Páginas viradas e vidas que se seguem Print
Written by Administrator   
Wednesday, 13 February 2019 20:33

Caros Amigos, esta semana está sendo particularmente difícil para os brasileiros. Na segunda-feira perdemos uma dos maiores jornalistas do país de uma forma tosca e triste. Ricardo Boechat era um ícone da profissão, independente de gostarmos ou não dos seus posicionamentos.

 

Agora há pouco, quando começava a reunir as ideias para escrever esta coluna, leio sobre a morta da incomparável Bibi Ferreira, a artista mais completa do Brasil. Chego a ter medo do que ainda pode vir pela frente nesta semana, visto que ainda estamos na quarta-feira.

 

A vida é mesmo efêmera e surpreendente. Quando vi as cenas daquela heroína lutando contra a porta do caminhão para retirar o motorista após o choque do veículo contra o helicóptero que tentava fazer um pouso de emergência e, tragicamente, colidiu contra ele e selou o destino do piloto e do jornalista, fiquei pensando se foi assim ou não o meu resgate e da minha família quando sofremos o acidente em 2011. Talvez tenha sido, talvez tenha um herói ou heroína na minha vida, talvez um incêndio e uma explosão tivesse posto fim a tudo oito anos atrás.

 

Independente de termos ou não crenças ou fé em alguma religião, a vida se apresenta de formas que por mais sólidas que pareçam ser nossas estruturas, nada está definido, resolvido, até o momento da nossa morte. Vejam o exemplo do ex-dono da equipe da Force India, Vijay Mallya, que será extraditado para a Índia por alegações de fraude, totalizando cerca de um bilhão de dólares.

 

Empresário de sucesso em seu país, proprietário de empresas como a  Kingfisher Beers e a antiga Kingfisher Airlines, apostou pesado ao comprar a equipe Spyker e ingressar na maior categoria do automobilismo mundial, chegando a levar o então “dono” da Fórmula 1, Bernie Ecclestone, a negociar e conseguir que fosse construído um circuito FIA 1 e que o pais de Mallya sediou três etapas do campeonato mundial.

 

O ministro do Interior do Reino Unido, Sajid Javid, ordenou a extradição do empresário de 63 anos para enfrentar alegações de crimes financeiros na Índia. Após uma decisão em dezembro de encaminhar uma extradição judicial para o Secretário do Interior para aprovação, a decisão agora foi tomada para concluir o processo. Mallya e seus advogados devem apelar da decisão nos próximos dias. O empresário já declarou a intenção de pagar a dívida, mas não disse como.

 

Enquanto a equipe florescia no meio super competitivo da Fórmula 1, chegando a ser a quarta melhor do grid por alguns anos e figurar entre os carros mais rápidos, sua empresa aérea recém-fundada, a Kingfisher Airlines, estava com dificuldades e seus aviões foram impedidos de voar em 2012, depois que os pedidos de novos empréstimos da empresa foram negados. Foi quando os problemas começaram a se tornar maiores do que o seu sorriso.

 

Por conta das ordens judiciais enviadas para todos os cantos do mundo, Mallya acabou se tornando uma figura raramente vista no paddock da Fórmula 1, e suas participações seriam limitadas a eventos baseados na Inglaterra, como os lançamentos de carros da Force India e o Grande Prêmio da Inglaterra, devido as garantias legais contra uma prisão e extradição pura e simples, algo que poderia ocorrer em outro país.

 

As dívidas, que incluem custos operacionais e salários não pagos, tanto das empresas na Índia, como da equipe, com sede no Reino Unido, a venda da mesma, divulgada na sexta-feira antes do Grande Prêmio da Hungria de 2018, quando os administradores, representados legalmente pelo filho de Mallya, Siddarth, concordaram então com a venda da equipe a um consórcio liderado por Lawrence Stroll para comprar a equipe e retirar todas as referências ao antigo proprietário apenas duas semanas depois, preservando a grande maioria dos 400 empregos diretos que a equipe gerava.

 

Nesta quarta-feira a equipe, que agora se chama Racing Point, fez a apresentação oficial do seu carro para temporada de 2019. Com um novo patrocinador e um grande reforço orçamentário, a outrora equipe indiana, que parecia ser “a Copersucar-Fittipaldi que tinha dado certo”, não é mais a mesma, mas mantém, ao meno inicialmente, o mesmo objetivo: ser a melhor entre as não super potências da categoria (Mercedes, Ferrari e Red Bull).

 

Enquanto isso, Vijay Mallya vai tentar não tomar o rumo da prisão. A vida é mesmo efêmera...

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva