A passagem do bastão Print
Written by Administrator   
Wednesday, 01 September 2021 21:11

Caros Amigos, Os jogos olímpicos terminaram há alguns dias e no momento estão em curso os jogos paralímpicos. Sempre fui um apaixonado por esportes e pelo atletismo em particular. Fui corredor dos 400 e 800 metros rasos – longe da competência de meu inspirador, Joaquim Cruz – e também corria o revezamento 4x400.

 

As corridas de revezamento, especialmente nos 100 metros rasos, tem na passagem do bastão um momento crucial, onde a passagem bem feita pode ser a chave da vitória. Muitas vezes a vida imita a arte e o esporte também é um tipo de arte. Neste caso, a passagem do bastão na vida pode ser um momento decisivo e importantíssimo em que podemos ter uma grande vantagem ou colocar algo conquistado a perder.  

 

Lembrei-me de um episódio em uma de nossas coberturas, onde foi entrevistada a equipe da Firestone, fornecedora dos pneus da Fórmula Indy e seu engenheiro chefe disse que estava se despedindo da categoria naquele ano, mas que seu substituto tinha 30 anos de empresa e 20 anos trabalhando com ele. Evidentemente, o “bastão” estava sendo bem passado e ambos disseram que havia uma equipe de engenheiros com 20 anos de Firestone para em uma década, ter um outro para assumir as funções.

 

Não só na Firestone, mas em diversos seguimentos do mundo corporativo, temos processos de “passagem de bastão” semelhantes a este que a Firestone estava fazendo na Fórmula Indy. Provavelmente um modelo para outros seguimentos dentro da empresa. Entretanto, esta não é uma regra imutável. Outras empresas vão, por exemplo, buscar chefias no mercado, muitas vezes oriundas de outros seguimentos.

 

Quando Charlie Whiting faleceu, às vésperas do GP da Austrália de 2019, Michael Masi, australiano, com pouco mais 10 anos de experiência em competições naquele país e “diretor local” de provas da Fórmula 1 na Austrália desde 2018 (posição aqui no Brasil já ocupada por Carlos Montagner e por nosso Colunista, Sérgio Berti), em 2019 passou a ser delegado da comissão de segurança em monopostos da FIA e, dois meses depois, foi alçado a posição de substituto de Charlie Whiting no início da temporada de 2019. Desde então algumas decisões – muitas delas dos comissários desportivos e não do Diretor de Prova – foram duramente questionadas por aspectos esportivos e mesmos técnicos. Entretanto, creio que desde o fatídico final de semana onde faleceram Roland Ratzemberger e Ayrton Senna que decisões não suscitavam tamanha polêmica quanto as do último domingo em Spa Francorchamps.

 

O Grande Prêmio de Spa-Francorchamps acabou se tornando o mais curto da história da Fórmula 1. O início programado para as 15:00, hora local, foi atrasado em 25 minutos. Seguiu-se uma série de voltas de formação antes de horas de atraso, até que os pilotos saíssem novamente para enfrentar as condições atrás do Safety Car em uma “suposta” corrida de 60 minutos de duração. Após três voltas, a corrida foi suspensa novamente e em seguida dada como encerrada, sendo atribuída a metade da pontuação aos pilotos, com uma cerimônia de pódio e um enorme sentimento de frustração por parte da grande maioria de presentes e – certamente – totalidade de telespectadores.

 

Segundo Michael Mais, todas as opções disponíveis no livro de regras, dentro das disposições do código desportivo internacional foram avaliadas para se buscar a melhor oportunidade de completar a corrida, mas não foi possível. Um comunicado da Fórmula 1 divulgado após a bandeira vermelha praticamente transcreveu as palavras de Michael Masi, reiterando que a segurança é sempre a prioridade.

 

Durante a transmissão da Sky Sports, os comentaristas – todos altamente experimentados – a possibilidade de se transferir a corrida para a segunda-feira. No entanto, entrevistado posteriormente pela emissora, o diretor de corrida da FIA, Michael Masi, revelou que isso nunca estava em questão, assim como evadiu-se em comentar sobre a possibilidade de um adiamento da corrida para outra data ainda em 2021.

 

Obviamente é impossível negar que há uma sequência de situações desde que Michael Masi assumiu o cargo que está ocupando há pouco mais de dois anos e meio em que decisões não foram propriamente “isentas de polêmicas” e é igualmente impossível não questionar se ele, que assumiu a direção geral de prova após a morte de Charlie Whiting era a melhor escolha para o cargo, se ele tinha experiência suficiente para “pegar o bastão” e dar continuidade ao trabalho de seu antecessor.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva