O tribunal das redes sociais e o protagonismo dos anônimos Print
Written by Administrator   
Wednesday, 09 September 2020 20:55

Caros Amigos, há muito tempo que tenho me sentido incomodado com a postura das pessoas em relação ao sucesso de algumas pessoas, como se ter sucesso fosse algo que as incomodassem profundamente. Nas redes sociais este “incômodo” tem tomado proporções inacreditáveis e o que vi neste último final de semana me fez deixar de lado o assunto que havia escolhido para esta coluna, uma vez que penso ter tempo para abordá-lo, talvez, na próxima semana.

 

Caros Amigos, há muito tempo que tenho me sentido incomodado com a postura das pessoas em relação ao sucesso de algumas pessoas, como se ter sucesso fosse algo que as incomodassem profundamente. Nas redes sociais este “incômodo” tem tomado proporções inacreditáveis e o que vi neste último final de semana me fez deixar de lado o assunto que havia escolhido para esta coluna, uma vez que penso ter tempo para abordá-lo, talvez, na próxima semana.

 

Comecemos pela F1, onde graças a uma punição (correta por regulamento), que a conversa pelo rádio revelou ter sido tardiamente informado ao piloto, que já estava no traçado de entrada dos boxes quando foi falado que o Box estava fechado. Na última terça-feira, fui alertado pela nossa Editora Chefe, Catarina Soares, que vai às corridas das categorias norte americanas na Califórnia, além de ter ido a três 500 Milhas de Indianápolis, de que na entrada dos boxes na NASCAR, IMSA e F. Indy, é colocado um semáforo, com as luzes vermelha e verde, para indicar se os boxes estão abertos ou fechados. Este tipo de sinalização é facilmente visível na saída dos boxes nos autódromos onde corre a F1, mas em Monza – pelo menos – este tipo de sinalização, na entrada dos boxes, não havia.

 

Quando a corrida parou, com a bandeira vermelha, Lewis Hamilton pegou um patinete e foi até os boxes e, posteriormente até a direção de prova argumentar sobre a demora da informação dos boxes fechado, alegando que jamais comprometeria sua corrida entrando nos boxes com o mesmo fechado e que havia sido chamado pela equipe, que não tinha esta informação, que caso tivesse jamais o chamaria aos boxes. Não satisfeitos, os donos do poder ainda chamaram sua atenção pelo uso do patinete no pit lane. Lewis e a Mercedes não questionaram o erro, mas não poderia o fato ter sido atenuado diante das circunstâncias? O regulamento não permite e permitiu tantas interpretações em tantos episódios passados?

 

Vejam o vídeo da própria FIA e em que altura Hamilton recebe a informação da equipe: https://www.formula1.com/en/latest/article.mercedes-reveal-the-simple-oversight-that-caused-hamiltons-race-ruining.6OiiUb3IBVnKNzaCq7IkGi.html

 

O pior foi ler as manifestações daqueles que queixam-se dele por liderar o movimento contra o racismo, que a FOM e a FIA tiveram que aderir, tamanho tem sido o impacto globalmente falando de tudo que aconteceu nos últimos meses. A depender de alguns, Lewis seria amarrado ao tronco e apanharia as chicotadas como Kunta Kintê, personagem do Best Seller Raízes, mas que foi a realidade de dezenas, talvez centenas, de milhares de negros escravizados no continente americano.

 

Fora dos autódromos, vimos um outro atleta de ponta ser crucificado ao vivo pelas televisões após um infeliz acidente durante o Aberto de Tênis dos Estados Unidos. O tenista sérvio Novak Djokovic, após ter um serviço quebrado no jogo pelo seu oponente, o espanhol Pablo Busta, tirou a bola que tinha no bolso e atirou-a com a raquete para o fundo da quadra. Por uma enorme infelicidade a bola acertou em cheio o rosto de uma juíza de linha, como mostram as imagens aqui: https://www.youtube.com/watch?v=CNgkj5I3cZQ

 

O regulamento também prevê a eliminação do jogador que acertar uma bola em alguém. Após uma pesquisa, descobri que Fernando Meligeni, argentino que assumiu a nacionalidade brasileira, foi eliminado de um jogo (e do torneio) após acertar uma bolada não intencional em um torcedor. No caso de Djokovic, ele ainda foi multado em 250 mil dólares e zerou nos pontos do torneio. Felizmente, no caso de Lewis Hamilton, a punição não era uma bandeira preta.

 

Espero que meu estimado leitor não entenda minhas colocações como uma contestação às regras, mas gostaria que os detentores do poder da decisão fossem capazes de, mesmo diante da letra fria dos regulamentos, analisar circunstâncias como as que envolveram Lewis Hamilton e Novak Djokovic, que acabaram por dar protagonismo àqueles que não são os protagonistas do espetáculo.

 

Da mesma forma que foi feito com Lewis Hamilton, Novak Djokovic foi “apedrejado em praça pública” pelo seu “ato de indisciplina”. O que eu me lembro dele, eu que não sou um telespectador de tênis, foi um ato totalmente oposto, quando ele arrancou aplausos de toda a quadra ao ser extremamente gentil com um garoto “catador de bola”, que normalmente são alunos de escolinhas de tênis. https://www.youtube.com/watch?v=YskqvyX1W7M Para mim este é o Djokovich, não o “vilão” que foi desclassificado do torneio, tampouco o socialmente engajado Lewis Hamilton como o transgressor de Monza.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva

  

 

 

Last Updated ( Thursday, 10 September 2020 00:39 )