Normalmente não publicamos editorias com um intervalo de tempo (um mês) tão curto, mas o que pudemos observar no último final de semana, durante o Desafio Internacional das Estrelas, realizado no Kartódromo Internacional de Penha, que é parte do parque Beto Carreiro, nos obriga a apontar o que vimos de errado e convidar o leitor do site a refletir sobre a responsabilidade de se fazer automo-bilismo. A corrida do sábado, que definiria o grid não teve como ser realizada, devido ao volume de chuva que caiu, mas foi possível observar que o sistema de drenagem da pista seria ineficiente mesmo para um volume menor. A curva 1, logo após a largada virou uma lagoa, com a água igualando asfalto, zebra e grama a uma coisa só. Mas foi no domingo, antes da corrida que fui caminhar pela pista para verificar o que estaria levando os karts a saltarem tanto em alguns pontos da pista. Além dos “bumps” visíveis, havia uma série de remendos no asfalto, muito mal feitos, inclusive com um deles soltando partes durante a corrida. Durante a coletiva de imprensa, após a prova, Felipe Massa deixou no ar se o “Desafio” do próximo ano seria ou não realizado no kartódromo do parque e quando me foi passado o microfone, questionei a condição da pista, especialmente os buracos mal tapados em algumas curvas. Felipe preferiu se ater aos “bumps” e disse que era “normal” um kartódromo ter problemas no asfalto (sic). Remendo no Kartódromo (privado) de Penha soltando partes durante o desafio internacional das estrelas. Manutenção inadequada. Acontece que quando o asfalto do kartódromo do Eusébio, no Ceará, desmanchou-se no Campeonato Brasileiro de Kart, choveram críticas à CBA e à federação cearense. Criticas justas, com certeza! Além disso, os problemas no kartódromo de Penha não chegam perto do que foi visto no ano passado. Contudo, telefonei para o Presidente da Comissão Nacional de Kart, Sr. Rubens Gatti para saber qual foi a ação da CBA e do CNK junto a administração do kartódromo quando foram realizar a Copa das Confederações, cerca de um mês atrás. O presidente do CNK informou que os pontos foram vistos e apontados como pontos a ser reparados e que, quando o kartódromo foi construído, no primeiro evento eles tiveram problemas com o asfalto e tiveram que refazer o mesmo, o que acabou por ser responsável pelas grandes ondulações vistas em alguns pontos da pista. Uma das coisas que me surpreendeu foi a colocação dos estrangeiros sobre o assunto, uma vez que levantei a questão em inglês para que Vitantonio Liuzzi e Sebastien Buemi pudesse opinar sobre o assunto. O italiano disse que recentemente, em um evento de kart que participou em Silverstone a pista estava assim também e que isso era “normal em um kartódromo”, no que foi acompanhado pelo suíço. Em diversos pontos, da pista, os remendos eram encontrados e, junto com eles, ondulações perceptíveis a olho nu. Se é assim, tem algo muito errado nisso tudo: os órgãos responsáveis pela fiscalização e regulamentação do esporte – CBA e CNK aqui no Brasil – e no exterior estão sendo negligentes em seu trabalho, expondo os pilotos a riscos físicos de lesões e fraturas nas costelas. Os donos dos kartódromos estão sendo desleixados por não cuidarem do seu patrimônio (o que no caso das administrações públicas é geral em todos os seguimentos) ou então sendo apenas mercantilistas, pensando apenas no ganho e na recuperação do capital investido e por fim, os pilotos, estão sendo lenientes ao concordar se submeter a ir para as pistas em condições precárias. Meu temor vai um pouco além no caso do Kartódromo Internacional de Penha: Um dos planos do parque Beto Carreiro é a construção de um autódromo internacional. Se eles não cuidam do kartódromo, vão cuidar como de um autódromo, que é muito maior e de manutenção muito mais cara? Pior que isso é se a gente começar a pensar na manutenção dos brinquedos do parque... automobilismo é coisa séria e tem que ser tratado – por todos – com a devida seriedade. Abraços, Flavio Pinheiro
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