Eleições e interesses Print
Written by Administrator   
Wednesday, 04 November 2020 19:21

 

Caros Amigos, todo o mundo está acompanhando nessa semana a eleição para presidente nos Estados Unidos. Um processo bastante complexo se comparado com as nossas eleições aqui no Brasil, onde apertamos algumas teclas e que, poucas horas após o encerramento da votação, temos os resultados.

 

Na próxima semana teremos as eleições municipais no Brasil, onde serão eleitos milhares de prefeitos e algumas dezenas de milhares de vereadores, de uma forma muito mais rápida, segura e eficiente do que se vê acontecer no país mais avançado do mundo que, entretanto, tem um processo eleitoral perdido no passado.

 

O nosso automobilismo também está às vésperas de sua mais importante eleição: a do presidente da CBA, que ocorrerá no início de 2021 para o quadriênio que se seguirá, sem que o atual mandatário, Sr. Waldner Bernardo de Oliveira, seja candidato à reeleição, algo bastante comum no formato dos pleitos da entidade.

 

Na eleição de janeiro de 2017 o meio esportivo do automobilismo viu uma verdadeira campanha eleitoral – em alta temperatura – onde dois blocos (onde se misturavam dirigentes, jornalistas, empresários (o automobilismo é um negócio que, bem gerido, pode ter um bom retorno) tomaram partido de um e de outro, com críticas (algumas sem fundamento) de parte a parte e um inédito debate, promovido pelo jornalista Livio Oricchio, onde estes grupos acabaram tomando mais espaço e tempo ao microfine do que os dois candidatos.

 

Milton Sperafico, candidato derrotado pelo atual presidente em um pleito apertado, com federações impugnadas e uma tentativa de impugnação do voto da Associação Brasileira dos Pilotos de Automobilismo (ABPA) por parte da Federação Gaúcha de Automobilismo (que votou no candidato Milton Sperafico, o mesmo candidato votado pela associação dos pilotos).

 

A eleição deste ano não tem atraído a atenção do meio como o pleito anterior atraiu. Waldner Bernardo de Oliveira foi o sucessor de Cleyton Pinteiro, presidente por dois mandatos que, independente do fato de ter encarado os efeitos do estouro da bolha imobiliária nos Estados Unidos que colocou o mundo inteiro em recessão – e como bem sabemos as montadoras reviram seus projetos no automobilismo, desde a F1 até a nossa Stock Car – teve seus 8 anos pontuados por controvérsias (para dizer o mínimo).

 

Há um fato que a grande maioria das pessoas não faz ideia da passada existência e mesmo pessoas que militam no automobilismo não lembram – intencionalmente ou não – que antes da eleição de Cleyton Pinteiro os presidentes das Federações estaduais de automobilismo votaram uma alteração no estatuto da entidade, alterando o sistema de votos qualificados (onde as categorias que tinham votos diferenciados conforme o número de pilotos federados, de categorias e de certames que promovia). Foi uma ação das Federações e, desde então, a Federação do Paraná e a da Paraíba (apenas um exemplo) tem voto exatamente iguais.

 

Teremos, além do Sr. Milton Sperafico, que tem um passado como piloto em categorias regionais e nacionais, que foi Vice-Presidente da CBA na gestão Cleyton Pinteiro, o Sr. Giovani Guerra, como “um entusiasta do kart”, numa flagrante ação de tentar diminuir o candidato que é integrante da Comissão Internacional de Kart da Federação internacional de Automobilismo (CIK-FIA), presidida pelo também brasileiro Felipe Massa, ex-piloto da F1.

 

Não farei, jamais farei, da minha coluna um palanque para qualquer candidato, muito menos do site dos Nobres do Grid um veículo de campanha para Milton Sperafico ou Giovani Guerra. Lembro aos nossos estimados leitores que, no período pré-eleitoral do último pleito fizemos em parceria com uma rádio, com transmissão por imagem e som também pela internet, entrevistas de 90 minutos com os dois candidatos, onde tivemos intensa participação dos que nos assistiam, recebendo perguntas de todo o país. Isso é fazer jornalismo. Correto, igualitário, justo e imparcial. Os candidatos, antes de serem “rotulados” deveriam – antes de tudo – serem ouvidos.

 

O automobilismo brasileiro precisa evoluir e sobre isso certamente não há questionamentos. Precisamos de ideias novas, de iniciativas que agreguem pessoas, investimentos, mercadologia, exposição do produto e certamente sobre isso também não há questionamentos. Contudo, quem entre os que leem minhas colunas semanais acreditam que, realmente, pode haver alguma “mudança” quando as pessoas que falam em mudança são as mesmas que se perpetuam há mais de uma década (ou duas, ou mais) nas suas Federações estaduais?

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva


 

Last Updated ( Thursday, 05 November 2020 08:18 )