A luz e a escuridão Print
Written by Administrator   
Monday, 04 March 2013 03:27

 

 

Caros amigos, dois acontecimentos de grande impacto atingiram diretamente o automobilismo brasileiro nesta semana que passou. Talvez com efeitos tão ou mais poderosos do que a queda do meteoro na Russia, algumas semanas atrás. A saída de Carlos Col da direção da VICAR, empresa promotora da Stock Car, Brasileiro de Marcas, Brasileiro de Turismo e da Fórmula 3 Sulamericana, e o rompimento do contrato de Luiz Razia com a Marussia, 23 dias depois do brasileiro ter sido anunciado como piloto titular da equipe.

 

Há alguns meses o site dos Nobres do Grid, em sua seção “Nobres do Grid – Enquete” vem abordando o tema das eleições da CBA. Está inclusive na FrontPage a segunda rodada de posicionamentos, tomada no final do ano passado onde Dirigentes de federações, na ativa ou não e promotores de categorias deram seus pontos de vista sobre o assunto e se o leitor voltar ao ponto, verá que há um posicionamento por parte dos presidentes de federação contrário a que um promotor, ainda ligado a uma categoria, seja candidato (e em nenhum momento questionamos isso, apenas questionamos o direito a voto).

 

Por outro lado, ciente de que uma candidatura de um não dirigente não seria algo a nascer de uma hora para a outra, temos o olhar de um empresário que um dia foi comprar um motor para barco e acabou comprando um carro de corridas. Este é o caso de Carlos Col e esta passagem foi narrada para o site dos Nobres do Grid alguns anos atrás. Estaria Carlos Col dando o primeiro passo para poder se preparar e encarar um processo de formação de uma base política para ser o próximo presidente da CBA?

 

Como tudo neste mundo corporativo, existe uma “versão oficial”. Esta fala que o dirigente afastou-se para “tocar um projeto solo”. Contudo, parece haver mais coelhos nesta moita. A Time For Fun (T4F) comprou a VICAR no ano passado, focando no seguimento de entretenimento, abrindo o leque para além de shows, seu carro chefe. Carlos Col teria ficado com uma pequena parcela da sociedade, deixando-o livre para investir em seu “novo projeto”.

 

Uma vertente afirma que houve um ‘desentendimento’ entre Carlos Col e a diretoria da Time For Fun, desentendimento este negado pelo Diretor Executivo da VICAR, Mauricio Slaviero. Em todo caso, alguma coisa parece ter sido feita de forma errada. O público na etapa deste domingo, abertura da temporada da Stock Car foi simplesmente ridículo! Mesmo a corrida tendo voltado para um ‘horário decente’ – 11 horas da manhã ao invés das “nove e meia da madrugada”, imposto pela TV de sinal aberto que detém os direitos de transmissão – as tomadas abertas (nem tanto, pois tentaram ter o cuidado de não mostrar os degraus de concreto) mostraram que não tinha setor fechado nem na frente dos boxes.

 

Estaria então o nosso – talvez – mais inserido dirigente esportivo “não político” planejando a sucessão de Cleyton Pinteiro em 2017? Ou mesmo antes disso? Lembremo-nos que houve no primeiro mandato do ‘Homem Que Ri’ uma tentativa de derrubá-lo e que acabou fracassando, se bem que dificilmente um articulador e empresário como Carlos Col embarcaria em uma ‘arapuca política’. Contudo, ele não terá como passar incólume pelo processo para poder sair candidato à presidência da CBA.

 

Pelo atual estatuto, qualquer nova candidatura precisa ser apresentada por 20% das federações com direito a voto. Sendo 20 as federações estaduais, considerando que todas estejam em ordem com os quesitos para seu funcionamento legal, uma candidatura para ser legitimada precisaria ser referendada por pelo menos quatro federações, o que não implica em garantia de voto, apenas de que há um grupo disposto a disputar a eleição e que o mesmo tem o reconhecimento de parte dos dirigentes estaduais.

 

Sendo 20 as federações, o novo candidato teria que garantir pelo menos 11 votos e isso implicaria em uma grande teia de articulações ao longo destes quatro anos. Carlos Col é um homem hábil, tem plenas condições de fazer e a eleição de um ‘empresário do ramo’ pode vir a ser algo positivo para o nosso automobilismo. A pergunta que fica é: que preço terá que ‘pagar’ Carlos Col para ter o apoio dos presidentes de federações, tão bem acomodados em seu ‘status quo’? Esta é uma ‘novela’ que está apenas começando.

 

Vinte e três dias: Este foi o tempo exato que durou o sonho do baiano Luiz Razia como piloto titular de uma equipe de Fórmula 1 (bem, F1 mais ou menos, afinal, era a nanica Marussia).

 

Depois de “passar o chapéu” pedindo dinheiro pelos quatro cantos do mundo, o brasileiro Luiz Razia, depois da saída do alemão Timo Glock parecia ter conseguido conquistar seu tão sonhado lugar no grid da Fórmula 1 para 2013. Chegou a participar da primeira semana de testes em Jerez de La Frontera e superou, quando esteve na pista, seu “adversário direto”, o carro da Caterham. Contudo, um anúncio nos últimos dias da primeira semana de treinos em Barcelona levantou a lebre: Razia não iria treinar para que Max Chilton pegasse mais quilometragem.

 

Poderia até ser algo do gênero, mas no melhor estilo – desastrado? – Rubinho Barrichello, Razia meteu a boca no trombone e falou o real motivo da sua não participação no treino: o grupo de patrocinadores não honrou a segunda parcela do pagamento e por isso estava fora dos treinos. Na verdade, um dos ‘investidores’ do grupo.

 

Eu posso até estar errado, caro leitor, mas entendi a posição da equipe como uma forma de dar tempo ao piloto de resolver o problema, de não expor a questão financeira – de ambos – a público e declaração do piloto foi um verdadeiro ‘chute no balde’. Gente com dinheiro certamente não faltaria. Gente com mais experiência e vivência de Fórmula 1 (Vitaly Petrov, Reiki Kovaleinen e Narain karthikeyan) também não faltaria. E o que faltou então? Só dinheiro?

 

Está mais Do que evidente que faltou gerenciamento no projeto de levar o piloto brasileiro. As mais recentes declarações do chefe da equipe, Graeme Lowdon, foi de uma benevolência atípica no canibalesco mundo da Fórmula 1. Contudo, a equipe precisa sobreviver e não dá pra fazer caridade no ‘cirquinho do bom velhinho’.

 

Por sua vez, Luiz Razia também abriu o jogo. Falou de tudo que foi feito ao longo do ano de 2012, sobre ter tentado fechar com a Nega Genii, que demorou para anunciar Romain Grosjean. De como ficou fora do estratosférico ‘leilão’ da Force Índia, de como – e quanto – custou a vaga na Marussia.

 

E o que resta a fazer agora? Juntar os ‘cacos da viola’ e tentar arranjar ‘alguma coisa’ para não ficar parado em 2013. Além disso, certamente é preciso uma melhor assessoria no que diz respeito a parte comercial, porque – na pista – o baiano se garante!

 

Enquanto isso, no balcão do cafezinho...

 

Começou a temporada 2013 da Stock Car. A corrida voltou a ser realizada em um “horário normal de corrida”, ou pelo menos aceitável, saindo daquele terrível horário quase na madrugada de domingo porque “é a hora que o brasileiro está acostumado a assistir corrida”, segundo o povinho da TV aberta, dona do direito de transmissão.

 

A corrida terminou como terminou o campeonato do ano passado, com Cacá Bueno na frente, depois de uma sensacional disputa com três carros nas últimas voltas. O ponto negativo ficou para os pneus, que todos elogiaram ao longo dos dias de treinos.

 

O composto da Pirelli não resistiu ao ritmo dos carros de ais de 1300 Kg e seis pilotos tiveram o traseiro direito furado. A montadora assumiu que durante os testes em Tarumã, que tem na curva 1, uma curva veloz, em descida, pra esquerda, e que é onde será corrida a terceira etapa do campeonato, os pneu apresentaram problemas... e isso foi em novembro!!! Alguém vai ter que pensar em algo... e rápido! Dia 17 a etapa é em Curitiba.

 

Tivemos mai uma rodada da NASCAR neste final de semana, com corridas no oval de 1 milha em Phoenix, no meio do deserto! Na Nationwide, no sábado, Nelsinho Piquet fez uma corridinha burocrática, terminando em 15º. Com os resultados das duas primeiras etapas, tirando os pilotos da Sprint Cup que não pontuam, o brasileiro está em 8º lugar no campeonato, sendo o 2º novato.

 

E assumindo uma falha – minha e tão somente minha – que disse na semana passada que os testes da Fórmula 1 tinham terminado, teve mais uma semana de testes... e quem andou melhor foi a Mercedes. Resta saber se a coisa é real ou não.

 

E a Force Índia finalmente decidiu-se por Adrian Sutil para ser o piloto ao lado de Paul di Resta. Para Jules Bianchi, que era cotado para o lugar e que chegou a andar com o carro em alguns testes, sobrou a vaga de Luiz Razia.

 

Duas semanas sem nenhum ‘factoide’ do bom velhinho... estranho, não?

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva

 

 

 

 

 

 

 

Last Updated ( Monday, 04 March 2013 10:27 )