As oportunidades e as possibilidades em tempos de crise Print
Written by Administrator   
Wednesday, 06 May 2020 23:44

Caros Amigos, tempos de crise sempre proporcionaram oportunidades para aqueles mais atentos aos movimentos de mercado e que, com isso, conseguiram reverter a dificuldade em estabelecimento de negócios, processos e/ou inovações que trouxeram a estes que conseguiram enxergar mais longe que os demais e fazer a diferença.

 

Oportunidades em tempos de crise podem surgir em qualquer seguimento do mundo dos negócios e a qualquer tempo. Hoje, busca-se freneticamente uma vacina contra o COVID-19. O laboratório que conseguir vencer esta corrida vai faturar bilhões – talvez trilhões – com sua descoberta. Tanto com a comercialização quanto com o recebimento de royalties para que outros laboratórios produzam a desejada vacina.

 

Na última semana, abordei neste pequeno espaço da mídia eletrônica o adiamento – sem definição de data futura – do processo de concessão do Autódromo de Interlagos. Os motivos (pelo menos todos eles) não estão completamente esclarecidos – e talvez nunca sejam – apesar de, pelo menos até o momento, nos planos do Grupo Liberty Media, o GP Brasil de 2020 continua com sua data inalterada, dentro do plano para fazer uma temporada diferenciada e minimizar o estrago da pandemia nos negócios do esporte a motor.

 

Desde o início do ano um novo ator no teatro em torno da etapa brasileira vem surgindo: o Autódromo Internacional de Brasília, fechado desde 2014 quando uma obra superfaturada para a realização de etapas da Fórmula Indy foi interrompida pelo Tribunal de Contas do Distrito Federal e que, desde então, apesar de alguns projetos com valores razoáveis e envolvimento de pessoas sérias, o TCDF criou obstáculos ao processo e este voltou à estaca zero.

 

Em janeiro último, o Governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha declarou que seria feito um projeto para que as exigências da FIA para que uma etapa aconteça em um circuito e que atenda as expectativas do Grupo Liberty Media sejam atendidas. Indo até mais longe, o governante declarou que quer ver o autódromo apto a receber qualquer categoria. Algo que tem – para mim – uma certa ambiguidade: de quantas rodas o político estaria falando? Este “todas” abrangeria a MotoGP? Fica uma questão no ar.

 

A se levar realmente em consideração a declaração do governador do DF, há uma vantagem e um problema para a capital do país em relação a metrópole paulistana. A vantagem é que o mandato do governador vai até 2022, o que daria tempo para que um processo “na velocidade de decisões políticas” em prática no país conseguisse sair das palavras para a ação. A desvantagem é que Interlagos é um autódromo pronto e com o contrato do GP Brasil encerrando este ano, Brasília teria – na prática – seis meses para apresentar um projeto e ter as obras em um considerável estagio de andamento para que os executivos da categoria assinem um contrato com eles até a semana do GP Brasil deste ano. A este fato, devemos somar a questão da impossibilidade de andamento de obras públicas por conta do confinamento da população.

 

Até onde pudemos verificar por foros e relatos de seguidores do site, boa parte do traçado já recebeu camada de asfalto, mas isso já tem alguns anos e não temos notícias de como ficaram os projetos de drenagem e de como está o asfalto hoje. Uma questão de ordem técnica é o tamanho da reta principal. Esta tinha, antes do início da reforma, 750 metros e havia uma ideia, que não foi levada adiante, de prolongá-la para 1000 metros. Uma reta de 750 metros com a configuração dos carros atuais da Fórmula 1 incorreria na séria possibilidade de termos corridas com pouquíssimas ultrapassagens, especialmente entre os carros das três equipes principais. Com a configuração original, seria como a categoria correr no circuito permanente de Valência, na Espanha, o Ricardo Tomo.

 

Evidentemente o governador do DF está enxergando o tamanho do retorno (mais de 300 milhões de reais) em cada corrida da categoria e, com um autódromo FIA 1 (e se forem inteligentes FIM-A), podendo receber a MotoGP, ter um segundo evento no ano, um em cada semestre, que injetaria uma quantia semelhante, e lembrando o fato de Interlagos não ter como receber a MotoGP. Ainda a seu favor o Distrito Federal tem o fato de que este ano teremos eleições municipais (a menos que o coronavírus mude isso também) e caso haja uma mudança de partido ou alinhamento político com o governador do estado, que está usando o autódromo como uma moeda de disputa política com o presidente do país, este defensor do improvável autódromo de Deodoro.

 

Essa disputa pelo GP Brasil de 2021 deverá ter grandes desdobramentos no segundo semestre.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva 
Last Updated ( Wednesday, 06 May 2020 23:48 )