Tortuosos caminhos Print
Written by Administrator   
Wednesday, 15 April 2020 21:44

Caros Amigos, quem está acompanhando os noticiários pelos meios de mídia disponíveis, ao menos aqui no Brasil, tem a impressão de que seguimos por caminhos tortuosos, onde parece que as pessoas estão questionando a ciência, com se fazia na idade média, para com o poder, impor suas crenças e convicções. Felizmente as guilhotinas, forcas e fogueiras em praças públicas ficaram no passado.

 

As incertezas persistem não apenas em nosso país, mas em muitas partes do mundo, onde simplesmente não é possível prever quando – tampouco como – a rotina de antes da pandemia poderá voltar ao normal (se é que irá voltar ao normal). Muitas autoridades tem afirmado que o mundo não será o mesmo depois do coronavírus. Caso isso seja mesmo verdade, que possamos mudar para melhor.

 

Como todos nós temos visto, diversos eventos estão sendo postergados. Alguns com datas em aberto, mas intenção de se fazerem realizar ainda este ano. Outros, já transferidos para 2021, como foi o caso dos jogos olímpicos e paralímpicos, que ocorreriam em Tóquio no próximo mês de julho. Nesta ultima semana tivemos o “adiamento” oficial do GP do Canadá de Fórmula 1 e também o adiamento do campeonato mundial de kart que ocorreria no Brasil, este já agendado para 2021, mantendo a sede em Birigui, interior de São Paulo.

 

Para os próximos dias há um outro adiamento que estou aguardando: o da data de entrega das propostas dos interessados no processo de concessão do Autódromo de Interlagos (caso haja algum nas bases estabelecidas pelo edital), que tem data estipulada para 28 de abril. Certamente, com todo este trabalho em torno das medidas contra a pandemia, assuntos como este – e outros – devem estar relegados a um segundo plano, mas existem outros fatores agindo no processo.

 

Quem vier a ser o vencedor da disputa pela concessão do Autódromo de Interlagos, pelas bases do que está escrito no edital, assume o compromisso de transferir para os cofres municipais um bilhão de reais. Ao vencedor será aberta a possibilidade de fazer de Interlagos um complexo deve ser multiuso, com equipamentos de lazer e cultura e poderá ter hotel, shopping, galpão comercial e centro logístico, entre outras possibilidades, e um “detalhe”, que é a exigência do local ficar reservado 80 dias por ano para atividades da prefeitura.

 

Com todos os eventos de aglomeração de pessoas suspensos por data a ser definida e um variável na equação que ainda não pode ser calculada – no caso, o “por quanto tempo” a situação que vivemos persistirá – esta indefinição provavelmente pesará em uma decisão (ainda não tomada) de se adiar – mais uma vez – a data para a entrega dos envelopes referentes ao edital.

 

Evidentemente, isso é apenas uma especulação da parte deste colunista, mas como investidor do dinheiro dos clientes do nosso escritório, trabalhando com projeções de mercado e expectativas de retorno, um investimento deve ser pensado – e pesado – de tal forma a só ser considerado viável caso possam ser projetadas expectativas de retorno positivas. Com a situação atual e as perspectivas de efeitos da pandemia, fazer uma proposta para concessão do Autódromo de Interlagos nas atuais bases do edital seria um ato de altíssimo risco e não vejo outra alternativa à prefeitura da cidade de São Paulo que não seja o adiamento do prazo para o recebimento de propostas.

 

Na verdade, uma suspensão do processo seria a atitude mais correta, mas nos tortuosos caminhos da política, até existem faixas brancas para delimitar-se os limites da pista, contudo, nem sempre estas são respeitadas.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva