Dentro das opções que os jovens pilotos saídos do kart, buscando uma categoria de Fórmulas para correr e pensando em uma adaptação a este tipo de monoposto antes de tentar uma carreira no exterior, a opção mais estruturada apresenta-se no Rio Grande do Sul com a Fórmula 1.6, que em 2014 passará a se chamar “Fórmula RS”. A categoria está “entrando na maioridade”, com seus 18 anos de existência e depois de alguns percalços ao longo dos anos, parece ter encontrado o caminho do sucesso, sendo uma real poção não apenas para os pilotos do estado e da região, mas de todo o país que busca uma categoria de custo acessível, com quatro opções de circuito para se correr na temporada e uma mistura entre pilotos experientes e kartistas recém chegados. A categoria começou a ser disputada no Rio Grande do Sul utilizando os carros da então extinta Fórmula Ford, que perdeu o apoio da montadora alguns anos antes. Contudo, com o passar dos anos, veio se modernizando e, se hoje não é nenhuma maravilha de top tecnológico, também não ficou presa no passado. Como aconteceu com diversas categorias do automobilismo nacional e regional, a Fórmula 1.6 também viveu suas crises. Criada em 1996, teve seu período de muita empolgação e interesse. Afinal, o Rio Grande do Sul é um dos berços do automobilismo brasileiro e foi justamente esta “empolgação” que quase fez a categoria acabar. Em 2001, com um grid cheio e chamando a atenção da mídia em outros estados, atraindo pilotos que optavam por correr naquela que era uma categoria competitiva e economicamente acessível fez com que os organizadores sonhassem alto e partissem para a organização de um campeonato “Sul-Brasileiro”, inspirados no modelo que, no kart, faz sucesso há um bom tempo. Acontece que para levar os carros para correr em Interlagos, Curitiba e Cascavel os custos aumentaram demasiadamente e isso fez com que muitos dos competidores da categoria ou passassem a correr apenas as etapas gaúchas ou simplesmente se afastassem da categoria, optando por outras formas de se manterem ativos no automobilismo. Os dirigentes da categoria tiveram que repensar o modelo para torná-lo atrativo novamente e reconquistar os pilotos que deixaram a categoria, que voltou a ganhar carros no grid, mas alguma coisa havia se perdido e o maior reflexo disso aconteceu em 2010, justamente depois do aperto da crise financeira que balançou o mundo e atingiu de forma dura o automobilismo como um todo. Naquele ano a categoria chegou a ter provas com apenas seis carros no grid e o risco de que a Fórmula 1.6 encerrasse suas atividades era grande. Foi com a dedicação e o esforço de alguns dos pilotos e preparadores mais antigos que nela corriam (Ismael Toresan, Antonio Graselli, Carlos Giacomello) que conseguiram fazer um trabalho de divulgação na região sul, indo pelos campeonatos de kart que aconteciam pelas cidades, divulgando a categoria e com isso atraíram uma leva de novos valores para a categoria, que no vácuo do alto custo da Fórmula 3 sulamericana e da opção de ir “verde” para a Europa. Em 2011, chegou a ajuda de alguns abnegados da mídia como o jornalista Bernardo Bercht, contando com o apoio do secular jornal Correio do Povo. Através das linhas do blog PitLane, no site do jornal, foi possível criar uma linha de comunicação para as novidades e resultados de provas da Fórmula 1.6. A categoria vem mostrando que é realmente uma escola, capaz de revelar grandes talentos como Matheus Stumpf, que até hoje, sempre que tem uma oportunidade em seu calendário de corridas pelo exterior, alinha o seu carro e “mata a saudade” dos anos de monoposto, acelerando com os veteranos da categoria e com os novos pilotos que nela estão chegando. Para 2014, os organizadores da categoria estão esperando um crescimento no grid, que este ano chegou a ter 22 carros em uma das etapas, mas que veio mantendo uma média entre 18 e 21 bólidos alinhados. Segundo Ismael Toresan, há possibilidades de terem 25 carros para a temporada. Um dos maiores atrativos da Fórmula 1.6 é a relação custo-benefício com o aprendizado. Afinal, o estado do Rio Grande do Sul tem quatro autódromos (Tarumã, Velopark, Guaporé e Santa Cruz do Sul) e o campeonato com suas 8 etapas, percorre todas as pistas do estado, com um custo em torno de 120 mil reais por temporada, incluindo tudo: inscrições, pneus, combustível. Características Técnicas da categoria: Chassi – Minelli / Techspeed / Reynard. Suspensões – Independentes. Amortecedores – Livres, à escolha do competidor. Molas – Livres, à escolha do competidor. Freios – A disco nas quatro rodas, usando as pinças do fusca Embreagem – Original da linha de motores VW AP 1.6/1.8, CHT 1.6 ou AE-1600 sendo livre somente o material de atrito. O conjunto platô deverá ser original sem qualquer retrabalho. Câmbio – Ford, 5 marchas, mas com a 1ª suprimida. Motor – AP 1.6, preparado, com 150cv. Diferencial - caixa de câmbio do Ford Del Rey, com escalonamento exclusivo. Combustível – Etanol. Carroceria – Em fibra de vidro, livre quanto ao desenho, sendo permitida a utilização de aerofólio, spoilers, caixas laterais e fundo plano. Medidas – São há uma restricão expressa, ficando definida pelo modelodo chassi. Peso – Mínimo de 580 Kg (F1.6) chassis Techspeed e Minelli M3 e 565 Kg (F1.6 Light) demais chassis. O peso do monoposto deverá ser conferido ao final da sessão classificatória e ao final das provas, completo de todos os acessórios previstos neste regulamento, com o piloto devidamente trajado, combustível e demais líquidos conforme cruzou a linha de chegada, não sendo permitido adicionar água, óleo ou qualquer líquido, peças ou componentes antes da pesagem. Projeto Fórmula Junior O sucesso do automobilismo regional gaúcho acabou por desencadear um outro processo. Com a iniciativa da Federação Gaúcha de Automobilismo, apoiada pela Confederação Brasileira de Automobilismo, que tinha 16 monopostos – carros de competição do tipo fórmula – parados com o não desenvolvimento do projeto “Fórmula Universitária”. Foi dado início no ano de 2013 uma nova categoria que tivesse por objetivo servir de escola para pilotos recém saídos do kart para o primeiro degrau no seu desenvolvimento como piloto de carros de competição. A proposta da Fórmula Junior é a de atender a demanda formada por jovens pilotos – entre 15 e 21 anos de idade – que queiram seguir careira no automobilismo, proporcionando um campeonato com carros de monoposto de baixo custo, permitindo que eles se desenvolvam e demonstrem suas habilidades com carros de preparação limitada e restrita em seu regulamento. O objetivo é que o talento do piloto se sobressaia ao equipamento, fazendo com que seus participantes consigam se promover e usar a categoria como vitrine. Os monopostos da Fórmula Junior foram desenvolvidos pela Confederação Brasileira de Automobilismo e que já foram testados em outras oportunidades na Fórmula Brasil, Fórmula Universitária e que também foi, anteriormente, chamada de Fórmula Junior. Os carros tem chassis tubular com suspensão independente e utilizam motores Chevrolet com câmbio hewland de 04 marchas. Assim como a Fórmula 1.6, a categoria proporciona aos seus pilotos a oportunidade de conhecer quatro traçados utilizados no automobilismo nacional, com diferentes características e que os colocarão diante de todos os tipos de desafios, mesclando curvas rápidas, retas longas com freadas fortes, curvas com graus elevados de inclinação e contornos precisos. Os autódromos no Estado do Rio Grande do Sul, reservam todas estas emoções Tarumã em Viamão e o Velopark em Nova Santa Rita, localizados na grande Porto Alegre e ainda, Guaporé e Santa Cruz do Sul, no interior do estado. O Campeonato deste ano teve 8 etapas, sendo cada prova com duas baterias de 25 minutos de duração em cada etapa e, além disso, os pilotos tiveram 2 treinos coletivos, fechados aos participantes. Sendo o primeiro no final do mês de fevereiro e o segundo entre a 4ª e 5ª etapas no mês de julho. Outros treinos privados foram permitidos. Os pilotos da categoria utilizaram as estruturas das equipes que hoje preparam os carros da Fórmula 1.6, no Campeonato Gaúcho e que detém um contrato de comodato junto a Federação Gaúcha para a utilização dos carros da Fórmula Junior e assim assessoraram os novos pilotos em sua participação na nova categoria. O Retorno para os patrocinadores dos jovens pilotos da Fórmula Junior pode ser considerado muito bom, uma vez que a categoria está sendo divulgada em diversos veículos de mídia e há também cobertura televisiva através de programas especializados. A categoria conta com uma assessoria de imprensa especializada que durante o campeonato produziu farto material com álbum de fotos das etapas e um banner padrão de identificação de cada piloto para colocação e exposição nos boxes com os seus patrocinadores e os da categoria. Apesar de todo o pacote promocional, o grid foi diminuindo com o passar das etapas. Tendo chegado a 15 carros, mas nas últimas corridas, viu o grid encolher para apenas nove carros. Ainda assim, sendo o primeiro ano da categoria e com seu baixo custo para os iniciantes (menos de 60 mil reais pela temporada completa em 2013), a Fórmula Junior é uma excelente opção como primeiro passo rumo a uma categoria top no mundo dos monopostos. Características Técnicas da categoria: Chassi – Tubular, encapado em Alumínio. Suspensões – Independentes, com balanças, triângulos e push-rods. Amortecedores – Com regulagem fixa para bumping e re-bumping. Molas – Tipo único (Sorteadas a cada etapa pela organização). Freios – A disco, com pinça de 2 pistões e pastilhas modelo padrão. Rodas – Modelo único, layout e off-set padrão medida 7x13. Pneus – Slick 175 VR13. Embreagem – Monodisco seco. Câmbio – Marca Hewland, modelo LD200, 4 marchas a frente e marcha ré, com relações fixas. Motor – 1.4, 8 válvulas original de fábrica com injeção eletrônica. Diferencial – Marca Hewland relação 3.10:1, sem sistema de blocante. Combustível – Etanol. Carroceria – Fibra de Vidro com layout padrão. Medidas – Largura dianteira 1.650mm, traseira 1.660mm, altura 910mm. Peso – 510kg (c/piloto). Agradecimentos: Ao jornalista Bernardo Brecht e ao piloto IsmaelToresman pela hospitalidade e prestação de informações.
|