O risco de uma mudança forçada Print
Written by Administrator   
Wednesday, 05 February 2020 21:46

Caros Amigos, todo grande evento, seja ele esportivo, cívico, militar, político ou de outra natureza, requer duas coisas fundamentais para o seu sucesso: planejamento e organização na sua execução. Sendo assim, são raras as vezes que vemos eventos de grande importância e monta sendo transferidos ou adiados.

 

Naturalmente, tudo nesta vida é sujeito a problemas que podem surgir de um momento para outro e comprometer – ou não – o “Schedule” de um evento. Recentemente tivemos a mudança da COP25 do Chile para Madrid devido as instabilidades sociais em curso no país sul americano. Em outros casos, houve risco, mas não se concretizou, como no terremoto ocorrido no México em 1985 que colocou em risco a copa do mundo no ano seguinte, mas que foi disputada normalmente.

 

No automobilismo, de forma recente, tivemos uma ameaça em relação ao GP do Japão no ano passado devido a passagem de um tufão nas proximidades do arquipélago japonês e que alterou a programação de treinos no final de semana. Foi um fator climático. Anos antes, em 2011, o GP do Bahrain foi cancelado por questões de segurança devido a protestos no período que ficou conhecido como “primavera árabe”. Foi um fator político.

 

Estamos vivendo no momento uma situação nova, que pode vir a desencadear o cancelamento do GP da China de 2020, naquela que está programada para ser a mais longa temporada da história da Fórmula 1, com 22 etapas. O motivo, certamente todos os meus estimados leitores estão acompanhando pelas notícias em todos os veículos de mídia, é a epidemia causada pelo “coronavirus”, um vírus de gripe, modificado, de origem animal (não humana) que está sendo transmissível de ser humano para ser humano como uma gripe comum.

 

Para uma pessoa com a saúde fragilizada há anos como eu, todo e qualquer vírus que surge e com riscos a se tornar uma pandemia, uma praga a nível mundial, é mais preocupante do que para alguém que tenha uma boa saúde. Apesar dos relatos de que o índice de letalidade do vírus é muito baixo, as autoridades mundiais estão tomando suas precauções para reduzir os potenciais impactos e, no caso das autoridades chinesas, medidas para tentar conter o vírus geograficamente na região onde surgiram os primeiros casos.

 

Nos últimos dias a Federação Esportiva de Xangai recomendou que todos os eventos esportivos fossem cancelados até que a epidemia de “coronavírus” seja controlada e o vírus contido. Com o número de infectados e óbitos crescendo a cada boletim divulgado, a preocupação natural de todos os envolvidos com a Fórmula 1, para direcionar a questão esportiva ao nosso fórum de discussão, vem na mesma curva ascendente. Contudo, até a noite desta quarta-feira (aqui no Brasil) não havia uma definição sobre o que acontecerá com o GP da China, agendado para o dia 19 de abril.

 

Ao longo dos últimos dias aconteceram também reuniões fechadas com a participação dos chefes e proprietários de equipes da F1, inclusive antes de eu começar a escrever esta coluna, no final da tarde desta quarta-feira. O objetivo vem sendo encontrar uma solução viável para a realização da etapa, envolvendo o promotor de corrida Juss Event Management, o Grupo Liberty Media e a FIA. Uma das questões colocadas sobre a mesa até o momento foi buscar uma nova data para a corrida, inicialmente pensada em uma troca com algum outro promotor, mas não houve interesse e/ou disponibilidade por parte dos mesmos.

 

Qualquer alteração vai gerar um grande impacto nas operações logísticas para transporte de pessoal e material em um calendário tão apertado como o de 2020. Até o momento (noite de quarta-feira no Brasil) não houve um anúncio oficial do cancelamento do GP por parte do Grupo Liberty Media. Contudo, vejo como cada vez mais provável que isso aconteça nos próximos dias. Caso se confirme o cancelamento da etapa, por este tipo de motivo, será fato inédito nos 70 anos de Fórmula 1.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva