A estranha economia em tempos de pandemia Print
Written by Administrator   
Wednesday, 22 April 2020 21:14

Caros Amigos, passada mais uma semana sob o peso do confinamento e das restrições sociais devido ao coronavírus e seus efeitos, em todos os seguimentos da vida no planeta em que vivemos estamos assistindo pelos noticiários e através dos canais de comunicação algumas coisas que deveriam ser inimagináveis.

 

Entre os fatos que mais chamou minha atenção foi o preço do petróleo do mercado futuro nos Estados Unidos na última terça-feira, com um valor negativo de 37 dólares. Seria como o produtor pagar ao seu comprador para que ele levasse o “ouro negro” (como foi chamado nos anos 70) para suas refinarias, tamanha a queda no consumo mundial.

 

Procurei um dos criadores do Projeto dos Nobres do Grid e que é executivo do seguimento para tentar entender o que poderia estar acontecendo. Dele forma bastante imparcial ouvi dele que algumas coisas no mercado norte americano tem particularidades, mas que a empresa onde ele trabalha não iria pagar ninguém para levar embora o óleo produzido por eles. Mas não podemos deixar de estranhar a situação.

 

Lembrei-me de uma corrida em Mônaco, nos anos 80, onde nas voltas finais os carros começaram a ter problemas e em certa altura, tanto o narrador, o comentarista e mesmo a transmissão da corrida não sabia quem estaria liderando e quem conseguiria vencer a corrida, que terminou por ser vencida pelo italiano Ricardo Patrese, naquele ano pilotando para a Brabham.

 

As indefinições sobre quando e como as atividades no esporte a motor vão ser retomadas no Brasil e pelo mundo estão levando algumas empresas (desde montadoras a grandes e pequenas equipes, fornecedoras de equipamentos) a estabelecer processos de adequações em diversos seguimentos onde a sobrevivência é o principal objetivo de todos. Isso passa, necessariamente, pelo controle orçamentário.

 

Neste sentido, quanto menor é o capital ou a capacidade de produzir serviços de uma empresa, menor será a capacidade desta empresa assimilar situações adversas como as que a pandemia do coronavírus tem provocado. As decisões para buscar o equilíbrio e evitar o maior dos males que seria a busca de uma recuperação judicial ou até a declaração de insolvência.

 

Por este processo passam a busca de redução de custos e folha. Em um meio onde fala-se sempre em milhões de dólares, de euros ou de libras, a Fórmula 1 vai ser obrigada a refazer suas contas e isso passa pelo Grupo Liberty Media, as equipes e os pilotos. O controle orçamentário e o teto de gastos vai acabar por ser imposto pela própria situação, onde sobreviver é o mais importante, assim como muitos pilotos, com contratos se encerrando no final deste ano, precisarão ser mais flexíveis e menos ambiciosos para garantir um assento no grid e também colaborar para que sua equipe esteja no grid. Neste ponto o maior peso na balança das negociações está a renovação de contrato de Lewis Hamilton, que talvez precise abrir mão de suas ambições.

 

Olhando para nosso mercado interno, a Copa Truck estava com uma projeção de começar o ano com 30 caminhões no grid e isso poderia ser um problema em alguns circuitos, obrigando a alguns dos competidores a ficarem de fora da corrida. Quando as atividades forem retomadas, quantos ainda conseguiriam levar o projeto de uma temporada – agora com uma possibilidade concreta de ser restrita a não mais que seis meses – ou teriam que buscar adiá-lo para 2021?

 

A situação da Stock Car é um pouco mais complicada, com uma lista de inscritos com perdas de nomes (qualidade) e inscritos (quantidade), somada aos custos extras que as equipes tiveram que assumir com a mudança dos carros e do regulamento – e que evidentemente não tinha como vislumbrar a perspectiva negativa de uma pandemia para jogar por terra todo um planejamento – colocarão Carlos Col e a VICAR diante de um enorme desafio para fazer da reduzida temporada de 2020 – quando esta começar – algo que pelo menos consiga reduzir as perdas, um desafio ainda maior para as equipes, que não tem os milhões de algumas equipes da Fórmula 1, mesmo as menores, mas que tem custos pesados a arcar, mesmo que em reais.

 

Este está se tornando um ano de sobrevivência.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva