Eles bem que avisaram... Print
Written by Administrator   
Friday, 05 July 2013 01:21

Caros amigos, a sequência de fatos que ocorreu no ultimo GP da Inglaterra não foi nenhuma surpresa... pelo menos para os mais atentos. 

 

Após os protestos ocorridos na semana seguinte ao GP da Espanha, a Pirelli acenou com a possibilidade de mudança na construção dos pneus em vista dos protestos das equipes – de forma geral – de Bernie Ecclestone , além da FIA – esta de forma mais discreta.

 

Aí veio o tal do “teste secreto” com os carros e pilotos da Mercedes que terminou naquela rodada de pizza lá em Paris... mas até aí nada de realmente prático havia sido feito.

 

Entre os GPs da Espanha e Mônaco, a Pirelli anunciou que faria modificações na construção de seus pneus e que estas seriam introduzidas no Canadá, uma pista que é de conhecimento geral como sendo de grande nível de desgaste.

 

Depois de várias reuniões – e contestações – as modificações ficaram postergadas para a corrida seguinte: o GP da Inglaterra. Neste ínterim, a Pirelli teve um enorme lampejo de sorte, uma vez que no GP do Canadá, a baixa temperatura – não muito comum para a época do ano, acabou contribuindo para a diminuição do desgaste dos pneus. Só que, com os pneus sofrendo um efeito de desgaste menor, evidenciou-se o quanto o carro da Red Bull é superior ao demais. Sebastian Vettel despachou o restante do grid e venceu com enorme vantagem.

 

Entre o GP do Canadá e o da Inglaterra, as discussões continuaram. O problema é que, para se fazer uma mudança no meio do campeonato, é preciso que TODAS as equipes estejam de acordo... e isso não aconteceu! A Ferrari, a Nega Genii e a Force Índia não aceitaram uma mudança nos pneus deste ano por um motivo muito simples: em ritmo de corrida, seus carros sofrem menos problemas que os demais – principalmente a Red Bull e a Mercedes, concorrentes diretos.

 

Em parte, estas equipes não estão erradas. Afinal, era sabido como os pneus se comportavam desde o ano passado e quais eram as perspectivas para este ano. Assim, era preciso se fazer carros que conseguissem lidar com este problema de desgaste que todos sabiam que ocorreria, certo? Tecnicamente, sim. Esportivamente, não!

 

Indignado eu pergunto: que raios é isso, Fórmula 1 ou Rally de Regularidade? Quem “faz” Fórmula 1, quem assiste Fórmula 1 e até mesmo quem não gosta de Fórmula 1 sabe que corrida de carro, em velocidade é feita para que, o melhor conjunto carro/piloto seja o mais veloz e vença! Só que esta “lógica” está na lata do lixo com a atual condição de corrida, uma vez que os carros não podem desenvolver seus verdadeiros potenciais e as mensagens de rádio que todas as equipes tem passado para os pilotos repetem-se, invariavelmente, como um mantra: “save the tyres”!

 

Assim, como veto das mudanças, a Pirelli teve que ir com os seus problemáticos pneus para Silverstone. Uma pista de alta, com curvas longas, onde os carros percorrem algumas a mais de 250 Km/h, forçando ainda mais a estrutura dos compostos. Tinha tudo pra dar errado... e deu! Na verdade, poderia ter sido pior. Assim como no Canadá, a temperatura estava baixa – não tão baixa quanto – mas o desenho de pista trabalharia contra.

 

Foi impossível não lembrar de um desenho animado que assistia quando era criança onde uma pequena motocicleta repetia irritantemente para uma moto destas do filme ‘Easy Rider’: “eu te disse, eu te disse”. E aPirelli alertou a todos sobre os problemas existentes e sobre a necessidade de mudar.

 

O resultado foi explícito quando cinco pneus – todos na posição traseira esquerda – simplesmente desintegraram em ritmo de corrida! Depois da prova, todas as equipes protestaram veementemente contra a Pirelli. Jean Todt, presidente da FIA, convocou Paul Hembery, Diretor Técnico da Pirelli, para uma reunião de emergência na FIA, na quarta-feira, dia 3, diante da crítica situação.

 

É... só que a Pirelli, que falou grosso no julgamento do ‘pneugate’, voltou a defender-se de forma contundente (pra não dizer outra coisa). A “conclusão” da Pirelli após a análise dos dados relativos aos problemas com os pneus no GP da Inglaterra foi que as “falhas” foram causadas por uma série de fatores que incluem a baixa pressão dos compostos, cambagem excessiva, colocação errada dos pneus traseiros e problemas com as zebras do circuito inglês.

 

De acordo com a fábrica italiana, os pneus traseiros foram colocados da maneira incorreta, com os compostos que deveriam ter sido inseridos do lado direito, sendo colocados do esquerdo e vice versa. A Pirelli explica que os pneus desta temporada têm uma estrutura assimétrica, o que significa que eles não foram desenvolvidos para serem intercambiáveis. Isso seria facilmente provável com uma verificação dos pneus que restaram em cada equipe, uma vez que todos são marcados e identificados por posição no carro e por número do carro. Será que é todo mundo burro nas equipes?

 

Além disso, os carros que apresentaram problemas também lançaram mão de uma pressão excessivamente baixa ou fora do mínimo recomendado pela fabricante. Outro ponto apontado pela Pirelli é um uso de ângulos de cambagem extremos. Este problema foi evidenciado no GP dos EUA de 2005, quando os carros que usavam pneus Michelin recusaram-se a largar alegando falta de segurança dos pneus. Na época, a empresa francesa defendeu-se alegando que informara que a pressão nos pneus deveria ser, no mínimo, de 18 libras e algumas equipes chegaram a colocar 6 libras a menos! Quanto à pressão e cambagem, as equipes – desde o tempo dos pneus de pedra – sempre deram um “jeitinho de ‘esticar’ os limites”.

 

O último ponto indicado pela fornecedora de pneus é relativo às zebras do circuito de Silverstone. De acordo com os italianos, as zebras eram particularmente agressivas nas curvas de alta velocidade, como a curva 4, ponto onde aconteceu a maior parte dos problemas no último domingo. Tá... e ninguém viu isso nos treinos durante dois dias? Se viu porque não comentaram? Porque não reclamaram? Aí a Pirelli quis chamar todo mundo de idiota!

 

A Pirelli afirmou que a ‘delaminação’ dos pneus tinha sido único problema identificado antes do GP da Inglaterra, e que o que se viu em Silverstone fora algo completamente diferente. Além disso, reforçou que já havia sugerido uma mudança para os compostos que foram testados no Canadá a partir da etapa inglesa, mas essa solução não foi aceita. 

 

Por conta desta declaração a Pirelli conseguiu aquilo que não obteve para mudar os pneus como planejava: unanimidade. Todas as equipes protestaram duramente contra o comunicado dos italianos! Por conta disso, outra solução teve que ser tentada: um processo diferente de colagem para fixar a banda à carcaça foi aplicado (quem sabe aí está a resposta).

 

Diante da reação das equipes, a Pirelli ‘afinou o discurso’. O diretor esportivo da empresa, Paul Hembery, enviou uma nova mensagem dizendo que está contente com o apoio que tem recebido das escuderias da F1. “Ao contrário da impressão que algumas pessoas tiveram, eu gostaria de destacar a colaboração e o suporte que recebemos das equipes, pilotos, FIA e FOM. De forma alguma quisemos criar argumentos para atacar alguém. Nós assumimos nossa responsabilidade com relação aos problemas que vem acontecendo com a performance dos pneus”.

 

E a Pirelli precisa mesmo do apoio das equipes. Apesar de estar negociando o futuro contrato com o bom velhinho, que nunca dá ‘ponto sem nó’, ela ainda está sob a ameaça velada da FIA, uma vez que Jean Todt já deixou clara a sua “simpatia” pelo retorno da Michelin ao circo da Fórmula 1... e todo mundo sabe muito bem o quanto são nacionalistas estes franceses.

 

Quanto a tal “reunião de emergência da FIA com a Pirelli”, marcada para anteontem (quarta-feira)... rárárá! Como diria o José Simão, de quem sou fã: nada! Se houve ninguém soube, ninguém viu, ninguém noticiou. A mídia mundial é muito incompetente para “esquecer” de um evento de tamanha importância para o futuro do campeonato de automobilismo mais importante do planeta, não é mesmo?

 

Para o GP da Alemanha, duas promessas: uma da Pirelli, de entregar pneus mais resistentes aos esforços que estes possam ser submetidos – o que não quer dizer que o desgaste da banda de rodagem irá diminuir – e assim evitar que os mesmo se despedacem em alta velocidade, colocando a vida dos pilotos em risco... desde que as equipes sigam as recomendações quanto à cambagem das rodas e a calibragem dos pneus, claro. Uma mudança foi feita pela Pirelli: a cinta de aço, que aquecia mais do que devia e aumentava a fragilização dos pneus foi substituída por uma de kevlar, material usado no ano passado. Isso pode significar um passeio da Red Bull sobre a concorrência!

 

A outra veio – surpreendentemente – por parte da GPDA (Who?), que declarou em nota que, caso os pneus apresentem problemas como os vistos em Silverstone, eles farão um boicote à corrida, “retirando-se do evento” uma vez que consideram o problema evitável, uma vez que a corrida terá um pneu de construção diferente do usado na Inglaterra. Agora, com o nível de comprometimento das equipes e dos pilotos com seus patrocinadores, eu DUVIDO que alguém, em caso de um pneu ou dois estourarem entre nos boxes e abandone a prova. As duas vezes que me lembro de ter visto isso acontecer foram com Emerson Fittipaldi, em 1975, no GP da Espanha, e em 1976, com Niki Lauda, no GP do Japão, uma vez que a retirada coletiva de Indianápolis foi uma “recomendação de segurança” da Michelin.

 

Estou torcendo para alguns pneus estourarem pra ver se estes pilotos de hoje tem “bagos” de verdade para encostar os seus carros como estão prometendo. Eu duvido!

 

Enquanto isso, no balcão do cafezinho...

 

Desde quinta-feira passada, quando Mark Webber mandou a Red Bull, seu “consultor” e tudo mais às favas e anunciou que estaria migrando para o Mundial de Endurance em 2014, abriu-se uma ‘dança das cadeiras antecipada’, incluindo o cockpit mais cobiçado dos últimos anos: o da Red Bull. Candidatos não faltam. Todos gostariam de ir para lá, apesar do mala sem alça do Helmut Marko.

 

O nome mais forte é o de Kimi ‘põe mais uma’ Raikkonen, que pilotou no WRC por dois anos com patrocínio da empresa. Caso se consume tal contratação, seria um ‘desprestígio’ com os pilotos da Toro Rosso, Daniel Ricciardo e Jean-Eric Vergne, com uma vantagem atual para o piloto australiano. Todo e qualquer outro pode ser considerado como uma surpresa caso seja contratado. Mas a vaga é tão boa que até o nosso querido Macarroni candidato-se a ela. Como no momento as coisas andam complicadas para seu lado, com praticamente metade dos pontos conquistados pelo ‘dono’ da equipe, melhor é cuidar de sua própria horta do que pensar na do vizinho.

 

Quem não pretende deixar a horta murchar é o chefão do WTCC, Marcello Lotti. Vendo problemas na categoria com a desistência da Volvo – que optou pelo campeonato australiano – e da saída até com modelos não oficiais da BMW, sem falar na saída da Chevrolet no final do ano passado, a categoria fará uma série de mudanças no intuito de aumentar a competitividade.

As corridas terão duração máxima de 60 km de percurso, sem as diferenças para as provas com 50 Km. Não vai ter mais largada lançada (essa deve ser para diminuir o custo da funilaria). A qualificação será em 3 partes, como na F1. Além disso, no que diz respeito aos carros, a potência dos motores poderá chegar a 380 cv (o que afastou a BMW, não disposta a investir nos motores), com o peso mínimo de 1100 Kg para os carros – sem o Balance of Performance (BoP) – que tentava equilibrar o desempenho através do uso de lastros complementares.  A asa traseira poderá ficar até a altura da capota e as suspensões tipo McPherson serão liberadas. Com isso, estima-se que os carros ganhem até mais de 1 segundo em alguns circuitos.

 

Por falar em circuitos, durante as duas semanas anteriores, a mídia esportiva foi bombardeada e sacudida com uma “notícia” de que o Autódromo Internacional de Curitiba havia sido vendido para a construção de um condomínio de luxo em seu lugar. A questão tomou tamanho vulto que “obrigou” – desta vez, porque essa conversa é antiga – o presidente-proprietário do autódromo, Jauvenal Oms, conhecido na cidade como ‘Peteco’ a colocar uma nota no site do autódromo.

 

A nota diz que não existe nenhum plano de desativação e/ou venda do autódromo para que sua área, que sofreu uma grande valorização nos últimos anos, venha a ser negociada. E que, caso isso aconteça, todos os veículos de imprensa serão informados.

 

Tal comunicado deixa em aberto que, caso o proprietário venha decidir vender a área, nada nem ninguém tem ou terá como impedi-lo. Afinal, trata-se de uma propriedade privada. Além disso, existem ações trabalhistas contra um dos antigos criadores do autódromo, o engenheiro Flavio Chagas Lima, nas quais o autódromo foi colocado como meio do pagamento das mesmas, face a falência das empresas do já falecido empresário. Logicamente, perto do valor de área e perto do valor das indenizações, estas não chegam perto sequer um percentual considerável. Jauvenal Oms gosta de automobilismo. Nos últimos anos, a gestão do AIC, sob a tutela de Itaciano Ribas Neto, fez o empreendimento passar a dar lucro, mostrando que o que é bem feito, dá certo. A nós, só resta torcer.

 

A grande cena – para os brasileiros pelo menos – foi ver Emerson Fittipaldi ao volante dessa ‘Lotus Paraguaia’ que veste-se de preto e dourado, no circuito de Paul Ricard. Aos 67 anos, Emerson, que está em ótima forma, entrou no carro sem problemas e acelerou bem. Não foi divulgado nenhum tempo de volta, mas que eu trocava ele pelo Grosjean, eu trocava sem piscar!

 

Um abraço e até a próxima,

 

 

Fernando Paiva