressantes para nós, amantes do automobilismo e inserisse uma (sic) corrida de automóveis para um público notadamente desinteressado em automobilismo. Eu estava certo!

 

A corrida seria, como foi, transmitida por um canal por assinatura. A grande vantagem – para nós, telespectadores – é que além de uma corrida com maior duração, seria permitido assistir as celebrações dos vencedores, o pódio, as entrevistas após a corrida... tudo aquilo que nos seria privado no canal de TV com sinal aberto, que teria que “espremer” em sua grade este estorvo chamado automobilismo.

 

Além de uma corrida mais longa, com 60 minutos ao invés dos 40 do ano passado, não pude pensar sem rir no que diriam ou fariam os diretores de programação do canal de TV com sinal aberto se a corrida tivesse que ser transmitida por lá e com o temporal que desabou minutos antes da largada, provocando um atraso de praticamente meia hora. Passado o momento humor, caí em mim e vi que o mais provável seria a não transmissão da corrida para passarem a “programação normal” e, se muito, dariam uns flashes entre receitas de bolo, aulas de crochê ou a enésima reprise de uma novela da Suzana Vieira.

 

Com efeito, voltando a transmissão, procurei prestar atenção nas imagens das arquibancadas, que o diretor de imagens se esforçou em procurar evitar para não mostrar aquilo que eu mais temia: que as mesmas estivessem vazias. Sim, o público foi muito pequeno nas arquibancadas, mostrando que, apesar dos esforços em fazer a publicidade da corrida, para o ritmo louco de São Paulo, sábado é dia de trabalho e um evento que vai das 10 as 15 horas, teria como atrair 40 mil pessoas para o autódromo?

 

No intervalo entre o final da temporada no ano passado e o início da temporada deste ano, uma das coisas que foi discutido e que conversamos com algumas pessoas foi uma outra forma de expor a categoria e seu evento: com este evento – a corrida – acontecendo no sábado, as imagens e toda a repercussão, todo o evento, os melhores momentos, uma matéria condensada e bem montada seria exibida no programa dominical da emissora de TV com sinal aberto.

 

Assistida a corrida, com chuva, pista secando, muita disputa e a vitória da dupla Daniel Serra e João Paulo Oliveira, ficou a espera para ver o que seria exibido no domingo e ver se a “ideia de exposição do evento” logo em seguida à corrida teria uma grande exposição da corrida, das disputas, dos personagens, tanto pilotos da categoria quanto os pilotos convidados. Foram decepcionantes quatro minutos, a maior parte deles dedicados à presença de Felipe Massa correndo ao lado de Cacá Bueno. Sobre a corrida em si, mal chegou a um minuto de imagens para comentar a largada com chuva e a vitória de Daniel Serra e João Paulo Oliveira.

 

No portal do conglomerado, procurando na página do programa dominical, busquei as imagens do que foi exibido na manhã do domingo e não estava lá. Nem sequer uma menção sobre a corrida, nem um flash. Em compensação, tinha uma matéria sobre um “lutador de MMA” (que não considero esporte, mas selvageria) que foi se apresentar como comediante de ‘stand up’... com cinco minutos de duração.

 

Fui informado que o Diretor Presidente da empresa que é dona da VICAR e que promove shows e festivais de música, Sr. Fernando Altério, estava presente em Interlagos, para ver um autódromo vazio! Enquanto isso, por curiosidade, entrei no site do festival de música que sua empresa estará promovendo daqui há 10 dias no Autódromo de Interlagos e dois dos três dias já estão com os ingressos esgotados.

 

A pergunta do milhão é: como manter um empresário motivado a continuar investindo em um espetáculo que não tem a exposição que sua envergadura merece pelo veículo de mídia que tem seus direitos de transmissão, que não atrai um público equivalente a lotação do espaço onde este espetáculo é apresentado e que a divulgação deste é mínima nos meios de mídia à disposição do público, sendo praticamente limitado a um nicho de poucos veículos especializados?

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva