O caminho das pedras na gestão do automobilismo Print
Written by Administrator   
Wednesday, 29 September 2021 21:19

Caros Amigos, A língua portuguesa é muito rica em expressões e não precisamos ir ao dicionário para encontrá-las. Em nosso cotidiano, mesmo sem perceber, costumamos nos valer da várias delas.

 

Quando buscamos uma direção para chegar a um objetivo que traçamos, as pessoas com mais de 40 anos, como é o meu caso, costumam usar a expressão “caminho das pedras”. Esta tem descrita em dicionários a maneira ou meio pelo qual se pode chegar, mais rápido e eficientemente, a um lugar, objetivo ou a uma solução de problema e que, supostamente, é conhecido apenas pelos mais espertos ou experimentados.

 

Ter a percepção para “encontrar o caminho das pedras” costuma fazer a diferença entre o mesmismo – ou mesmo o fracasso – e o sucesso, é um dom para alguns ou fruto de estudo e análises apuradas para outros. Não existe uma “receita”, cada ambiente exige de quem busca o sucesso em cada seguimento ou situação e como o assunto deste nosso espaço de todas as quintas-feiras é algo ligado ao esporte a motor, convido meus estimados leitores a me acompanhar a ver como isso pode ser visto em alguns seguimentos do automobilismo.

 

A Fórmula 1 tem 72 anos de existência, mas sua expansão mundial e popularização teve início apenas a partir dos anos 70, pelas mãos de Bernie Ecclestone. O visionário empresário inglês transformou um conjunto de reuniões para corridas em alguns finais de semana durante os anos em um negócio de cifras bilionárias, que fez dele um dos homens mais ricos da Inglaterra e que permitiu que as equipes, tivessem momentos de ganhos consideráveis, atraísse grandes montadoras de veículos e se tornasse fruto de cobiça de grupos investidores como a CVC e o Liberty Media.

 

Apesar do sucesso conquistado por Bernie Ecclestone, que chegou a ter mais de 30 carros e 17 equipes em uma só temporada nos anos 80/90, a elevação dos custos operacionais com os avanços tecnológicos se por um lado fez o negócio dar lucros cada vez maiores, por outro não apenas reduziu o número de equipes como criou uma enorme distância entre elas, o que – esportivamente falando – reduziu a competitividade e multiplicou cifras nos investimentos e custos das equipes, aumentando um “problema” que já existia e que hoje gravita em valores que beiram o absurdo: o “efeito” piloto pagante! Guanyu Zhou, piloto chinês, hoje na Fórmula 2, deve estar indo para a Fórmula 1 em 2022 com um aporte de 30 milhões de dólares por temporada.

 

Independente do talento natural – que ele tem – e o coloca como um natural postulante a um cockpit na categoria mais importante do automobilismo mundial, contudo a falta de mais equipes, mais assentos e mais competitividade entre as equipes impede que mais pilotos se mostrem no mercado e ao público. Mick Schumacher, que foi campeão com méritos da Fórmula 2 está tendo que andar na (atualmente) equipe mais fraca do grid, mas a vitrine que alavancou tantos pilotos aos grandes times – as equipes pequenas – que faziam o grid da Fórmula 1 ter 26 ou mais carros é algo que – talvez – nem a criação do teto de gastos permita o retorno.

 

O Grupo Liberty Media tem inúmeros desafios pela frente e com a velocidade do mundo dos negócios nos conturbados dias que vivemos para reduzir custos, atrair potenciais investidores com interesse em montar uma nova equipe, atrair novos fabricantes de motores e principalmente reduzir a distância entre as maiores equipes e as menores para que haja um potencial aumento de vitórias fora do círculo das grandes equipes.

 

Na próxima semana falarei sobre como a Fórmula Indy está voltando a ganhar força, principalmente depois que Roger Penske passou a ser o proprietário da categoria.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva