Pilotos e pilotos Print
Written by Administrator   
Wednesday, 27 June 2018 22:49

Caros Amigos, para qualquer pessoa que queira participar de forma efetiva e positiva de uma sala de debates – seja ela real ou virtual – sobre qualquer assunto, é salutar que o participante tenha um mínimo de leitura, de conhecimento para poder opinar, expor pontos de vista e principalmente compreender o que os demais participantes deste meio tenham a apresentar.

 

Ao longo das últimas semanas eu tenho lido diversos artigos na mídia internacional – e alguns na mídia local – sobre o grande piloto que está se mostrando ser o monegasco Charles Leclerc, com toda a especulação em torno de seu nome para vir ocupar um lugar na Equipe Ferrari em 2019, precipitando uma aposentadoria do finlandês Kimi Raikkonen, como companheiro de Sebastian Vettel.

 

Toda esta especulação me leva a pensar no que vem acontecendo nos últimos dois anos em termos de “mercado de pilotos” na Fórmula 1. O início do meu raciocínio vem pelo critério (o  qual considero apropriado) de que o piloto para chegar na principal categoria do automobilismo mundial precisa ter capacidade técnica – e não apenas dinheiro – para sentar no carro de qualquer equipe e ter uma performance, no mínimo, aceitável.

 

A tabela de pontuação que a Federação Internacional de Automobilismo criou, que exige que um piloto acumule 40 pontos no intervalo de três anos para poder conquistar a superlicença e assim chegar na categoria principal criou um “gargalo” que, se ao mesmo tempo faz com que o nível tenha, obrigatoriamente, que subir e que os pilotos sejam melhor qualificados para evitar que o “mercado de vagas compradas” coloquem no grid pilotos sem condições de lá estarem.

 

Quando a Red Bull e a Renault fecharam um acordo de renovação do contrato do fornecimento de motores para a equipe austríaca no ano passado, houve uma cessão por parte do grupo Red Bull do piloto Carlos Sainz Jr para a equipe de fábrica francesa, o que abriu uma vaga na equipe Toro Rosso para a entrada de um piloto... e ali surgiu um problema: qual pilotos? Não havia pilotos em abundância para se escolher um e colocar no cockpit o time comandado por Franz Tost.

 

Com a saída da Porsche do campeonato mundial de endurance, seus pilotos que se sagraram campeões do mundo nas temporadas nos anos anteriores conseguiram acumular pontos suficientes para obter a superlicença. Este foi o caso do neozelandês Brendon Hartley, que havia sido piloto do programa da Red Bull alguns anos antes e que havia sido dispensado.

 

Pelo critério que a FIA criou, para 2019, caso Kimi Raikkonen se aposente (ou seja aposentado) e Charles Leclerc venha a ocupar o seu lugar, teremos uma vaga aberta na equipe Sauber, que desde este ano passou a contar com um apoio mais forte por parte da Ferrari, que usa a equipe para expor novamente a marca Alfa Romeo, apesar do motor ser Ferrari, quais seriam as opções para eles ocuparem estas vagas?

 

Caso venhamos a usar apenas os três primeiros colocados nos últimos três anos da Fórmula 2/GP2 nos anos de 2016, 2017 e fazendo uma projeção para os três primeiros ao final do campeonato deste ano, as opções não são tantas quanto podem parecer. Em 2016 os três primeiros foram Pierre Gasly, Antônio Giovinazzi e Sergey Sirotkin. Gasly já está na Toro Rosso e não sairia para a Sauber. Sirotkin já está na Williams. Até onde valeria a pena uma troca é duvidoso. Por fim, o italiano Giovinazzi teve oportunidade no ano passado mas foi “julgado, condenado e esmagado” pelas pressões por resultados imediatos da categoria. Da “classe de 2017” temos o próprio Charles Leclerc, Arten Markelov e Oliver Rolwand. Markeov, que está bem no campeonato deste ano e se mostrado um ótimo piloto teria que ao menos, quem sabe, ter uma chance de mostrar sua capacidade e Rowland é piloto de testes da Williams.

 

Dos potenciais três primeiros da categoria, Lando Norris e Nick de Vries são pilotos McLaren. Markelov também está entre os favoritos. George Russell também é piloto de testes na Fórmula 1 e assim teríamos entre os buscando um lugar ao sol, Alexander Albon e Sergio Sette Câmara. Além desses, seria preciso fazer algumas contas para ver quem, nos últimos três anos acumulou os pontos suficientes. Nestes acho que entraria Antônio Fuoco.

 

Voltando aos justíssimos aplausos a Charles Leclerc, deveríamos olhar com melhores olhos para um piloto brasileiro que não teve uma chance decente para mostrar todo o seu potencial: Felipe Nasr. Se analisarmos as oito primeiras corridas do ano de estréia do brasileiro e do monegasco, nosso piloto teve uma performance melhor, com melhores colocações, mais pontos conquistados e melhores classificações, levando em conta que a Sauber, na temporada de 2015, não contava com o apoio que a Ferrari vem dando à Sauber neste ano.

 

Apesar dos critérios da FIA, infelizmente ainda haverá sempre a influência financeira e a “rede de relacionamento” para sobrepujar talentos como foi com Felipe Nasr e para o qual torço não ver acontecer o mesmo com Sergio Sette Câmara.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva