Muitas dúvidas e pouco tempo para a F1 Print
Written by Administrator   
Wednesday, 23 October 2019 15:51

Olá leitores do site dos Nobres do Grid, volto a escrever para vocês enquanto nosso gestor, Fernando Paiva, está afastado por motivo de saúde e a quem desejo a mais breve recuperação.

 

O assunto da minha coluna esta semana está muito relacionada com meu assunto favorito no automobilismo: evolução tecnológica.

 

Como esta coluna é publicada às quintas-feiras, neste dia 24 de outubro estaremos a apenas 7 dias do prazo limite para finalização das regras de 2021 e não há concórdia entre os integrantes do atual Pacto da Concórdia (Equipes de Fórmula 1, Liberty Media e FIA), em um prazo que inicialmente era junho. O impasse permanece e há dois pontos de discórdia: um técnico e outro financeiro.

 

A questão técnica recai sobre as regras aerodinâmicas restritivas e agora existe uma contraproposta de último momento em relação às inovações técnicas de código aberto. Estas seriam informações que mesmo desenvolvidas por uma equipe seriam partilhadas para as demais, visando aumentar a competitividade na pista. Na resposta a isso, ao invés da venda do componente pura e simplesmente, uma via de contorno foi aberta com a possibilidade de se poder, com os dados, as demais equipes fazerem seu próprio componente.

 

Pelo atual Pacto da Concórdia, se não se chegar a um acordo até 31 de outubro, a Ferrari tem o direito de vetar o pacote de regras para 2021, mas entende-se que a equipe italiana prefere que as questões não cheguem a esse estágio. No momento, uma maioria (seis) de equipes se opõe aos novos regulamentos técnicos propostos para 2021. Em um questionário organizado pela Ferrari, Mercedes e Red Bull que eles não concordam com os planos como estão. Somente Alfa Romeo, McLaren, Renault e Williams preferiram as novas regras propostas às existentes e destas últimas duas querem deixar o regulamento em aberto para mudanças posteriores.

 

Este questionário, com 10 perguntas, incluindo se as equipes preferiram seguir adiante com as regras propostas para 2021 ou seguir as regulamentações existentes. No caso das novas regras, ele também perguntou se deveria haver mais liberdade de design e o que as equipes achavam sobre a padronização de peças. As respostas das equipes foram comunicadas ao Conselho Mundial da FIA, o órgão legislativo do esporte, pelo chefe da equipe da Ferrari, Mattia Binotto, em 4 de outubro.

 

A F1, sob a liderança do ex-chefe da Mercedes, Ross Brawn, trabalha há mais de dois anos em um novo conjunto de regulamentos técnicos, com o objetivo de fechar o campo e criar melhores corridas, facilitando a ultrapassagem, alterando a forma como os carros produzem força aerodinâmica para facilitar o acompanhamento do carro que segue à frente, especialmente em curva e, portanto, conseguir atacá-lo, com a proposta de uma proporção maior da força aerodinâmica geral do carro a ser produzida pelo piso inferior, em vez da asa dianteira e dos vários apêndices aerodinâmicos que vemos atualmente sobre e em torno do carro, reduzindo a turbulência sobre o carro que se aproxima do que vai à frente.

 

O aspecto financeiro acaba influenciando o processo uma vez que na mudança das regras há o limite de orçamento que ser introduzido a partir de 2021, mas que não é unanimidade, teria uma influência enorme em 2020, que sem limite de orçamento, com as equipes podendo dedicar seus recursos muito maiores ao pacote de regras para 2021 no próximo ano, antes que o limite do orçamento entre em vigor.

 

Neste aspecto o temor é que se abra um espaço maior entre as equipes que hoje estão claramente separada em dois níveis, que tem um hiato muito perto de um segundo, as vezes mais, uma volta mais lento entre as sete equipes, hoje, coadjuvantes ante as três principais equipes: Mercedes, Ferrari e Red Bull. Algumas equipes menores – assim como outras da F1 – acreditam que Ferrari, Mercedes e Red Bull estão tentando proteger sua vantagem competitiva mantendo as regras iguais. As principais equipes negam que essa seja sua motivação.

 

Um aspecto interessante neste confronto entre as equipes a favor ou contra as regras é que entre as seis equipes que se opuseram diretamente à atual proposta de 2021 são as principais e o que alguns consideram seus satélites efetivos - a Toro Rosso é a equipe junior da Red Bull, enquanto a Haas a o Racing Point compram um grande número de peças da Ferrari e da Mercedes, respectivamente, além dos motores, e têm um histórico de votação com seus parceiros.

 

Teremos nestes próximos dois finais de semana duas etapas do campeonato mundial de F1, mas eu creio que as maiores emoções dos próximos dias vão se dar nas salas de reunião.

 

Abraços,

 

Luiz Nascimento


Last Updated ( Wednesday, 23 October 2019 19:10 )