O peru e a véspera do natal Print
Written by Administrator   
Wednesday, 19 December 2018 23:19

Caros Amigos, o universo composto pelos meus estimados leitores – ao menos os leitores brasileiros – com mais de 40 anos talvez tenha na lembrança das celebrações natalinas nossos pais ou mães indo ao mercado comprar um peru abatido na véspera da noite de natal, quando não, No interior ou cidades menores, vendo as aves chegarem vivas e, depois de embebedadas com cachaça, serem abatidas e depenadas no nosso quintal. Eu não tinha estômago para assistir.

 

No caso da geração mais nova, o peru não morre mais de véspera. Ele é abatido, limpo, temperado, embalado e congelado. Quem prestar atenção na gôndola de congelados, vai ver que tem peru à venda o ano inteiro. Além disso, no natal, para famílias menores – e as famílias foram “encolhendo” com o tempo – as grandes empresas trataram de “criar” aves menores, mais adequadas a um público efetivamente menor.

 

Em todo caso, o que se pode tirar deste preâmbulo é que tanto as famílias quanto os criadores e as empresas alimentícias, desde o açougue ao supermercado, passaram a planejar melhor o consumo e o abate das chamadas “aves natalinas” e isso é um movimento que se aplica a tudo e cada vez mais no mundo dos negócios: planejamento estratégico para fazer um produto melhor, a um custo mais baixo e que seja atrativo para seu público alvo.

 

Este mesmo princípio se aplica ao automobilismo e neste aspecto, o automobilismo brasileiro ainda parece estar matando perus no quintal na véspera do jantar de natal, especialmente quando se trata de apresentar seus respectivos calendários. Estamos chegando no final do ano e apenas nos últimos dias tivemos a divulgação dos calendários das principais categorias do automobilismo nacional. E em alguns casos, pré-calendários e no caso do brasileiro de endurance, ainda não há confirmação de datas. E mesmo no caso da Copa Truck e da Porsche Carrera Cup, os respectivos sites oficiais de ambas as categorias não anunciaram os calendários que alguns sites divulgaram.

 

Apenas para exemplificar, no final de agosto a Fórmula 1 apresentou seu calendário para a Federação Internacional de Automobilismo que o aprovou no início de outubro. Um campeonato que terá início no final de março de 2019. A Fórmula E e o Mundial de Endurance (WEC), divulgam seus calendários, que atravessam de um ano para o outro, bem antes disso.

 

Se durante alguns anos assistimos uma guerra de estupidez e canibalismo, onde os promotores das principais categorias faziam calendários onde as datas coincidiam diversas vezes, em um ano chegando ao extremo de acontecerem duas corridas em dois autódromos separados um do outro por pouco mais de 100 quilômetros. Agora, ao que parece, vivemos tempos melhores, mas ainda há muito o que melhorar.

 

Normalmente as empresas de outros setores, aquelas que patrocinam, que investem valores consideráveis para expor suas marcas em um produto que eles consideram que veicularão bem e serão vistos por milhões de pessoas através dos diversos canais de mídia, mas mais ainda quando as provas forem transmitidas pela televisão e/ou internet.

 

Estas empresas fazem planejamentos estratégicos, analisam resultados, fazem projeções para um período seguinte e neste caso fica a pergunta: como fazer um planejamento de marketing com alocação de verbas e demais fatores como o envolvimento de parceiros se não há um planejamento por parte de quem faz o evento e fornece uma parte do considerável combustível financeiro para que os pilotos, suas equipes e as categorias se movam?

 

Ao final de 2018 tivemos uma verdadeira debandada de patrocinadores fortes na Stock Car. Empresas que investiram e investem pesado em seus projetos, algumas por longos anos. E não adianta querer debitar isso na conta do não mais Diretor Executivo, Rodrigo Mathias. A questão é mais complexa e vem perdurando há muitos anos. Será que vão abrir os olhos ou continuar vendo marcas e produtos escorregando entre os dedos?

 

Algo que me chamou a atenção no anúncio da Stock Car foi o asterisco colocado na etapa a se realizar no autódromo de Pinhais, no Paraná. No ano passado este símbolo que significa que data e local ainda estão para serem confirmados, em 2018 este asterisco só deixou de existir há pouco mais de 20 dias da corrida. Situação esta que considero extremamente improvável com a nova administração.

 

Apesar de hoje termos uma grande concentração de poder nas mãos de uma só personalidade do meio automobilístico, acho que devemos esperar mais para a temporada de 2020. Ao menos, não há mais como justificar o não planejamento antecipado de um calendário que possa trabalhar a favor do negócio e não contra.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva